A morte de um inocente

Ainda que eu ande pelo vale da morte, não temerei mal algum, pois tu estás comigo. E a tua vara e o te teu cajado me consolam...

Essa foram as últimas palavras do condenado na cadeira elétrica (a velha faísca).
O capuz na cabeça, as mãos amarradas no braço da cadeira, bem como suas pernas. A vida por um fio. À mercê de um carrasco que sequer olhará seu rosto. Mas o condenado sabe que ele está à sua frente, o encarando embaixo do capuz, e que não hesitará em tirar sua vida assim que a ordem for dada.

Ele logo morrerá.

Ele respira fundo, como que para tomar mais fôlego, como que buscando coragem para continuar com aquilo - morrer.
Ele ouve a primeira ordem: 
- Ligar a um.
Algumas pessoas sussurram:
- É agora.
A segunda ordem é dada:
- Ligar a dois.
Parece que na próxima ele já era.

Ele começa a respirar forçosamente, como se estivesse sem força. Como se estivesse morrendo.
E estava mesmo.

A última ordem é finalmente dada: 
- Ligar a três.
Alguém grita na plateia: 
- Morre, seu filho da puta escroto, morre!!!

Ele sente um tranco elétrico, em seguida sentiu seu corpo retesar. Endurecer.
Outros gritos de euforia foram ouvidos. Gritos de êxtase por sua morte.
E alguns minutos depois o condenado estava morto.
Seu corpo sem vida podia ser visto ali, ainda na cadeira elétrica. Mas a sua alma se foi para longe. Já não pertencia mais a este mundo de dor e sofrimento.
E pela severa condenação que sofrera, ele deveria ter ido para o inferno queimar no fogo eterno.
Deveria.

Mas isso não ocorreu. Sua alma eclode no paraíso celeste, onde ouve as belas palavras de seu anfitrião: 
- Seja muito bem vindo, meu filho amado. Fostes condenado injustamente, sabes disso. Pagaste por algo que não fizeste. Mas serás recompensado aqui no paraíso. Eu te prometo isso.

Depois de ouvir tais palavras ele pôde morrer em paz finalmente.

Postagens mais visitadas