Buraco - A história de um homem triste




Essa história abaixo é muito triste, ela reflete um período em que estive passando por uma depressão severa, à qual jamais voltei. E não gosto nem de reler esse texto. Mas vi aqui para fazer alguns comentários.
Nesta época eu agia por meio instintos e à base de estímulos externos. E essa á pior maneira que uma pessoa pode viver, isso porque você deixa sua vida na mão dos outros. O correto é você sempre estar consciente de suas ações, bem como de estímulos externos, e por meio de decisões lógicas ser capaz escolher o que é bom para você.
Face ao que foi dito acima, eu nomearia esse conto de:

BURACO - A história de um homem que escolheu ficar triste
ou
BURACO - A história de um homem que se jogou num buraco


Certa vez, um homem feliz caiu em um buraco. (Um tipo da armadilha feita para pegá-lo). Ele caiu e não conseguia sair. Até ouvia pessoas acima dele, na borda, chamando-o e tentando acalmá-lo, (diziam que onde quer que ele estivesse, tudo ficaria bem e que um dia eles o achariam e o trariam de volta). Mas nem sequer conseguiam saber onde ele estava, chegavam ao ponto de passar por cima dele, (sem, no entanto, o encontrarem). Mas devido à queda, ou ao trauma envolvido que ela causou, ele não conseguia responder (para que conseguissem localizá-lo). E ali ele ficou. No escuro. Sofrendo por um longo tempo.

Agora, não mais feliz, ele era um homem triste dentro de um buraco (triste, escuro e frio).

(A cruel escuridão sussurrava em seu ouvido. E, com o tempo, pelo homem fingir não a ouvir, ela começou a gritar. Depois, louca por não ser ouvida, começou a berrar ensurdecedoramente. Ele quase ficou louco. Os gritos eram horríveis. E, no escuro, aquele mundo de vozes, sem haver ninguém por perto, era uma coisa insana em sua cabeça. Mas ele resistiu. E logo as vozes foram diminuindo. Hoje sobraram apenas algumas que ainda silvam pequenos ruídos em seu ouvido. Mas ele não as ouve mais. Ou pelo menos tentar não fazer isso.)

Isso até que um dia, tateando novamente no escuro, ele achou um livro. (E estava num lugar onde já havia procurado inúmeras vezes. Ou seja, não havia como ele estar ali, naquele lugar. Mas estava. Outra coisa muito importante era que ele não tinha como ler) Mas não tinha como ler, devido a imensa escuridão onde se encontrava. (Que era como estar de olhos fechados, num quarto escuro e de vendas). Porém, segurando-se em um pingo de esperança, guardou o livro num local onde futuramente poderia encontrar.

E por mais um tempo, ele continuou a sofrer. Muito. A dor e o frio o consumiam, o destruíam por dentro. Ele pensou em fazer besteira. Mas algo o continha. E outra vez encontrou um item especial. Um item que seria utilizado em conjunto com o primeiro.

Ele achou uma vela. Era usada e bastante consumida e havia somente sobrado uma pequena parte dela. Algo como um pequeno toco. Mas serviria. Ou não. E como ascendê-la? Isso seria outro problema, mas ele iria tentar e conseguir. Ou morrer tentando.

Porém, isso não demorou muito a acontecer. Pois a escuridão, a solidão e a dor eram muito pior que o pequeno sentimento de esperança em ascendê-la. Era um sentimento bom, que o fazia seguir vivendo. Bom.. Certo dia a vela, como num passe de mágica, acendeu-se, não soube dizer como isso aconteceu, pois logo correu para pegar o livro e começar a lê-lo.

Agora tudo pareceu menos ruim (se é que estava correto esse termo, mas foi assim que classificou aqueles dias). O livro foi uma coisa mágica e de muita luz em seu coração. Fê-lo esquecer de onde estava e tudo que estava sentindo. E estar naquele buraco não era mais tão ruim assim.

Um dia quando acabou o livro, a luz da pequena vela se apagou, e o dia se fez surgir. E ele já não estava mais no buraco.

Agora ele era um homem feliz que adorava ler.

Mas, uma vez que esteve no buraco, ele nunca realmente saiu dele. Aquela escuridão toda maculou sua alma, deixou uma noda, como uma noda de caju, a qual você pode até limpar, mas ela nunca sairá realmente.

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