Falando de Língua Portuguesa
Eu estava conversando com minha filha Nicole, uma linda e muito esperta garotinha, quando esta me falou sobre uma pessoa que havia conversado com ela pelo Zap e que havia cometido um erro terrível, teria escrito "con tido" ao invés de contigo. Eu ri, claro. E até inteirei a ideia dela dizendo "com migo", "con nosco" e por aí vai. Eu também disse a ela que havia infelizmente presenciado uma pessoa escrevendo "de mais" e, pior ainda, "de mas" ao invés de demais. Aí minha esposa ouvindo nossa conversa disse o seguinte:
- Vou pedir para o Nilson - este que vos escreve é o Nilson - para me ensinar essas coisas.
Essas palavras me chamaram a atenção e pensei em como eu poderia ajudá-la e, quem sabe, até outras pessoas. Nesse caso... você? Talvez. Eu espero. Mas preciso dizer que não possuo nenhum tipo de formação na área. Mas diariamente sou responsável por produzir vários documentos para a PMPA, e procuro sempre zelar pelo texto confecciono. Sempre buscando aprender um pouco mais sobre gramatica e redação.
Mas seguindo a ideia de educar e/ou mostrar aquilo que sei sobre a língua portuguesa a minha amada esposa, não sei nem por onde começar. Mas tenho uma ideia, talvez deva começar pelo que ela mais usa no seu dia a dia, assim com vocês.
Então vamos lá.
O VOCATIVO
Primeiro a Definição geral da palavra.
- adjetivo substantivo masculino
- LINGÜÍSTICA
1. diz-se de ou forma linguística us. para chamamento ou interpelação ao interlocutor no discurso direto, expressando-se por meio do apelativo, ou, em certas línguas, da flexão casual.
2. adjetivo que chama, que serve para chamar.
"caso v."
Agora a definição do que realmente ela é.
O VOCATIVO é a pessoa com quem se fala, seja ela real ou mesmo imaginária. Para deixar isso mais claro, vamos aos exemplos, explicando caso a caso.
Casos de Pessoas Reais.
- Maria, que hora você vem?
- Não sei dizer o que aconteceu, Pedro. Ela saiu sem dizer nada. Mas parecia estar muito zangada.
- Gente do Grupo, bom dia.
Casos de Pessoas coisas Imaginárias.
CASOS gerais, ou mais usados, do uso da vírgula
1 - Assinalar o Vocativo.
2 - Assinalar o Aposto.
3 - Assinalar termos explicativos.
4 - Assinalar termos deslocados da oração.
5 - Assinalar comentários.
A GENTE E AGENTE
USO DOS PORQUÊS
PARA, PÁRA, PARÁ
ESTÁ E ESTA
RECORTE... 2020
Fonte: https://www.todamateria.com.br/
Figuras de Linguagem
Figuras de Linguagem, também chamadas de figuras de estilo, são recursos estilísticos usados para dar maior ênfase à comunicação e torná-la mais bonita.
Dependendo da sua função, elas são classificadas em:
- Figuras de palavras ou semânticas: estão associadas ao significado das palavras. Exemplos: metáfora, comparação, metonímia, catacrese, sinestesia e perífrase.
- Figuras de pensamento: trabalham com a combinação de ideias e pensamentos. Exemplos: hipérbole, eufemismo, litote, ironia, personificação, antítese, paradoxo, gradação e apóstrofe.
- Figuras de sintaxe ou construção: interferem na estrutura gramatical da frase. Exemplos: elipse, zeugma, hipérbato, polissíndeto, assíndeto, anacoluto, pleonasmo, silepse e anáfora.
- Figuras de som ou harmonia: estão associadas à sonoridade das palavras. Exemplos: aliteração, paronomásia, assonância e onomatopeia.
Figuras de Palavras
Metáfora
A metáfora representa uma comparação de palavras com significados diferentes e cujo termo comparativo fica subentendido na frase.
Exemplo: A vida é uma nuvem que voa. (A vida é como uma nuvem que voa.)
Comparação
Chamada de comparação explícita, ao contrário da metáfora, neste caso são utilizados conectivos de comparação (como, assim, tal qual).
Exemplo: Seus olhos são como jabuticabas.
Metonímia
A metonímia é a transposição de significados considerando parte pelo todo, autor pela obra.
Exemplo: Costumava ler Shakespeare. (Costumava ler as obras de Shakespeare.)
Catacrese
A catacrese representa o emprego impróprio de uma palavra por não existir outra mais específica.
Exemplo: Embarcou há pouco no avião.
Embarcar é colocar-se a bordo de um barco, mas como não há um termo específico para o avião, embarcar é o utilizado.
Sinestesia
A sinestesia acontece pela associação de sensações por órgãos de sentidos diferentes.
Exemplo: Com aquele olhos frios, disse que não gostava mais da namorada.
A frieza está associada ao tato e não à visão.
Perífrase
A perífrase, também chamada de antonomásia, é a substituição de uma ou mais palavras por outra que a identifique.
Exemplo: O rugido do rei das selvas é ouvido a uma distância de 8 quilômetros. (O rugido do leão é ouvido a uma distância de 8 quilômetros.)
Figuras de Pensamento
Hipérbole
A hipérbole corresponde ao exagero intencional na expressão.
Exemplo: Quase morri de estudar.
Eufemismo
O eufemismo é utilizado para suavizar o discurso.
Exemplo: Entregou a alma a Deus.
Acima, a frase informa a morte de alguém.
Litote
O litote representa uma forma de suavizar uma ideia. Neste sentido, assemelha-se ao eufemismo, bem como é a oposição da hipérbole.
Exemplo: — Não é que sejam más companhias… — disse o filho à mãe.
Pelo discurso, percebemos que apesar de as suas companhias não serem más, também não são boas.
Ironia
A ironia é a representação do contrário daquilo que se afirma.
Exemplo: É tão inteligente que não acerta nada.
Personificação
A personificação ou prosopopeia é a atribuição de qualidades e sentimentos humanos aos seres irracionais.
Exemplo: O jardim olhava as crianças sem dizer nada.
Antítese
A antítese é o uso de termos que têm sentidos opostos.
Exemplo: Toda guerra finaliza por onde devia ter começado: a paz.
Paradoxo
O paradoxo representa o uso de ideias que têm sentidos opostos, não apenas de termos (tal como no caso da antítese).
Exemplo: Estou cego de amor e vejo o quanto isso é bom.
Como é possível alguém estar cego e ver?
Gradação
A gradação é a apresentação de ideias que progridem de forma crescente (clímax) ou decrescente (anticlímax).
Exemplo: Inicialmente calma, depois apenas controlada, até o ponto de total nervosismo.
No exemplo acima, acompanhamos a progressão da tranquilidade até o nervosismo.
Apóstrofe
A apóstrofe é a interpelação feita com ênfase.
Exemplo: Ó céus, é preciso chover mais?
Figuras de Sintaxe
Elipse
A elipse é a omissão de uma palavra que se identifica de forma fácil.
Exemplo: Tomara você me entenda. (Tomara que você me entenda.)
Zeugma
A zeugma é a omissão de uma palavra pelo fato de ela já ter sido usada antes.
Exemplo: Fiz a introdução, ele a conclusão. (Fiz a introdução, ele fez a conclusão.)
Hipérbato
O hipérbato é a alteração da ordem direta da oração.
Exemplo: São como uns anjos os seus alunos. (Os seus alunos são como uns anjos.)
Polissíndeto
O polissíndeto é o uso repetido de conectivos.
Exemplo: As crianças falavam e cantavam e riam felizes.
Assíndeto
O assíndeto representa a omissão de conectivos, sendo o contrário do polissíndeto.
Exemplo: Não sopra o vento; não gemem as vagas; não murmuram os rios.
Anacoluto
o anacoluto é a mudança repentina na estrutura da frase.
Exemplo: Eu, parece que estou ficando zonzo. (Parece que eu estou ficando zonzo.)
Pleonasmo
Pleonasmo é a repetição da palavra ou da ideia contida nela para intensificar o significado.
Exemplo: A mim me parece que isso está errado. (Parece-me que isto está errado.)
Silepse
A silepse é a concordância com o que se entende e não com o que está implícito. Ela é classificada em: silepse de gênero, de número e de pessoa.
Exemplos:
- Vivemos na bonita e agitada São Paulo. (silepse de gênero: Vivemos na bonita e agitada cidade de São Paulo.)
- A maioria dos clientes ficaram insatisfeitas com o produto. (silepse de número: A maioria dos clientes ficou insatisfeita com o produto.)
- Todos terminamos os exercícios. (silepse de pessoa: neste caso concordância com nós, em vez de eles: Todos terminaram os exercícios.)
Anáfora
A anáfora é a repetição de uma ou mais palavras de forma regular.
Exemplo: Se você sair, se você ficar, se você quiser esperar. Se você “qualquer coisa”, eu estarei aqui sempre para você.
Figuras de Som
Aliteração
A aliteração é a repetição de sons consonantais.
Exemplo: O rato roeu a roupa do rei de Roma.
Paronomásia
Paronomásia é a repetição de palavras cujos sons são parecidos.
Exemplo: O cavaleiro, muito cavalheiro, conquistou a donzela. (cavaleiro = homem que anda a cavalo, cavalheiro = homem gentil)
Assonância
A assonância é a repetição de sons vocálicos.
Exemplo:
"O que o vago e incógnito desejo
de ser eu mesmo de meu ser me deu." (Fernando Pessoa)
Onomatopeia
Onomatopeia é a inserção de palavras no discurso que imitam sons.
Exemplo: Não aguento o tic-tac desse relógio.
Resumo das Figuras de Linguagem
Confira na tabela abaixo o que diferencia cada uma das figuras de linguagem, bem como cada um dos seus tipos.
Figuras de Palavras ou semânticas | Figuras de Pensamento | Figuras de Sintaxe ou construção | Figuras de Som ou harmonia |
---|---|---|---|
Produzem maior expressividade à comunicação através das palavras. | Produzem maior expressividade à comunicação através da combinação de ideias e pensamentos. | Produzem maior expressividade à comunicação através da inversão, repetição ou omissão dos termos na construção das frases. | Produzem maior expressividade à comunicação através da sonoridade. |
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Quer uma dica?
Para finalizar, deixamos um macete que vai te ajudar ainda mais no Vestibular e no Enem. Veja esse vídeo produzido pela Universidade Católica Dom Bosco:
Exercícios de Vestibular
1. (UNITAU) No sintagma: “Uma palavra branca e fria”, encontramos a figura denominada:
a) sinestesia
b) eufemismo
c) onomatopeia
d) antonomásia
e) catacrese
2. (Universidade Anhembi Morumbi)
"A novidade veio dar à praia
na qualidade rara de sereia
metade um busto de uma deusa maia
metade um grande rabo de baleia
a novidade era o máximo
do paradoxo estendido na areia
alguns a desejar seus beijos de deusa
outros a desejar seu rabo pra ceia
oh, mundo tão desigual
tudo tão desigual
de um lado este carnaval
do outro a fome total
e a novidade que seria um sonho
milagre risonho da sereia
virava um pesadelo tão medonho
ali naquela praia, ali na areia
a novidade era a guerra
entre o feliz poeta e o esfomeado
estraçalhando uma sereia bonita
despedaçando o sonho pra cada lado”
(Gilberto Gil – A Novidade)
Gilberto Gil em seu poema usa um procedimento de construção textual que consiste em agrupar ideias de sentidos contrários ou contraditórios numa mesma unidade de significação.
A figura de linguagem acima caracterizada é:
a) metonímia
b) paradoxo
c) hipérbole
d) sinestesia
e) sinédoque
Diferença entre Sarcasmo e Ironia
O sarcasmo e a ironia são recursos estilísticos empregados pelos emissores dos textos (orais ou escritos) com o intuito de oferecer maior expressividade ao discurso enunciado.
Eles são utilizados quando o autor do texto pretende oferecer uma maior dramaticidade ao discurso, utilizando, dessa maneira, as palavras em seu sentido conotativo (figurado), em detrimento de seu sentido real, chamado de denotativo.
Embora sejam termos que se aproximem e muitas vezes são empregados como sinônimos, o sarcasmo e a ironia possuem suas peculiaridades. Ambos estão intimamente ligados, entretanto, diferem na intenção estabelecida pelo escritor.
Para o escritor contemporâneo brasileiro Gabito Nunes:
Quando uso o humor como escudo, é ironia. Quando uso o humor como arma, é sarcasmo.
Vale lembrar que o deboche é outro termo que também está relacionado com a ironia e o sarcasmo. No entanto, ele é utilizado no discurso com o intuito de menosprezar ou constranger o receptor da mensagem.
Definição de Sarcasmo
O sarcasmo é um recurso expressivo utilizado, sobretudo, com um sentido provocativo, malicioso e de crítica. Ou seja, ele sempre apresenta um tom provocador, mordaz e de zombaria, que apela ao humor ou ao riso.
Para alguns estudiosos do tema, o sarcasmo corresponde a um tipo de ironia com um teor provocativo.
Exemplo: Sua maquiagem está linda, mas seu rosto é bem mais. (Sarcasmo)
Definição de Ironia
A ironia é a uma figura de pensamento que expressa o oposto do que o autor pretende afirmar. Em relação ao sarcasmo, ela apresenta um tom menos áspero.
Isso porque ela trata de uma contradição do sentido literal das palavras, sendo utilizada de forma mais amena, sutil.
Exemplo: Rosana é tão inteligente que errou todas as questões da prova. (Ironia)
Tipos de Ironia
A ironia pode ser classificada de três maneiras:
- Ironia oral, que expressa a diferença entre o discurso e a intenção;
- Ironia dramática ou satírica, que indica a diferença entre a expressão e a compreensão;
- Ironia de situação que corresponde a diferença existente entre a intenção e o resultado da ação.
Curiosidade
Sarcasmo e ironia são dois termos provenientes da língua grega. A palavra sarcasmo (sarkasmós) significa zombaria, escárnio; enquanto a palavra ironia (euroneia) significa dissimular, fingir.
Meio ou meia: aprenda quando usar
A dúvida existe porque “meio” tem mais de um uso. Atente-se à diferença:
Meio = numeral fracionário. Virá vinculado a um substantivo e concorda normalmente: meia-noite, meia garrafa, meia folha.
Meio = advérbio de intensidade. Virá vinculado a um adjetivo e não se flexiona: meio cansada, meio distraída, meio louca, meio triste.
Para sair de vez da dúvida, pense na palavra muito: se muito não varia, meio também não. Compare:
Ela estava muito feliz.
Ela estava meio feliz.
A mulher era muito rápida.
A mulher era meio rápida.
Embora o sentido seja diferente, o uso é igual e, por isso, serve de comparação. Diga com tranquilidade: “Ela estava meio triste, mas depois ficou muito feliz”. Mas “meia triste” nunca mais.