JAMES SANDMAN



Parte I

UM AMIGO OU UM IRMÃO?

A sala de audiência estava trancada e protegida por dois soldados armados da guarda pessoal do rei. De um lado estava Heilton, um jovem soldado, valente e guerreiro como nenhum outro. Não havia batalha que ele não quisesse participar ou um guerreiro com quem ele não quisesse pelejar. Já do outro lado estava Iasus Camm, um velho sargento das antigas, cansado das batalhas que teve que lutar, mas que detinha uma linha de comando bem direta: aqui quem manda sou eu e vocês vão me obedecer. Desta forma, com essa dupla detentora das grandes características dos maiores guerreiros, o salão estava muito bem guardado e ninguém passaria por eles. Ou, se passasse, teriam que matá-los. Algo que não seria muito fácil. Não mesmo.

Então uma figura conhecida por ambos foi vista aproximando-se. Ambos fizeram uma longa reverência, exibindo suas armas longas, sendo retribuída, e seguida de uma saudação amistosa. A figura, antes de continuar, parou e conversou com eles. Mas logo continuou seu caminho.


Quando James Sandman entrou na sala, pesadas portas de madeira rangeram alto ao serem escancaradas, como se um grande caixão de madeira estivesse sendo arrastado num chão pedregoso, misto a ruído semelhante ao ronco da barriga de um gigante faminto, chamado, assim, a atenção de todos. Ele foi tão imediatamente encarado pelas pessoas ali presente que isso teria incomodado qualquer pessoa, mas não ele, pois não se importava mais com esse tipo de coisa.

O Rei que estava do outro lado da sala, em um trono opulento de ouro, parou o que estava fazendo e olhou-o, depois olhou para o assento ao seu lado, indicando onde ele deveria se sentar. Isso foi engraçado porque esse gesto, na verdade, destinava-se a mostrar aos presentes quem era o homem que acabara de entrar, e não exatamente para Sandman, já que ele sabia muito bem seu lugar, uma vez que ele era o Vice-Rei. O que quer dizer que, na falta do rei, ele não estando no castelo por qualquer motivo que seja, quem mandava era Sandman. Ele seria o rei.

Mas o que talvez tenha chamado a atenção mesmo tenha sido a aparência de James Sandman (além, é claro, dele ter chegado muito atrasado em relação aos demais). Ele era um homem muito alto, o tipo de pessoa que na multidão sua cabeça seria vista em qualquer ponto que ele estivesse; era negro, de pele tão escura quanto uma noite sem estrelas ou como uma rara pedra ônix; e apesar de não lhe ser permitido pelas leis e regras sociais daquela época, vestia um belíssimo manto real, adornado com joias e cores destinadas somente à realeza, eram as mesmas cores que o Rei estava utilizando, e a ninguém mais. Seu peito ostentava um pesado cordão de ouro, onde estava pendurado um pingente no formato de um punho fechado, um símbolo de força, que indicava a autoridade investida a ele pelo rei.

James Sandman, seguido por olhares avessos à sua presença, entrou na sala de queixo erguido e, como havia sido indicado pelo rei, sentou-se ao lado esquerdo dele.

Houve olhares... sim. Todos o encaravam naquele momento. Olhares do tipo quando as pessoas tentam entender o que está acontecendo à sua volta e olham-se na tentativa de achar nos olhos de um vizinho uma resposta que não está lá. Apesar de que tenha ocorrido, também, olhares de puro desdém à estirpe de Sandam - afinal de contas ele era um vassalo, um subalterno, os quais era utilizados apenas em trabalhos braçais no campo, na plantação, e nem mesmo eram usados no castelo.

Mas não Sandman. Ele estava ali.

Ele era especial. Diferente. Claro, isso era óbvio. O rei havia demonstrado isso com um simples olhar. E ninguém jamais entenderia isso. Aquele homem era tão especial que não só trabalhava no castelo, mas era a pessoa mais especial naquele salão. Tanto é que estava ao lado do rei, e não à sua frente como os demais.

Mas por quê? Era isso que os olhares queriam dizer. Por quê? O que ele tinha de especial que o distinguia dos demais de “raça superior”?

Apesar de não gostarem da presença de Sandman, tiveram que tolerá-la, e assim a reunião transcorrer normalmente até o seu fim. Porém, quando todos saíram, o Senhor da Região dos Rios Nervosos, um homenzinho pequeno e de olhar miúdo parecendo uma fuinha, pediu para falar com o rei em particular. Não vendo problemas nisso, o rei aceitou prontamente.
O Senhor dos Rios parecia estar aborrecido com alguma coisa.

(NodesBR. 2017.12)
história sendo atualizada na data abaixo.
(NodesBR. 2022.07)


Parte II 

(esse conteúdo está sendo criado agora mesmo... 24.08.2018)

O rei sentou-se numa cadeira grandiosa e atrás de uma mesa maravilhosa. Era feita de madeira de lei e muito bem trabalhada em detalhes espetaculares. O senhor dos Rios ficou olhando-a por uns segundos, quase não conseguiu sair do transe imposto pela beleza da mesa.

- Muito bela mesmo. Por isso eu a comprei, quando a vi, comprei-a na mesma hora. - Disse o Rei, acordando o Senhor dos Rios.

- Verdade, Senhor Rei. Maravilhosa! - Disse e estacou de novo. 
- Em que eu posso ajudá-lo, caro amigo?

- Majestade... Bem... Sou filho de uma de seus maiores amigos e aliados. Meu pai lhe serviu a seu pai por toda a vida. E eu assumi essa missão com muita honra... - Disse e estacou outra vez.

O rei o olhava, aguardando a continuação.

- Por favor, Meu Rei, não me entenda mal... Como o Sr. Sabe e é obvio para quem entrasse na sala onde estávamos... Somo lordes da região Norte, nascidos e criados neste lugar... E..

Porra, homem estava dando a volta ao mundo para dizer algo que estava levando um mundo de tempo. E talvez nem fosse tão grave assim, uma vez que se fosse realmente grave, de verdade, ele já teria falado de uma vez só.

O rei ergueu a mão, e sem batê-la na mesa, a pôs na mesa calmamente, dando a entender que ele devia parar um momento, pensar e dizer o que tinha de dizer.

- Diga de uma vez, pelo amor de deus. Somos amigos, e o que disse não saira desa sala, nem servira contra você em momento algum, posso lhe garantir. - Disse tentado acalmar a tensão aparente no Sr. dos Rios, para que ele terminasse o que tinha iniciado a falar e que não saia de forma alguma. Algo o impedia.

Sr dos Rios baixou a cabeça e ficou encarando as mãos, como uma criança prestes a revelar para sua a grande merda que fez na maquiagem dela. E continuou.

- Sim, senhor. - Disse de forma assertiva, mas demorou outros segundos até continuar, levando em consideração o que o rei tinha dito a ele, sobre estar em um lugar seguro para dizer o que estava pensando. Mas sentia que poderia, causar um desconforto entre ele, mesmo assim continuou. - Não sei é correto um homem de cor...

Ergueu a cabeça e fitou o rei por uns segundos. Tentando notar como o rei havia reagido à termo "homem de cor". O rei estava impassível. Uma estatua imóvel.

- E usando roupas inadequadas e símbolos fora do padrão. - Disse esperando uma explosão do rei. Algo como um grito alto e um grande soco na mesa, que ressoaria por toda a sala, seguido de um "não se meta em coisas que não são da sua conta, seu bosta. Quem você pensa que você é?". Mas o que veio a seguir foi inesperado, de certa forma, mas correta ao modo do rei, uma vez que ele é um homem calmo e de sangue frio, raramente uma coisa o aborrece a esse ponto.



A

Nas palavras do príncipe...

- Eu já o conhecia muito tempo, mas só o reencontrei depois de muitos anos, quando nós dois já éramos adultos. Eu estava na minha primeira empreitada sozinho, sem meu pai para dizer o que devia ser feito, como comandante de um pelotão. E diferente dele e de outros oficiais, toda noite eu sentava à fogueira com meu soldados e conversa com eles, tentando sentir como eles estavam e saber o que estava acontecendo no campo de batalha que eu não conseguia ver. Eu ainda faço isso quando posso. Não lembro quando foi exatamente o momento, em qual noite, mas lembro de notar a presença de homem do lado de fora do circulo de soldados me observando falar. Logo notei que se tratava de um escudeiro ou cavalariço. Continue a falar com os homens até achar que era suficiente e quando olhei novamente o homem havia se retirado. Levantei e fui atrás dele. Não demorei muito a encontrá-lo. Estava deitado ao lado de uma tenda, no chão. Ainda estava acordado e olhava o seu.

- O que faz aqui fora, meu amigo? Disse puxando conversa.

O homem deu salto e ficou de é em um segundo. Logo fez referência e permaneceu de cabeça baixa. Era algo típico de escravos ou servos de baixa estirpe. Eu pedi que ele me olhasse nos olhos, pois é assim que conheço as intenções de um homem, de cabeça baixa todos podem ocultar o que deseja fazer, mas os olhos nunca mentem.

- Eu não tenho permissão de dormir dentro da tenda. - Disse ele, e continuou - Tenho permissão apenas de dormir perto da tenda, onde é mais quente, pois exala calor que vem de dentro.

- Quem é seu mestre?

- Mestre? - Questionou sem entender se o rei entendia o que ele era - Dono o Sr. quis dizer? - O rei confirmou com o meneio de cabeça - É o Sr. da montanha do sul.

- E por que não pode dormir lá dentro, uma vez que és quem o arma pela manhã e o atende o dia todo, durante as batalhas? 
- Ele diz que sou negro e que posso sujar enxoval de cama.

- Entendo. Não tenho problema com isso, se quiseres, pode dormir na minha tenda. Lá está bem quente.

- Não ousaria fazer isso, senhor. Meu amo me mataria se não me encontrasse aqui deitado pela manhã.

- E aonde ele está agora, sabe me dizer?

- Suponho que na tenda, meu lorde.

O príncipe olhou atrás dele e apontou, fazendo uma pergunta com a cabeça.

- Sim.

- Espere aqui... - Disse sem saber falar o nome do homem a quem se dirigia - Como se chama mesmo?

- James, sr., James.

- Espere aqui, James. Já volto. 
A tenda estava aberta, e como príncipe, não precisou pedir permissão para entrar. Um soldado estava à porta, com um longa espada na mão. Ao ver o príncipe abaixou-a e se curvou.

- Senhor.

- Preciso de seu cavalariço esta noite, Laurêncio. - Disse se dirigindo ao Sr. da montanha do sul. O homem estava deitado numa cama toda coberta com pele de animais. Ao seu lado estava muita comida e seus oficiais puxa-sacos, uma meia duzias deles.

Ele não se levantou, ao contrário de todos os presente, não achava correto um moleque daquele ser o líder só porque era um príncipe e nunca havia comandado nada. Apenas falou.

- Quem, senhor, James, o Lerdo, que está ao lado da tenda? - Disse dando um sorrisinho zombeteiro. - É o pior tipo de gente que o sr. vai querer ter por perto. Ele não faz nada se não for ordenado, e mesmo assim só faz merda. Recomendo que leve Aryon - Disse apontando um cavalariço branco e magrelo que estava a seus pés. - Esse sim é um ótimo...

- Não vim pedir sua opinião, apenas estou lhe informando que James ficará comigo daqui pra frente. Ah, e não precisa se levantar, não dessa vez, pois já me faltou com o respeito mesmo, mas da próxima vez, faça o que lhe é devido. Obrigação. - Disse e se retirou daquele lugar que fedia a gordura e riqueza, era como ter um monte de rico comendo carne de porco, se lambuzando e se limpando com dinheiro. O príncipe não gostou do que viu ali.

Ao passar pela entrada da tenda, passou por James.

- Venha comigo. Deixem que se lambuzem na riqueza. Você não mais passará frio outra vez.

Nunca mais James voltou ou teve que se explicar ao sr. da montanha do sul.

(Contando a parte importante, o restou foi xaropada para chegar até aqui)

Para que você entenda de verdade o que estou tentando lhe dizer, vou contar a principal divida que tenho com esse homem. Na última batalha que ele e eu estivemos juntos, eu fiquei muito ferido, mesmo ele tenho me ajudado, inclusive se ferido para salvar minha vida outra vez. E voltei para casa ainda inconsciente, me disseram depois, e muito fraco, moribundo. Disseram ao meu pai, o Rei Leon, que ainda estava vivo naquela época, que eu não viveria por muito tempo. Meu corpo e minha mente já não tinham mais força e não aguentariam por muito tempo. Eu estava fadado a morte.

Meu pai chamou o maior mago daquela época, ele passou 24 horas trancado comigo no quarto tentando entender e salvar minha vida. Mas ele disse o mesmo que os medicistas daquela época, eu morreria logo. Não havia nada que ele pudesse fazer. Mas meu amigo James Sandaman veio ao quarto assim que o mago disse que poderiam entrar, acho até que ele passou a noite toda à porta esperando pra me ver. E conversou com o mago, lhe perguntou o que estava acontecendo comigo, e principalmente, se havia algo que pudesse ser feito por mim. O mago repetiu o que havia dito ao meu pai. Não havia nada que pudesse ser feito. Meu amigo repetiu a pergunta, não que não tivesse ouvido, mas queria ter certeza do que ele havia dito. O mago dessa vez disse algo diferente. Mas trancou a porta antes.

- Tem uma coisa... Mas... - E ficou olhando meu amigo.

- O quê?

- Só há uma coisa que pode ser feita, e mesmo assim acho que não será capaz de salvar o príncipe.

- O quê?

- Seu amigo está vivo, ainda. Mas sua alma vaga no mundo dos mortos. Na entrada do inferno. Ele aguarda a chegada do final da vida de seu corpo. E as criaturas que ele morto, esperam ansiosas no portal do inferno. - Era obvio que o príncipe iria para o inferno, isso não surpreendeu Sandman, afinal de contas, assim como ele, ele era um guerreiro e haviam matado muitas pessoas. 

- O que devo fazer para salvar meu amigo.

- Ir ao inferno buscá-lo. Só isso. Mas acho que ninguém é capaz de fazer isso, não de ir ao inferno e voltar vivo e ainda trazendo outra pessoa consigo. Impossível.

- Quero tentar.

- Seu louco. Você vai morrer junto com ele. Ele já morreu, como pode ver.

- Deixe-me tentar por favor.

O mago balançava a cabeça negando o pedido. E falo por vários minutos o quanto seria perigoso. Por fim, sentou e encarou outra vez nosso herói. Bateu as mãos nas duas pernas e disse.

- Tudo bem. Vou dizer o que você precisa fazer para tentar salvar o príncipe e se matar tentado, seu maluco.

Sandman Sorriu e meneou a cabeça de forma afirmativa.

- Continue. - Disse saboreando o gosto da vitória.


Parte III

O que deve ser feito. 
Nas palavra do Mago Merlin:

Vou induzir sua morte por algumas hora, mais que isso é muito perigoso e impossível de corrigir. Você terá tempo suficiente para tentar o que tem que fazer.

Assim que morrer, vai surgir em Hell na região dos quase mortos, dos que aguardam seu corpo moribundo falecer. Nesse lugar, vai haver uma multidão de gente morta. Aí você deve procurar o príncipe de forma visual, não o chame pelo nome. Ele vai estar vagando cego na escuridão do inferno. E não será capaz de reconhecer seu nome. Não naquele lugar de dor e sofrimento.

Quando nascer deve seguir a esquerda e pra o centro. Lá haverá uma grande criatura chamada Cérbero. Ele é uma das cabeças do cão que guardam o inferno. Não toque, e se ele passar por você, ou suspeitar de suas intenções ali, ele o devorará, mesmo ainda não estando morto, você deverá correr na direção de onde veio, e gritar muito o seguinte nome: Morte. Repita-o o máximo que for possível. Grite o mais alto que puder. 
Mas antes disso, não diga uma palavra. Afinal de contas mortos ou semi mortos, de verdade, não falam. E se algum dos guardiões suspeitar de alguma coisa, será o fim.

(Como voltei pra cá, para o mundo real - Perguntou Sandman)

Eu já ia chegar nessa parte, homem.
Vou dar-lhe uma vela de Sã Sebastião. Ela é capaz de iluminar o caminho dos mortos quando é acesa, mas não sobrou muito delas, e eu tenho apenas um pequeno pedaço, quase inútil. Mas servirá se você usar somente na volta pra casa. Não a ascenda ante, ou ficará perdido para sempre no mundo dos mortos. E ficará lá sem ter como voltar. Pois você é o único louco que conheço que quer fazer essa viagem.

A vela funcionada da seguinte forma. Quando for acesa lá, que na verdade ela será apenas um reflexo dela neste mundo, ela se ascenderá neste mundo. Bastando somente você seguir o brilho dela no escuro para chegar a este mundo.

Dizendo dessa forma, Sandman, parece até fácil, mas não é. Os poucos que tiveram a coragem de olhar o mundo dos mortos, principalmente nesta parte em que lhe falei, enlouqueceram ou morreram assim que acordaram do transe induzido. Então não temos tantos detalhes de como será sua busca naquele lugar e o que você encontrará pela frente.

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