Língua Portuguesa - Sintaxe e Morfologia

Sintaxe



A sintaxe é o estudo da maneira como as palavras se combinam numa oração, quando analisamos a estrutura da frase. Os elementos que compõem a Sintaxe são a Frase, a Oração e o Período. Abaixo vamos entender como funciona cada um deles.

  1. Frase

Frase é um conjunto organizado de palavras que se combinam. Esse conjunto de palavras pode conter uma ou mais orações, englobando diversos elementos. Na Língua Portuguesa, existem cinco tipos de frase, cuja entonação é relacionada ao sentido que exprimem:

Declarativas: expressam declaração ou informação de um juízo a respeito de alguma coisa ou pessoa. Exemplos:

Daniela foi jogar bola.

Vinícius saiu do trabalho.

Interrogativas: expressam pergunta, indagação. Exemplos:

Daniela foi jogar bola?

Queria saber se Vinícius saiu do trabalho.

Exclamativas: expressam admiração, indignação, surpresa, espanto. Exemplos:

Daniela foi jogar bola!

Vinícius está saindo do trabalho!

Imperativas: expressam ordem, pedido. Exemplos:

Daniela, não jogue bola hoje.

Vinícius, saia do trabalho!

Optativas: expressam desejo. Exemplos:

Tomara que Daniela jogue bola!

Deus queira que Vinícius saia logo do trabalho.

Nominais: são frases construídas sem verbo. Exemplos:

Fogo!

Cuidado!

Verbais: são frases construídas com verbo ou locução verbal. Exemplos:

Nossa, como você está lindo!

Corra, que seu ônibus está passando.

    1. Oração

Oração é uma estrutura elaborada em torno de um verbo ou locução verbal e pode ser dividida em oração simples e oração complexa. As orações simples são construídas em torno de apenas um verbo principal. Por exemplo:

Voltei mais cedo do curso.

Já, as orações complexas são formadas de duas ou mais orações, ou seja, mais de um verbo. Por exemplo:

O Negrinho começou a chorar, enquanto os cavalos iam pastando. ” – Simões Lopes Neto

Para não confundirmos frase com oração, precisamos entender que ambas são estruturas semelhantes quando possuem a mesma extensão, quando a frase contém apenas uma oração. É o caso de
"– Que belo serviço você
fez, menino!", é uma frase e também, uma oração.

Mas nem toda frase é uma oração. É o caso de "- Belo serviço o seu, menino!", é uma frase, porém não é uma oração.

E, também, a oração pode ser apenas uma parte da frase e, por isso, não ter sentido, não equivaler a uma frase. Sendo assim, nem toda oração é frase. É o caso de "– Quero / que você cuide da sua mochila, menino!", cada oração é só uma parte da frase.

    1. Período

Período é a frase organizada com uma ou várias orações. Por exemplo:

O vento forte arrancava as árvores do parque. – Frase com uma oração = período

O Período pode ser classificado como Simples e Composto:

  1. Período simples

Formado por apenas uma oração. Exemplo:

Daiana seguia seu caminho sem direção. – Uma oração = período simples

A oração que forma o Período Simples é chamada de oração absoluta, já que é única.

    1. Período composto

Formado por duas ou mais orações.

Bebemos uma cerveja, saímos pela rua e nos abraçamos. – Três orações = período composto

O período termina sempre com um ponto, ponto de exclamação, ponto de interrogação, reticências ou dois pontos.

    1. Sujeito e predicado

Ainda na estrutura da oração, temos dois termos essenciais da oração: o Sujeito e o Predicado.

Sujeito é o termo que represente o ser sobre o qual se diz algo. Ele é apresentado por substantivo ou equivalente de substantivo. Exemplo:

A pequena Aurora brincava feliz com seu unicórnio.

  • Sujeito: A pequena Aurora

  • Verbo: brincava

Existem dois tipos de sujeito: o Sujeito Determinado e o Sujeito Indeterminado.

Sujeito Determinado: quando é possível identificar o termo (palavra ou expressão) que o representa. O Sujeito Determinado pode ser:

- Simples: quando possui apenas um núcleo, ou seja, quando o verbo se refere a um só substantivo, um só pronome, um só numeral, uma só palavra substantivada ou a uma só oração substantiva. Exemplo:

As meninas ficaram na festa até o final.

  • Sujeito Simples: As meninas

  • Núcleo do Sujeito: meninas

  • Predicado: ficaram na festa até o final.

- Composto: quando possui dois ou mais núcleos, ou seja, que possui mais de um substantivo, mais de um pronome, mais de um numeral, mais de uma palavra ou expressão substantivada. Exemplo:

Meninos e meninas jogaram bola naquela tarde.

  • Sujeito composto: Meninos e meninas

  • Núcleo do Sujeito: Menino, meninas

  • Predicado: jogaram bola naquela tarde.

- Oculto: quando o sujeito é identificado apenas pela desinência verbal, onde o termo que representa o sujeito está presente na oração, mas não de maneira explícita. Exemplo:

(Nós) Ficamos na festa até tarde.

Sujeito Indeterminado: quando sua existência é evidente, mas não há nenhum termo que o represente. O verbo não se refere a uma pessoa determinada ou por se desconhecer realmente quem executa a ação, ou por não haver interesse, não querer o seu conhecimento. Para o sujeito Indeterminado, temos dois casos:

- Verbo na 3ª pessoa do plural: acontece em casos em que o sujeito não está determinado em orações anteriores e nem pode ser identificado. Exemplo:

Anunciaram que você morreu. “ – Manuel Bandeira

- Verbo na 3ª pessoa do singular, acrescentando o pronome Se:

“Não se falava dele no Ateneu.” – Raul Pompéia

O pronome Se que acompanha o verbo para indeterminar o sujeito, tem o valor de índice de indeterminação do sujeito.

A oração pode, também, não ter o sujeito, chamada de Oração Sem Sujeito. Não podemos confundi-la com sujeito indeterminado, que existe, mas não é possível ou não se deseja identificar, com a inexistência do sujeito.

Na oração sem sujeito, a oração é formada apenas de predicado. Abaixo, os principais casos de inexistência do sujeito:

- Verbos que exprimem fenômeno da natureza:

Choveu muito essa noite.

- Verbo haver no sentido de existir:

Havia poucos argumentos para o debate ser interessante.

- Verbos haver, fazer e ir, indicando tempo decorrido:

Faz muito calor em Ribeirão Preto.

Predicado é o termo que contém o verbo e representa aquilo que se diz do sujeito. Exemplo:

A pequena Aurora brincava feliz com seu unicórnio.

  • Predicado: brincava feliz com seu unicórnio

  • Verbo: brincava

O Predicado pode ser Nominal, Verbal e Verbo-Nominal. Abaixo, vamos entender sobre cada um deles.

Predicado Nominal: formado por um verbo de ligação + predicativo, o Predicado Nominal informa um estado e contém um verbo não significativo cuja função é ligar o sujeito a uma característica dele. Exemplo:

O calor continuou intenso mesmo depois da chuva.

  • Sujeito: O calor

  • Verbo de ligação: continuou

  • Predicado Nominal: continuou intenso mesmo depois da chuva.

O Predicativo do Sujeito é um termo que fica no predicado, funcionando com seu núcleo. Exemplo:

As atitudes de alguns meninos da sala são maldosas.

  • Núcleo do Sujeito: atitudes

  • Verbo de Ligação: são

  • Predicativo do Sujeito e Núcleo do Predicado: maldosas

  • Predicado Verbal: tem como elemento principal um Verbo Significativo, que são aqueles verbos que dão uma ideia nova para o sujeito. Eles podem ser Transitivos e Intransitivos.

- Verbos Intransitivos: quando a ação está contida no próprio verbo, o verbo sozinho é suficiente para representar a noção predicativa. A ação não vai além do verbo. Exemplo:

Os soldados retornaram.

- Verbos Transitivos: quando as formas verbais precisam de uma palavra para completar o significado. Exemplo:

Valentina precisa de água.

A classificação dos Verbos Transitivos se dá conforme a relação que se estabelece entre o verbo e seu objeto. A partir dessa relação, temos os tipos de verbos transitivos abaixo:

- Verbo Transitivo Direto: é quando a relação entre o verbo e seu complemento é direta, o verbo não precisa do auxílio da preposição e o termo da oração que integra o sentido recebe o nome de Objeto Direto. Exemplo:

Daniel não tem dinheiro.

- Verbo Transitivo Indireto: é quando a relação entre o verbo e seu complemento não é direta, o verbo pede preposição e o termo da oração que completa o sentido do verbo recebe o nome de Objeto Indireto. Exemplo:

Jaqueline necessita de tempo para pensar.

- Verbo Transitivo Direto e Indireto: é quando acontece as duas relações, direta e indireta, possuindo os dois complementos, objeto direto e objeto indireto, ou seja, os verbos precisam, simultaneamente, do objeto direto e do objeto indireto para fazer sentido. Exemplo:

Douglas recebeu elogios da família.

Referência Bibliográfica:

CUNHA, Celso. Gramática do Português Contemporâneo. Belo Horizonte: Bernardo Álvares S. A., 6a ed.1976. 509p.

LIMA, Rocha. Gramática Normativa da Língua Portuguesa. 27 ed. Rio de Janeiro: José Olympio, 1986. 506p.

PASCHOALIN, Maria Aparecida. Gramática: teoria e atividades. 1. Ed. São Paulo: FTD, 2014. 512p.

Texto originalmente publicado em https://www.infoescola.com/linguistica/sintaxe/



Exercícios - Sintaxe

Lista de questões de vestibulares e concursos sobre sintaxe da língua portuguesa.
Ler artigo
Sintaxe.

Exercício 1:

(UFMG) Indique a alternativa em que a função não corresponde aos termo em destaque:


Comer demais é prejudicial à saúde.
(complemento nominal)

Jamais me esquecerei de ti.
(objeto indireto)

Ele foi cercado de amigos sinceros.
(agente da passiva)

Não tens interesse pelos estudos.
(complemento nominal)

Tinha grande amor à humanidade.
(objeto indireto)


O exercício pede para marcarmos a alternativa em que o termo em destaque não corresponde à classificação entre parênteses. A resposta correta é a letra E - Tinha grande amor à humanidade. (objeto indireto).

Neste caso, o termo “à humanidade” não é objeto indireto, pois não está complementando um verbo transitivo indireto. É complemento nominal da palavra "amor".

Nas demais frases, o termo em destaque está analisado de maneira correta.

Exercício 2:

Considere os seguintes trechos:

I – Muda a água.
II – Mudam a comida e o idioma.
III – Só não muda o número do seu telefone.

Assinale a(s) proposição(ões) corretas:


No trecho I, “a água” tem a função de objeto direto.

No trecho II, o verbo “mudar” concorda com seu sujeito, que são os vocábulos “a comida e o idioma”.

O sujeito do trecho II é composto.

No trecho III, classificamos o sujeito como oculto.

Nos trechos I e II, o predicado é nominal.

O trecho III, na ordem direta, seria da seguinte forma: “Só o número do seu telefone não muda”.


Nesta questão, devem ser marcadas as proposições corretas acerca das três frases apresentadas: “I – Muda a água”, “II – Mudam a comida e o idioma.” e “III – Só não muda o número do seu telefone”.

As proposições que devem ser marcadas são:

2) No trecho II, o verbo “mudar” concorda com seu sujeito, que são os vocábulos “a comida e o idioma”.

4) O sujeito do trecho II é composto.

32) O trecho III, na ordem direta, seria da seguinte forma: “Só o número do seu telefone não muda”.

A frase 1) está incorreta, pois a função do termo “a água” é “sujeito” e não objeto direto.

A frase 8) está incorreta, pois no trecho III não classificamos o sujeito como oculto, pois ele é explícito: “o número do seu telefone”.

A frase 16) está incorreta pois tanto no trecho 1 quanto no trecho II o predicado é verbal e o núcleo é a forma verbal “muda”.



  1. Adjunto adnominal



Por Denyse Lage Fonseca

Especialista em Planejamento, Implementação e Gestão da Educação a Distância (UFF)
Graduação em Letras (Fundação Comunitária de Ensino Superior de Itabira, FUNCESI)



De acordo com Cunha e Cintra (2008, p. 164), o adjunto adnominal é o termo de valor adjetivo que serve para especificar ou delimitar o significado de um substantivo, qualquer que seja a função deste. Como o próprio nome sugere, ele acompanha o nome, ou seja, o substantivo. É importante frisar que o adjunto adnominal tem valor acessório na construção das orações. Isso significa que, ao se juntar ao nome, ele acrescenta dados novos, porém dispensáveis à compreensão dos enunciados. Para a identificação das finalidades do adjunto em foco, sugere-se a leitura de trecho do romance Menino de engenho, do escritor paraibano José Lins do Rego:

João Rouco vinha com três filhos para o eito. A mulher e os meninos ficavam em casa, no roçado. Com mais de setenta anos, aguentava o repuxo todo, como o filho mais novo. A boca já estava murcha, sem dentes, e os braços rijos e as pernas duras. Não havia rojão para o velho caboclo do meu avô. Não era subserviente como os outros. Respondia aos gritos do coronel José Paulino, gritando também. Talvez porque fossem da mesma idade e tivessem em pequeno brincado juntos.

Esse trecho do romance ocupa-se de nos contar um pouco da rotina de trabalho de João Rouco, bem como de descrevê-lo fisicamente. Trata-se de um homem, com invejável vigor físico no auge de seus mais de setenta anos, que trabalha de forma braçal como se fosse o seu filho caçula. Em A boca já estava murcha, sem dentes, e os braços rijos e as pernas duras, perceba que os adjetivos murcha e sem dentes (desdentado) foram empregados para caracterizar a boca do personagem, ao passo que rijos definem os seus braços e duras, as suas pernas. Ao acompanharem os nomes (os substantivos), os adjetivos funcionam como “adjuntos adnominais” no contexto dos enunciados.

Além da forma adjetiva, o tipo de adjunto em questão pode vir expresso por meio do artigo (definido e indefinido), como em:



A mulher e os meninos ficavam em casa, no roçado.

Os artigos grifados definem os integrantes da família de João Rouco. Diferentemente, se fosse dito “Uma mulher...”, pois o artigo “uma” não definiria que se tratava de sua mulher.

Os numerais também podem funcionar como adjuntos adnominais:

  • João Rouco vinha com três filhos para o eito.

  • Com mais de setenta anos, aguentava o repuxo todo [...].

O primeiro numeral cardinal, em destaque, especifica a quantidade de filhos do João Rouco, enquanto o segundo, a idade que ele possui.

Veja, a seguir, outras maneiras pelas quais os adjuntos adnominais podem vir expressos:

1. Locução adjetiva

(Entende-se “locução” como a junção de duas ou mais palavras que compõem um significado único):

A pobre jovem sempre dizia que a sua vida estava sem cor.

A locução em evidência corresponde ao adjetivo “descolorida”, utilizado como metáfora para se referir à vida sem expressividade da jovem.

2. Pronome adjetivo

  • A minha atual casa pertencia à família de meu amigo de infância.

  • O nosso objetivo é garantir a sua segurança.

3. Oração adjetiva

  • Aquela senhora, que vende doces deliciosos, mudou-se de endereço.

  • Aquele é o rapaz que beijei.

É pertinente elucidar que um mesmo substantivo pode estar interligado a mais de um adjunto adnominal:

  1. "A minha vontade é trabalhar como redatora." O substantivo “vontade” é acompanhado do artigo definido “a” e do pronome adjetivo “minha”.

  2. "Quando cheguei ao evento, ele me olhou com um belo sorriso." O artigo indefinido “um” e o adjetivo “belo” foram empregados para precisar como foi o sorriso do rapaz para mim.

Para finalizar: O adjunto adnominal une-se a um nome (substantivo), com o intuito de precisar o seu significado. Contudo, vale reiterar que se trata de um termo acessório, visto que a sua presença é dispensável para a compreensão do enunciado.

Referências:
CUNHA, Celso; CINTRA, Luís F. Lindley. Adjunto Adnominal. In: ___
Nova gramática do português contemporâneo. 5.ed. Rio de Janeiro: Lexikon, 2008, p. 164-165.

REGO, José Lins do. Menino de Engenho. Rio de Janeiro: José Olympio, 2005.

Texto originalmente publicado em https://www.infoescola.com/portugues/adjunto-adnominal/





  1. Exercícios - Adjunto adnominal

Lista de questões de vestibulares e concursos sobre os adjuntos adnominais.
Ler artigo
Adjunto adnominal.

Exercício 1:

Assinale a alternativa em que o adjetivo grifado funciona como adjunto adnominal.


Homem FELIZ é aquele que ama o próximo.

Sempre que a via, sentia-me bastante FELIZ.

Todos afirmavam que era muito FELIZ.

A carta do amigo deixou-o bastante FELIZ.

O jovem inteligente considerava-se APTO para o trabalho.


A alternativa que deve ser marcada é a letra A - “Homem FELIZ é aquele que ama o próximo”. Nesta frase, a palavra FELIZ assume a função de adjunto adnominal, pois está junto do nome (homem) para adicionar a ele uma característica (feliz).

Nas letras B e C, a palavra FELIZ exerce a função de PREDICATIVO DO SUJEITO, pois se refere ao sujeito de cada frase (eu, ele/ela) que está oculto.

Na letra D, FELIZ é o PREDICATIVO DO OBJETO, pois se refere ao objeto direto que, neste caso, é o pronome oblíquo “O” em “deixou-o bastante feliz”.

Na letra E, o adjetivo APTO se refere ao sujeito “o jovem inteligente”, exercendo, portanto, a função de PREDICATIVO DO SUJEITO.

Exercício 2:

(UFSE) Identifique a alternativa em que todos os dois termos destacados têm a função de adjunto adnominal.


As funcionárias estavam absolutamente impossibilitadas de reagir.

Traga-o até aqui, com todas as bagagens.

Belíssimas gravuras foram vendidas por eles.

Eles chegaram muito tarde e jantaram sozinhos.

Os pareceres dos técnicos lhe foram plenamente favoráveis.


A resposta do exercício é a letra E, onde os termos destacados “Os” e “dos técnicos” são adjuntos adnominais do substantivo “pareceres”.

Na letra A o termo destacado “as” é adjunto adnominal, porém o termo “impossibilitadas” é predicativo do sujeito.

Na letra B, o pronome oblíquo “o” é objeto direto, o que já invalida a alternativa, embora os termos “todas” e “as” exerçam a função de adjuntos adnominais.

Na letra C, o termo “belíssimas” é adjunto adnominal do substantivo “gravuras”, porém o termo “eles” exerce a função de “agente da passiva”.

Por fim, na letra D, o termo “muito” se refere ao adjetivo “tarde”, intensificando-o, o que quer dizer que se trata de um adjunto adverbial de intensidade; já o adjetivo “sozinhos” exerce a função de predicativo do sujeito “eles”.

Exercício 3:

(UFSC) Observe os períodos abaixo e assinale a alternativa em que o lhe funciona como adjunto adnominal:


“... anunciou-lhe: Filho, amanhã vais comigo.”

O peixe cai-lhe na rede.

Ao traidor, não lhe perdoaremos jamais.

Comuniquei-lhe o fato ontem pela manhã.

Sim, alguém lhe propôs emprego.


A resposta para esta questão está na letra B, pois é a única alternativa em que o “lhe” indica posse, podendo ser trocado por “O peixe cai na rede dele”, onde “dele” seria adjunto adnominal.

Na letra A, o “lhe” pode ser substituído pela expressão “a ele”, assumindo, pois, a função de objeto indireto. Nas outras três alternativas, o pronome oblíquo “lhe” exerce esta mesma função - objeto indireto - pois os verbos aos quais ele está complementando são verbos transitivos indiretos: propor (a ele), comunicar (a ele), perdoar (a ele).



  1. Adjunto adsentencial



Por Denyse Lage Fonseca

Especialista em Planejamento, Implementação e Gestão da Educação a Distância (UFF)
Graduação em Letras (Fundação Comunitária de Ensino Superior de Itabira, FUNCESI)



Os adjuntos adsentenciais, conforme o prefixo de origem latina “ad” sugere, realizam a aproximação ou a junção de sentenças. Os referidos adjuntos modificam todo o sentido da sentença a que se unem e, não apenas, o sentido do verbo. Observe o funcionamento deles neste texto elaborado pela autora deste artigo:

Na manhã daquele sábado, o celular de Rafael tocou... Era Jonathan, seu amigo de infância e aventura. Depois de alguns minutos de bate-papo, Rafa respondeu-lhe: “Combinado, sairemos ao entardecer”. O destino dos amigos era uma região onde se localizava uma deslumbrante cachoeira, perto da qual acampariam. Juntaram todos os utensílios necessários, guardando-os nas mochilas. Caminharam, entusiasticamente, cerca de quatro quilômetros. Ao chegarem lá, a primeira coisa que fizeram foi contemplar as quedas d’água... Quando já iam dar início à montagem das barracas, eis que os jovens escutaram um rugido. Olharam-se apavorados e saíram correndo... “Haveria um leão naquele lugar?” Improvável, pensaram... Afinal, nunca haviam encontrado com um anteriormente... Nunca haviam cogitado a presença de uma visita, diga-se de passagem, indesejável... O rugido só aumentava... O coração saltando ao peito! Foi, então, que subiram em uma árvore, fixando-se no galho mais alto que conseguiram alcançar. Horrível aquela situação! De lá de cima, viram o leão passando a certa distância de onde estavam. O coração gelou! Mas, para o alívio dos rapazes, o felino seguiu adiante...

O texto acima relata o dia em que Rafael e Jonathan se dirigiram a uma região, onde havia cachoeira, com o intuito de fazer acampamento. A referida aventura foi confirmada pelo telefone “Combinado, sairemos ao entardecer.”. O verbo “combinado”, flexionado no particípio, é concebido como um adjunto adsentencial, visto que o seu emprego não modifica apenas a ideia do verbo “sairemos”, mas a ideia de toda a sentença.

Veja outras situações em que os adjuntos adsentenciais se fazem presentes na progressão das ações que compõem o texto:

“Olharam-se apavorados e saíram correndo.”.

O adjetivo “apavorados” funciona como adjunto adsentencial porque a ideia por ele expressa modifica o verbo “olharam-se”, especificando-o e modifica a locução verbal “saíram correndo”, indicando a causa da ação. Sob esse prisma, estabelece o elo entre as sentenças.

“Havia um leão naquele lugar? Improvável, pensaram...”.

Aqui, o adjunto adsentencial “Improvável” (na forma de adjetivo) é utilizado para especificar em que os rapazes pensaram, acerca da possibilidade da presença de um leão no local, compondo a resposta ao questionamento feito na sentença anterior.

“Horrível aquela situação!”

O adjetivo “horrível” funciona como adjunto adsentencial, pois especifica “aquela situação”, que por sua vez retoma ao contexto textual, no qual se explica qual é a situação horrível de que se fala: a possibilidade da presença de um leão naquela região.

Para encerrar: O adjunto adsentencial une as sentenças, objetivando modificar o sentido inerente a elas. O conhecimento do funcionamento dos adjuntos em questão é imprescindível para a identificação dos elos estabelecidos entre as sentenças que compõem um texto.

Referências:

CASTILHO, Ataliba T. de. Adjuntos adsentenciais. In: ___ Nova Gramática do português brasileiro: tradição e ruptura. São Paulo: Contexto, 2010, p. 311.

___ Adjetivo como adjunto adsentencial. In: ___ Nova Gramática do português brasileiro: tradição e ruptura. São Paulo: Contexto, 2010, p. 518.

Texto originalmente publicado em https://www.infoescola.com/portugues/adjunto-adsentencial/



  1. Adjunto adverbial



Por Denyse Lage Fonseca

Especialista em Planejamento, Implementação e Gestão da Educação a Distância (UFF)
Graduação em Letras (Fundação Comunitária de Ensino Superior de Itabira, FUNCESI)



Segundo Cunha e Cintra (2008, p.165), o adjunto adverbial é, como o nome indica, o termo de valor adverbial que denota alguma circunstância do fato expresso pelo verbo, ou intensifica o sentido deste, de um adjetivo, ou de um advérbio. Vale ressaltar que o emprego do adjunto adverbial tem valor acessório, isto é, não é indispensável para a compreensão do enunciado. Para estudá-lo, recomenda-se a leitura deste trecho do romance Esaú e Jacó, escrito por Machado de Assis.

Com efeito, as duas senhoras buscavam disfarçadamente o número da casa da cabocla, até que deram com ele. A casa era como as outras, trepada no morro. Subia-se por uma escadinha, estreita, sombria, adequada à aventura. Quiseram entrar depressa, mas esbarraram com dois sujeitos que vinham saindo, e coseram-se ao portal. Um deles perguntou-lhe familiarmente se iam consultar a advinha. (p.14).

A primeira ação é expressa pelo verbo buscavam. Observe que o termo disfarçadamente acompanha esse verbo, indicando o modo com o qual as duas senhoras buscavam o número da casa da cabocla. A esse termo, dá-se o nome de “adjunto adverbial”, que pode ser representado por:

  1. Advérbio: como no exemplo anterior e também em
    [...]
    perguntou-lhe familiarmente [...].
    Nesse caso, revela-se o modo com que o sujeito perguntou às senhoras.

  2. Locução adverbial
    (Entende-se por locução a junção de duas ou mais palavras que constituem um significado único):
    [...]
    casa da cabocla [...]
    Trata-se de uma locução indicadora do
    lugar para onde as personagens intencionam ir.

  3. Oração adverbial:
    Subia-se por uma escadinha, estreita, sombria, adequada à aventura.
    A referida oração adverbial designa o lugar por onde se passava para chegar à casa da advinha.

Em sequência, serão apresentados outros tipos de Adjuntos Adverbiais:

a) Adjunto adverbial de dúvida:

  • Talvez o nosso filho chegue hoje de viagem.

  • Provavelmente, os problemas serão solucionados este ano.

b) Adjunto adverbial de intensidade:

  • Ela está bastante ansiosa para o seu casamento.
    (Nesse caso, o adjunto sublinhado intensifica o sentido do adjetivo “ansiosa”.)

  • Os arquivos foram muito bem organizados.
    (Já nesse exemplo, o adjunto destacado intensifica o sentido do advérbio “bem”.)

c) Adjunto adverbial de instrumento:

  • Aquela professora prefere corrigir as provas com caneta de tinta preta.

  • Ele construiu a tenda com bambus.

d) Adjunto adverbial de meio:

  • Fomos de ônibus para acompanharmos o “Fórum das Letras”, em Ouro Preto.

  • Aos domingos, ele sempre percorre a estrada de bicicleta.

e) Adjunto adverbial de causa:

  • Não irei à faculdade hoje porque estou com forte dor na cabeça.

  • Eu me atrasei para o trabalho por causa do acidente que interditou a rodovia.

f) Adjunto adverbial de companhia:

  • Fui ao supermercado com os meus pais.

  • Eu frequentarei a academia com o meu amigo.

g) Adjunto adverbial de finalidade:

  • No fim de semana, ele foi à cidade de Congonhas para rever os amigos de infância.

  • Matheus foi à casa de Luís para contar-lhe o que aconteceu.

h) Adjunto adverbial de negação ou de afirmação:

  • De modo algum, ele será demitido do escritório de Contabilidade.

  • Realmente, os documentos não se encontram aqui.

i) Adjunto adverbial de tempo:

  • Aquele jovem trabalhou na oficina durante três anos.

  • Às dezenove horas, haverá a festa junina na quadra da escola.

Para concluir: Em geral, utiliza-se o adjunto adverbial para indicar, conforme necessidade do ato comunicativo, as circunstâncias em que ocorreu o fato verbal. Vale ressaltar que ele também é empregado com o intuito de intensificar o sentido de um verbo, adjetivo ou advérbio.

Referências:

ASSIS, Machado de. Esaú e Jacó. In: Coleção Grandes Mestres da Literatura Brasileira, n.19. São Paulo: Escala, p. 14.

CUNHA, Celso; CINTRA, Luís F. Lindley. Adjunto Adverbial. In: ___ Nova gramática do português contemporâneo. 5.ed. Rio de Janeiro: Lexikon, 2008, p. 165-169.

Texto originalmente publicado em https://www.infoescola.com/portugues/adjunto-adverbial/

  1. Agente da passiva



Por Daniele Fernanda Feliz Moreira

Mestre em Ciências Humanas (CEFETRJ, 2014)
Especialista em Linguística, Letras e Artes (CEFETRJ, 2013)
Graduada em Letras - Literatura e Língua Portuguesa (UFRJ, 2011)



Para se compreender o que é agente da passiva, é preciso entender primeiro o que chamam de voz nos estudos linguísticos. Voz é uma das características do verbo, definida pela relação entre o sujeito gramatical (aquele com o qual o verbo concorda) e o papel de agente ou de paciente do processo verbal. E essa característica, a voz verbal, é capaz de alterar a forma e a posição dos termos da oração.

Basicamente, uma oração na voz ativa é aquela que apresenta verbo na forma de voz ativa e estabelece concordância com sujeito gramatical, que exerce papel de agente da ação descrita pelo verbo; e o papel de paciente fica a cargo do complemento objeto do verbo. A título de exemplo, podemos observar a oração “Pedro limpou a janela”, que tem “Pedro” como elemento que exerce função sintática de sujeito gramatical (termo com o qual o verbo concorda) e assume papel temático de agente do processo verbal (aquele que realiza a ação descrita pelo verbo); o verbo “limpou” na forma de voz ativa; e o termo “a janela” como elemento que exerce função sintática de objeto direto do verbo e assume papel temático de paciente.

Em oposição, uma oração na voz passiva é aquela que apresenta verbo na forma de voz passiva e estabelece concordância com o sujeito gramatical, mas que exerce papel temático de paciente e não de agente, como na voz ativa. O papel temático de agente do verbo na voz passiva fica a cargo do termo a que chamamos Agente da Passiva. Tomemos como exemplo a oração do exemplo anterior alterada somente a voz verbal: “A janela foi limpa por Pedro”, em que temos o termo “A janela” como elemento que exerce função sintática de sujeito gramatical, mas que assume papel temático de paciente (o elemento que sofre a ação descrita pelo processo verbal); o verbo na voz passiva (com uso de“ser” como verbo auxiliar, que se encarrega de receber as desinências de tempo-modo e de número-pessoa, seguido pelo verbo principal no particípio passado); e o termo “por Pedro”, que é de fato o elemento que nomeia quem efetivamente executa a ação descrita pelo verbo, é quem assume papel temático de agente do processo verbal, porém, não é o sujeito gramatical da oração, por isso, chamado Agente da Passiva.

É importante notar que a forma do particípio passado pode ter mais de uma forma, são particípios de verbos chamados abundantes. E a forma usada na construção de voz passiva pode não ser a forma regular. De modo geral, tradicionalmente, as gramáticas descrevem a forma do particípio passado de verbos abundantes subdivida entre particípio regular (aquele terminado em -ado com verbos de primeira conjugação “falado, cantado, caminhado” ou -ido com verbos de segunda e de terceira conjugações “varrido, bebido, partido, ido”) e particípio irregular “aceito, entregue, expulso, coberto, dito, escrito”. A orientação das gramáticas tradicionais para verbos que possuem duas formas de particípio passado, uma regular e outra irregular (prender – prendido/preso; acender – acendido/aceso; matar – matado/morto), é a de usar a forma de particípio regular para a formação de tempos passados (como pretérito mais que perfeito “O rapaz já havia matado sua sede nas águas do rio”) e usar o particípio irregular na formação da voz passiva (“A vela foi acesa para o jantar”).

Texto originalmente publicado em https://www.infoescola.com/portugues/agente-da-passiva/


  1. Exercícios - Agente da passiva

Lista de questões de vestibulares e concursos sobre a Agente da Passiva.
Ler artigo
Agente da passiva.

Exercício 1:

Assinale a alternativa onde o sujeito não foi corretamente grifado.


Um pressentimento terrível tomou conta de todos.

Nenhum colega meu esteve na festa.

De vez em quando, novos interessados se apresentavam.

Todas as cartas estavam sobre a mesa.

Carolina chorava compulsivamente.


O exercício pede para ser assinalada a alternativa em que o termo marcado em negrito não exerce a função de sujeito da frase.

A alternativa que responde a esta questão é a letra A - “Um pressentimento terrível tomou conta de todos”.

O termo grifado “todos”, na verdade é complemento nominal do substantivo “conta”.

Quanto às demais alternativas, os termos “colega”, “novos interessados”, “todas as cartas” e “Carolina” assumem função de sujeito em suas respectivas frases.

Exercício 2:

Assinale o item que não apresenta agente da passiva.


A casa foi alugada pelo novo proprietário.

A água descia pelas ruas com violência.

As aves foram atacadas pela raposa.

A cidade será beneficiada pelo novo decreto.


O agente da passiva é o termo que exerce a ação verbal sobre o sujeito. No caso das alternativas apresentadas, podemos encontrar este termo nas letras A, C e D:

Letra A: “A casa foi alugada pelo novo proprietário”. A ação é de “alugar” e o sujeito é o termo “a casa”. O agente da passiva, portanto, é o termo “o novo proprietário”.

Letra C: “As aves foram atacadas pela raposa”. A ação é de atacar, e o sujeito é o termo “As aves”. O sujeito, pois, não está praticando a ação de atacar, e sim sofrendo esta ação. O termo que indica quem está praticando esta ação sobre o sujeito é o agente da passiva, “a raposa”.

Letra D: “A cidade será beneficiada pelo novo decreto”. Assim como as duas alternativas acima, esta também está na voz passiva, e o sujeito - “A cidade” - sofre a ação. O Agente da passiva, neste caso, é “o novo decreto”.

A alternativa que deve ser marcada é a letra B: “A água descia pelas ruas com violência”, pois está na voz ATIVA, e o sujeito “A água” pratica a ação de “descer”. Não existe, nesta frase, portanto, o agente da passiva.

Exercício 3:

Assinale a opção em que o termo em destaque tem a função de agente da passiva.


A casa foi alugada para os estudantes.

Os móveis e as casas foram levados pela correnteza.

Seriam cantadas novas canções.

Comprei meu jeans favorito pela metade do preço.

O grupo de jovens voltou para casa pelo caminho mais longo.


Nesta questão, a alternativa que contém o termo destacado exercendo a função de agente da passiva é a letra B: “Os móveis e as casas foram levados pela correnteza”. Nesta frase, o termo “a correnteza” é o agente da ação de “levar” que está sendo praticada sobre o sujeito “os móveis e as casas”.

Na letra A a frase está na voz passiva, mas o termo destacado “para os estudantes” não é o agente da ação de “alugar”.

Na letra C, o termo destacado “novas canções”, embora esteja no final da frase, é o sujeito da voz passiva, pois ele sofre a ação, indicada pela locução verbal “seriam cantadas”.

N letra D, o termo destacado “pela metade do preço” não é agente da ação “comprar”. A frase, na verdade, está na voz ativa, e o sujeito está oculto: eu. O termo destacado exerce a função de adjunto adverbial.

Na letra E, o termo destacado “pelo caminho mais longo” também não poderia ser o agente da passiva, já que a frase está na voz ativa e quem pratica a ação verbal de “voltar pra casa” é o sujeito “o grupo de jovens”. O termo destacado exerce, na verdade, a função de adjunto adverbial.


  1. Ambiguidade

Por Emerson Santiago


Ambiguidade ou anfibologia é o nome dado, dentro da linguística na língua portuguesa, à duplicidade de sentidos, onde alguns termos, expressões, sentenças apresentam mais de uma acepção ou entendimento possível. Em outras palavras, ocorre quando, por falta de clareza, há duplicidade de sentido da frase. Apesar de ser um recurso aceitável dentro da linguagem poética ou literária, deve ser na maioria das vezes, evitado em construções textuais de caráter técnico, informativo, ou pragmático.

A palavra tem origem no latim “ambiguitas”, que possui significado similar ao vocábulo no português: incerteza, equívoco. Ao contrário das figuras de linguagem, que são ferramentas à disposição do usuário da língua, e que dão realce e beleza às mensagens emitidas, a ambiguidade é colocada no grupo das espécies de vícios de linguagem. Os vícios de linguagem são palavras ou construções que vão de encontro às normas gramaticais, e, na maioria das vezes, costumam ocorrer por descuido, ou ainda por desconhecimento das regras por parte do emissor. O uso da ambiguidade pode resultar na má interpretação da mensagem, ocasionando múltiplos sentidos. É importante lembrar que toda comunicação estabelece uma finalidade, uma intenção para com o interlocutor, e para que isso ocorra, a mensagem tem de estar clara, precisa e coerente.

A inadequação ou a má colocação de elementos como pronomes, adjuntos adverbiais, expressões e mesmo enunciados inteiros podem acarretar duplo sentido, comprometendo a clareza do texto. Na publicidade observamos o uso e o abuso da linguagem plurissignificante, por meio dos trocadilhos e jogos de palavras, procurando chamar a atenção do interlocutor para a mensagem. Caso o autor não se julgue preparado para utilizar corretamente a ambiguidade, é preferível uma linguagem mais objetiva, com vocábulos ou expressões que sejam mais adequadas às finalidades requeridas.

Os tipos comuns de ambiguidade, como vício de linguagem são:

  1. Uso indevido de pronomes possessivos

A mãe pediu à filha que arrumasse o seu quarto.

Qual quarto? o da mãe ou da filha? Para evitar ambiguidade:

A mãe pediu à filha que arrumasse o próprio quarto.

Outro exemplo:

Vi o João andando com seu carro.

O carro em questão pode ser do próprio João, ou da pessoa a quem a mensagem foi dirigida.

Vi o João andando com o carro dele.
    1. Colocação inadequada das palavras

A criança feliz foi ao parque.

A criança ficou feliz ao chegar no parque, ou estava assim antes?

Feliz, a criança foi ao parque.

    1. Uso de forma indistinta entre o pronome relativo e a conjunção integrante

A estudante falou com o garoto que estudava enfermagem.

Quem estuda enfermagem, a estudante ou o garoto?

A estudante de enfermagem falou com o garoto;

ou

A estudante falou com o garoto do curso de enfermagem;
    1. Uso indevido de formas nominais

A moça reconheceu a amiga frequentando a academia.

Quem estava na academia? a moça ou a amiga?

A moça reconheceu a amiga que estava frequentando a academia.

ou

A moça, na academia, reconheceu a amiga.

Bibliografia:

http://www.analisedetextos.com.br/2011/09/como-ambiguidade-pode-matar-seu-texto.html

Texto originalmente publicado em https://www.infoescola.com/portugues/ambiguidade/



  1. Exercícios – Ambiguidade

Questões de vestibulares e exercícios sobre ambiguidade.
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Ambiguidade.

Exercício 1: (UFPR 2010)

  • Os economistas são entendidos em mercado financeiro.

  • Os economistas descreveram os efeitos dos juros.

  • Os juros são altos.

  • Todos os efeitos são arrasadores.

Assinale a alternativa em que as informações acima foram reunidas adequadamente e sem ambiguidade.

Os economistas que são entendidos em mercado financeiro descreveram os efeitos dos juros altos, que são arrasadores.

Os economistas entendidos em mercado financeiro descreveram os efeitos que são arrasadores dos altos juros.

Entendidos em mercado financeiro, os economistas descreveram os efeitos dos altos juros que são arrasadores.

Em relação aos juros altos, os economistas, entendidos em mercado financeiros, descreveram os efeitos que são arrasadores.

Os economistas, que são entendidos em mercado financeiro, descreveram os efeitos, arrasadores, dos juros, que são altos.

Exercício 2: (UFPR 2009)

Todas as sentenças abaixo apresentam ambigüidades. Assinale a alternativa em que a ambigüidade não pode ser desfeita com a simples alteração na ordem das palavras.

As crianças comeram bolo e sorvete de chocolate.

Ele viu a moça com um binóculo.

Ela saiu da loja de roupa.

As crianças esconderam os brinquedos que encontraram no porão.

Acabaram de roubar o banco da entrada da universidade.





  1. Análise sintática



Por Denyse Lage Fonseca

Especialista em Planejamento, Implementação e Gestão da Educação a Distância (UFF)
Graduação em Letras (Fundação Comunitária de Ensino Superior de Itabira, FUNCESI)



Entende-se “Sintaxe” como a ciência da língua que estuda o processo de construção das sentenças. Nessa perpectiva, realizar a análise sintática significa identificar a função que cada elemento exerce no contexto da sentença, bem como a relação que ele estabelece com os demais constituintes, de modo a se formar um todo organizado e harmônico. Para o estudo dos termos essenciais que compõem as orações, recomenda-se a leitura do texto a seguir, elaborado pela autora deste artigo:

João Miguel é um fotógrafo prestigiado nacional e internacionalmente. Tudo, no tocante à alma humana, é alvo de seus flashes. Todavia, ele se identifica, mais fervorosamente, com a arte engajada, que retrata os desalentos e as misérias humanas. O olhar atento para os desfavorecidos socialmente é o que o move. Nesta semana, duas de suas fotografias irão a leilão para a arrecadação de fundos destinados a entidades filantrópicas. Ambas retratam a dura realidade de moradores de rua, situada em um grande centro urbano.

Perceba que o texto acima objetiva descrever, profissionalmente, “João Miguel”. Nesse sentido, “João Miguel” é o ser acerca do qual são feitas as declarações, isto é, ele é o “sujeito”. O que é dito sobre ele é o que se denomina “predicado”. A título de exemplo, observe:

João Miguel é um fotógrafo prestigiado nacional e internacionalmente.
  • Sujeito

  • Predicado

O sujeito acima é representado por um “substantivo”. No entanto, é importante destacar que a retomada a ele é feita por meio de: um pronome pessoal: “Ele se identifica [...]” e, posteriormente, por uma expressão substantivada: “O olhar atento [...]”. Além disso, o sujeito pode vir representado por um pronome (entre outros tipos) indefinido ou por um numeral, conforme ilustram estes exemplos:

  1. Tudo, no tocante à alma humana, é alvo de seus flashes.”.

  2. Ambas retratam a dura realidade de moradores de rua [...]”. O numeral sublinhado retoma “duas de suas fotografias”.

Os sujeitos se dividem em:

  • Simples - compõe-se de apenas um núcleo (palavra principal): "Aquele rapaz é craque em Matemática."

  • Composto - compõe-se de mais de um núcleo: "A dor e a angústia o torturavam rotineiramente."

  • Oculto – identificável pelo contexto ou pela desinência verbal: "Encantei-me com aquele romance." (A desinência evidenciada refere-se a “eu”).

  • Sujeito Indeterminado - que não se identifica: "Fizeram uma pichação no muro da casa da vizinha."

Os predicados se segmentam em:

Para encerrar: O sujeito é o ser a respeito do qual se diz algo, ao passo que o predicado designa a declaração feita sobre o sujeito. Vale reiterar que se trata de termos essenciais à oração. Portanto, é fundamental conhecer o funcionamento deles, com vistas ao aprimoramento da leitura e da escrita. Para o aprofundamento na temática em questão, recomenda-se a leitura dos artigos “Sujeito” e “Predicado”.

Referências:
BASÍLIO, Margarida.
Formação e classe de palavras no português do Brasil. São Paulo: Contexto, 2004.

CUNHA, Celso; CINTRA, Luís F. Lindley. A oração e os seus termos essenciais – Sujeito e Predicado. In: ___ Nova gramática do português contemporâneo. 5.ed. Rio de Janeiro: Lexikon, 2008, p. 136-152.

Texto originalmente publicado em https://www.infoescola.com/portugues/analise-sintatica/

  1. Exercícios - Análise Sintática e Análise Morfológica

Lista de questões de vestibulares relacionadas com a Análise Sintática.
Ler artigo
Análise Sintática e Análise Morfológica.

Exercício 1: (UFMS 2010)

Faça uma análise sintática da oração abaixo e, a seguir, assinale a(s) proposição(ões) correta(s).

A ordem, meus amigos, é a base do governo.


A ordem é sujeito simples; é a base do governo é predicado nominal.

A expressão meus amigos é aposto.

A, meus, a, do governo são adjuntos adnominais.

é - verbo transitivo direto.

a base do governo é predicativo do objeto.


A questão pede que sejam marcadas as afirmativas corretas de acordo com a análise sintática da frase: “A ordem, meus amigos, é a base do governo”. As alternativas corretas são a 1) “A ordem é sujeito simples; é a base do governo é predicado nominal.” e a 4) “A, meus, a, do governo são adjuntos adnominais.”.

A afirmativa 2 está incorreta pois a expressão meus amigos não é aposto, e sim VOCATIVO.

A afirmativa 8 está incorreta, pois o a forma verbal “é”, na verdade é um VERBO DE LIGAÇÃO e não um verbo transitivo direto.

A afirmativa 16 está incorreta pois o termo “a base do governo” é PREDICATIVO DO SUJEITO e não do objeto.

Exercício 2:

(MACK-SP) Em: “ – Perdi a mala! – um diz de cara acabrunhada”, um tem a função sintática de:


adjunto adnominal

sujeito simples

adjunto adverbial

aposto

numeral


Nesta questão, a função sintática do artigo indefinido “um” é de sujeito simples, pois ele está substituindo o substantivo, e é o autor da ação expressa pela forma verbal “diz”. Sendo assim a resposta da questão é a letra B - Sujeito Simples. As demais alternativas estão, portanto, equivocadas quanto à análise sintática deste termo na frase.

Exercício 3:

(PUC-SP) Dê a função sintática do termo destacado em: “Depressa esqueci o Quincas Borba”.


objeto direto.

sujeito.

agente da passiva.

adjunto adverbial.

aposto.


O termo “depressa” na frase “Depressa esqueci o Quincas Borba” é classificado sintaticamente como ADJUNTO ADVERBIAL pois está se referindo ao verbo “esquecer” acrescentando a ele uma circunstância de modo. A resposta para esta questão é a alternativa D e as demais letras mostram análises errôneas para este termo na frase.

Exercício 4:

(FMU-SP) Em: “Eu era enfim, senhores, uma graça de alienado”, os termos em destaque são, respectivamente:


adjunto adnominal, vocativo, predicativo do sujeito.

adjunto adverbial, aposto, predicativo do objeto.

adjunto adverbial, vocativo, predicativo do sujeito.

adjunto adverbial, vocativo, objeto direto.

adjunto adnominal, aposto, predicativo do objeto.


A questão pede a função sintática dos termos “enfim”, “senhores” e “uma graça de alienado”, presentes em “Eu era enfim, senhores, uma graça de alienado.”. O primeiro termo, “enfim” assume a função de ADJUNTO ADNOMINAL do verbo “ser”, pois acrescenta a ele uma circunstância de tempo. O segundo, “senhores”, trata-se de um VOCATIVO, pois está invocando o interlocutor (aquele com quem se fala). E o terceiro termo assume a função de PREDICATIVO DO SUJEITO, pois se refere ao sujeito “eu” dando-lhe uma característica. A análise correta dos termos apresentada de maneira respectiva está, portanto, na letra C - adjunto adverbial, vocativo, predicativo do sujeito.

Exercício 5:

(Mack-SP) Aponte a alternativa que expressa a função sintática do termo destacado: “Parece enfermo, seu irmão”.


sujeito.

objeto direto.

predicativo do sujeito.

adjunto adverbial.

adjunto adnominal.


A frase apresentada no enunciado está em ordem inversa, porém de a pusermos na ordem lógica, ficará bem mais fácil de identificar a função do termo destacado: “Seu irmão parece enfermo”. O termo destacado “enfermo” está assumindo a função de PREDICATIVO DO SUJEITO, correspondente à alternativa C. As demais alternativas não correspondem à função do termo em destaque.

Exercício 6:

(Mack-SP) “Não se fazem motocicletas como antigamente”. O termo destacado funciona como::::::::


objeto indireto.

objeto direto.

adjunto adnominal

vocativo.

sujeito.


A frase “Não se fazem motocicletas como antigamente” está na voz passiva sintética, e portanto, o sujeito é paciente e sofre a ação. Transformando-a para a voz passiva analítica ela ficaria assim: “Motocicletas não são mais feitas como antigamente”. Neste caso, o termo destacado “motocicletas” está assumindo a função de sujeito, e a alternativa que corresponde à resposta correta é a letra E - sujeito.

Exercício 7:

(Osec-SP) “Ninguém parecia disposto ao trabalho naquela manhã de segunda-feira”.


predicativo.

complemento nominal.

objeto indireto.

adjunto adverbial.

adjunto adnominal.


A questão pede a análise sintática do termo em destaque na frase: “Ninguém parecia disposto ao trabalho naquela manhã de segunda-feira”. Nesta frase, a única função que o termo “ao trabalho” poderia assumir é a de COMPLEMENTO NOMINAL, pois está completando o sentido do termo “disposto” que é um adjetivo (nome). A alternativa que deve ser assinalada, portanto, é a letra B - complemento nominal.

Exercício 8:

(UFPI) “Jatene está convicto de suas ideias”.

Os setores do governo discordam do modelo proposto”.

Os termos destacados, quanto à função sintática, são, respectivamente:


complemento nominal – objeto indireto – adjunto adnominal.

objeto indireto - adjunto adnominal – complemento nominal.

adjunto adnominal – adjunto adnominal – objeto indireto.

complemento nominal - complemento nominal - objeto indireto.

complemento nominal - adjunto adnominal – objeto indireto.


Nesta questão nos são apresentadas duas frases com termos em destaque, e é pedido que sejam dadas as funções sintáticas de cada um, respectivamente. As frases apresentadas são: “Jatene está convicto de suas ideias” e “ Os setores do governo discordam do modelo proposto”.

O primeiro termo “de suas ideias” assume a função de COMPLEMENTO NOMINAL, pois está completando o sentido do termo “convicto” que é um adjetivo (nome). O segundo termo “do governo” assume a função de ADJUNTO ADNOMINAL, pois está apenas acompanhando o termo “setores” e dando a ele uma qualificação, e não completando o sentido do mesmo, até porque este não exige ser completado. O terceiro termo, “do modelo proposto” tem função de OBJETO INDIRETO, pois neste caso está complementando o verbo “discordar”, que é transitivo indireto.

A alternativa que corresponde à resposta da questão é a letra E - complemento nominal – adjunto adnominal – objeto indireto.

Exercício 9:

(ESPM-SP) Observe os termos destacados das opções que se seguem e identifique a alternativa que apresenta a classificação correta da função sintática.

  • Sempre esteve acostumada ao luxo.

  • Naquela época ainda obedecia aos pais.

  • Esta roupa não está adequada à ocasião.

  • Os velhos soldadinhos de chumbo foram esquecidos.


complemento nominal - complemento nominal – objeto indireto - complemento nominal.

objeto indireto - objeto indireto - objeto indireto – complemento nominal.

objeto indireto – complemento nominal – complemento nominal – adjunto adnominal.

complemento nominal – objeto indireto – complemento nominal - adjunto adnominal.

adjunto adnominal – objeto indireto – complemento nominal – adjunto adnominal.


Nesta questão há quatro frases, cada uma com um termo em destaque, e a proposta é que se dê a função sintática de cada termo, marcando a alternativa que corresponda, respectivamente, a estas funções.

Na primeira frase - “Sempre esteve acostumada ao luxo.” - o termo em destaque “ao luxo” tem função de COMPLEMENTO NOMINAL do adjetivo “acostumada”.

Na segunda frase - “Naquela época ainda obedecia aos pais.” - o termo em destaque “aos pais” assume a função sintática de OBJETO INDIRETO, pois é complemento do verbo “obedecer”, que é transitivo indireto.

Na terceira frase - “Esta roupa não está adequada à ocasião.” - o termo em destaque “à ocasião” assume a função sintática de COMPLEMENTO NOMINAL, pois também complementa um adjetivo - “adequada”.

E na última frase - “Os velhos soldadinhos de chumbo foram esquecidos.” - o termo em destaque “de chumbo” é um ADJUNTO ADNOMINAL pois seu papel é apenas acompanhar o substantivo “soldadinhos” conferindo-lhe uma característica.

Desta forma, a resposta da questão é a letra D - complemento nominal – objeto indireto – complemento nominal – adjunto adnominal.

Exercício 10:

(UAAM- adaptada)

Daqui estou vendo o amor
Irritado, desapontado

(Carlos Drummond de Andrade)

Identifique a alternativa que traz, respectivamente, a classe gramatical e a função sintática das palavras destacadas:


verbo – objeto direto.

adjetivo – predicativo.

verbo – predicativo.

advérbio – objeto direto.

substantivo – predicativo.


Nesta questão, o enunciado pede para ser marcada a alternativa que corresponde, corretamente, à classe gramatical e à função sintática dos termos em destaque no seguinte verso do poema de Drummond: “Daqui estou vendo o amor / Irritado, desapontado”.

Os termos em destaque no poema pertencem à classe gramatical dos ADJETIVOS e na frase estão assumindo a função sintática de PREDICATIVO DO OBJETO, pois qualifica do termo “o amor”, que é objeto direto da forma verbal “vendo”.

A alternativa que corresponde à resposta da questão é, portanto, a letra B - adjetivo – predicativo.



  1. Aposto



Por Daniele Fernanda Feliz Moreira

Mestre em Ciências Humanas (CEFETRJ, 2014)
Especialista em Linguística, Letras e Artes (CEFETRJ, 2013)
Graduada em Letras - Literatura e Língua Portuguesa (UFRJ, 2011)



O aposto, juntamente com o adjunto adnominal, o adjunto adverbial e o vocativo, é um termo acessório da oração. Dito de outro modo, isso significa dizer que se trata de um termo não exigido sintaticamente por outro elemento da mesma oração para completar o sentido. Sua presença pode ser importante em determinados contextos para se determinar ou especificar circunstâncias e pode ser dispensável em outros contextos, mas é um elemento que não estabelece com outros termos da oração uma relação de dependência sintática.

Quanto ao significado, aposto em geral é o termo responsável por trazer detalhes, explicar com maior clareza ou precisão, dar outras referências ao nome ao qual se refere, como nos exemplos “Machado de Assis, autor de A mão e a luva, é considerado o maior escritor brasileiro”, em que o termo sublinhado é um aposto porque é utilizado na oração com o objetivo de dar maiores esclarecimentos sobre a quem se refere o nome próprio. Semanticamente, o aposto funciona como uma etiqueta com detalhes.

Quanto à forma, de maneira geral, é comum que o aposto se apresente entre vírgulas e seguido do nome ao qual se refere. Como no exemplo do parágrafo anterior ou como em “O morcego, o único mamífero que voa, ainda é temido por muitas pessoas”, em que o aposto aparece entre vírgulas e traz detalhe sobre o nome que lhe antecede “morcego”. Mas há outras formas com que o aposto pode aparecer na oração. Outra bastante comum é a utilização de dois pontos, como em “O ônibus levava poucos passageiros: apenas duas crianças, quatro adultos e uma senhora”, em que o aposto explicita mais detalhes sobre quem eram os poucos passageiros referidos no nome.

Há ainda formas menos explícitas com que podem aparecer os apostos na oração, casos em que reconhecemos tratar-se de um aposto pelo significado que traz à frase de detalhar um elemento da oração. Nos exemplos, “A minha amiga Andréia viajou para São Paulo”, em que o nome próprio “Andréia” é um aposto que traz uma especificação para o nome substantivo “amiga”. Ou no exemplo “No mês de Fevereiro acontece o Carnaval”, em que “Fevereiro” individualiza o elemento “mês”.

Há também formas de apostos que servem para resumir uma lista elencada anteriormente, como no exemplo “Abacate, abacaxi, ameixa, banana-maçã, banana-nanica, coco verde, figo, fruta do conde e goiaba, todas são frutas do mês de Março”, em que “todas” funciona como um aposto para resumir e congregar a lista com os nomes de frutas precedentes. O aposto pode assumir ainda a forma de oração, quando contém um verbo. A esse elemento, chamamos oração subordinada substantiva apositiva e geralmente aparece após o uso de dois pontos, como no exemplo “Uma coisa, todo mundo quer: ser feliz”, em que o termo sublinhado é o aposto, o elemento que explicita a informação sinalizada anteriormente e contém um verbo, “ser”.

Bibliografia:

BECHARA, Evanildo. Moderna gramática portuguesa. São Paulo, Nacional 1966.

Texto originalmente publicado em https://www.infoescola.com/portugues/aposto/


  1. Coordenação e Subordinação



Por Maíra Althoff De Bettio



Para compreender a estrutura sintática de uma frase, ou seja, a análise em relação à organização da mesma, que é dividida em coordenação e subordinação; primeiramente deve-se entender o que é frase; e, de acordo com Mattoso Câmara, nada mais é do que “unidade de comunicação linguística, caracterizada [...] do ponto de vista comunicativo – por ter um propósito definido e ser suficiente pra defini-lo –, e do ponto de vista fonético – por uma entonação [...] que lhe assinala nitidamente o começo e o fim.”.

Seguindo a linha de definição acerca de frase escrita, Perini diz que se inicia com letra maiúscula e finaliza com algum sinal de pontuação (ponto final, ponto de interrogação, ponto de exclamação etc), todavia, outros gramáticos não delimitam a necessidade de pontuação para a constituição de frase.

O vocábulo definido acima ainda pode ser uma oração, mas a última não é sinônimo de frase; isto é, uma oração possui verbo, mas uma frase não precisa de verbo para ser denominada como tal, sendo assim, toda oração (ou conjunto de orações = período) é uma frase (exemplo: Abra o livro na página 4 e Faça um bolo e entregue a Maria), porém, nem toda frase é uma oração (exemplo: O caderno amarelo da filha de João da Silva).

Quanto a período (ou enunciado) – que é a soma dos elementos estruturais da frase e tem a necessidade da pontuação –, este pode ser simples ou composto; sendo por composição, será subdividido em coordenação (semântica + sintática) e subordinação (“... é o emprego de um nível mais elevado no lugar de outro de nível inferior”, BACK). Outro ponto a ser frisado é que composição por aposição difere-se de composição por coordenação, pois a primeira admite expressões explicativas (isto é; quero dizer) e expressões retificadoras (minto; aliás).

Ainda em relação à composição por aposição, Back enumera dois tipos de aposição: identificadora (“Pedro Álvares Cabral, um almirante português, descobriu o Brasil.”) e retificadora (“João, minto, Pedro veio até a sala.”), e ambas exercem a mesma função sintática.

A locução subordinante também tem duas classificações, podendo ser complexa ou unitária. A primeira refere-se a uma locução verbal (Ex. Amanhã, todos os alunos irão fazer o teste), enquanto a segunda, como o próprio nome diz, é composta por um único verbo (Ex. Ontem, Pedro fez o exame).

A explanação de alguns termos, como hipotaxe (subordinação) – estrutura muito complexa que pode ser reduzida – e parataxe – termo equivalente para a coordenação –, hipertaxe – palavra que exerce um grande significado, como, por exemplo, um substantivo com significado maior – é também bastante válida para uma compreensão clara e coerente. Além disso, vale ressaltar que pronome sempre tem função sintática.

Leia também:

Bibliografia: BACK, Ângela Cristina di Palma. Processos Sintáticos: Coordenação –Subordinação.

Texto originalmente publicado em https://www.infoescola.com/portugues/coordenacao-e-subordinacao/


  1. Frase, oração e período



Por Cynthia Cordeiro Chalegre

Graduada em Letras-Português (USP, 2011)



  1. 1. Frase

Define-se como todo e qualquer enunciado de sentido completo, não importando se é formado por uma ou várias palavras, ou se possui verbos ou não; caso não os possua passa a ser chamada de frase nominal.

Frases têm como objetivo exprimir ideias, emoções, ordens, apelos etc. A entonação é responsável por indicar de maneira clara o início e o fim de uma frase, assim como é capaz de ajudar a dar sentido a ela. Através de gestos e expressões faciais e corporais, somados ao contexto em que a frase está sendo dita, uma curta frase pode ganhar extenso significado. Na língua escrita a entonação é garantida pela pontuação, ficando o próprio texto encarregado de munir a frase de contexto, o que traz a necessidade de frases mais completas, por isso algumas vezes mais extensas.

Existem 5 tipos de frase. São elas:

1.1. Frases interrogativas: ocorrem quando são empregadas com o intuito de obter alguma informação através de pergunta. A interrogação pode ser direta ou indireta, conforme os exemplos:

a) Você gostaria de dançar? (interrogação direta)

b) Desejamos saber quando ocorrerá o pagamento da dívida (interrogação indireta)

c) Você tem alergia a algum tipo de medicação? (interrogação direta)

d) Gostaríamos de saber se a senhora possui algum tipo de alergia a medicamentos (interrogação indireta)

1.2. Frases imperativas: dá-se esse nome às frases em que existe uma ordem, pedido ou conselho sendo dado pelo emissor. Podem ser negativas ou afirmativas.

Exemplos:

a) Cale-se! (afirmativa)

b) Não deixe a porta aberta. (negativa)

c) Jogue isto no lixo. (afirmativa)

d) Nunca permita que falem dessa forma com você. (negativa)

1.3. Frases exclamativas: nesse tipo de frase o emissor externa um estado afetivo.

Exemplos:

a) Que filme horrível!

b) A torta estava muito gostosa.

c) O dia de hoje foi super difícil.

d) Esse livro é interessantíssimo.

1.4. Frases declarativas: nesse tipo de frase o emissor constata um fato, informa ou declara alguma coisa. Podem ser afirmativas ou negativas.

a) Hoje é nosso último dia de aula. (afirmativa)

b) Ontem a merenda escolar não foi servida. (negativa)

c) Pedro jamais mentiria para mim. (negativa)

1.5. Frases optativas: nelas o emissor manifesta um desejo.

Exemplos:

a) Deus te abençoe!

b) Espero que tudo dê certo

c) Que hoje seu dia seja muito feliz.

No que diz respeito à classificação, as frases podem ser nominais ou verbais.

Frase Nominal: a frase não possui verbos em sua construção.

Exemplos:

a) Cuidado!

b) Credo!

c) Silencio!

d) Muito bonito isso, hein?

Frase Verbal: a frase possui verbo em sua construção.

Exemplos:

a) O bolo de Antônia ficará lindo.

b) Amanhã acordarei bem cedo.

c) Queremos lhe agradecer por tudo.

d) Pedimos desculpas pelo atraso.

    1. 2. Oração

Frases que possuam sentido completo e verbo (ou locução verbal) são consideradas orações. Uma frase pode conter uma ou mais orações, a depender do número de verbos e que possua.

Exemplos:

a) Murilo brincou no parquinho. (uma oração)

b) Hoje levarei o Murilo ao parquinho, ele brincará bastante. (duas orações)

c) Amanhã levarei Murilo ao parquinho, ele brincará com a Carol, porém serei cuidadosa. (três orações)

    1. 3. Período

Trata-se de frases formadas por uma ou mais orações, tendo no seu todo um sentido completo. O período pode ser simples ou composto.

3.1. Período simples: é formado por apenas uma oração, chamada de oração absoluta.

a) O almoço hoje será um assado.

b) Crianças precisam de amor e disciplina.

c) Ele me presenteou com um lindo anel.

d) Leandro é um menino encantador, porém levado.

3.2. Período composto: é formado por duas ou mais orações.

a) Quando o demitiram sua vida ficou sem sentido.

b) Comprarei aquela bola para presentear meu filho.

c) Eu quero que todos saibam o que aconteceu ontem quando cheguei aqui.

d) Cheguei, dancei, bebi, namorei e mostrei a todos como se curte a vida.

Referência Bibliográficas:

BECHARA, Evanildo. Moderna Gramática Portuguesa. 37ª ed. Rio de Janeiro: Editoras Nova Fronteira e Lucerna, 2009. 574 p.

CEGALLA, Domingos Paschoal. Novíssima Gramática da Língua Portuguesa. Companhia Editora Nacional. 695 p.

Texto originalmente publicado em https://www.infoescola.com/portugues/frase-oracao-e-periodo/



  1. Complemento nominal



Por Daniele Fernanda Feliz Moreira

Mestre em Ciências Humanas (CEFETRJ, 2014)
Especialista em Linguística, Letras e Artes (CEFETRJ, 2013)
Graduada em Letras - Literatura e Língua Portuguesa (UFRJ, 2011)



Pode-se definir complemento nominal como o termo integrante da oração que complementa o significado de um nome, que pode ser um substantivo, um adjetivo ou um advérbio. É sempre ligado ao nome a que se refere por meio de uma preposição. O complemento nominal desempenha em relação ao nome uma função semântica comparável à função que os complementos verbais, objeto direto e indireto, desempenham em relação ao verbo; a de ser necessário para completar um sentido expresso de forma parcial. Sintaticamente, o complemento nominal se difere do objeto indireto somente pelos termos com os quais se relacionam; complementos nominais são selecionados por nomes e objetos indiretos são selecionados por verbos, mas ambos se ligam a quem os seleciona por meio de preposição.

De modo mais prático, tomemos uma oração como exemplo para análise: “O juiz apitou favoravelmente a um dos times”, em que o termo sublinhado completa o sentido expresso em partes pelo nome advérbio que, sozinho, não é capaz de fazer sentido completo. Tomemos outros exemplos: “A queima de fogos assustou os cachorros”, em que o termo sublinhado complementa o significado expresso pelo nome substantivo “A queima”; ou ainda em “A sala estava cheia de brinquedos”, em que o termo sublinhado complementa o significado do nome adjetivo “cheio”. Note-se que sem o complemento nominal, o elemento sublinhado em cada um dos exemplos, o nome (“favoravelmente a...”, “A queima de...” e “cheia de...” não é capaz de se expressar satisfatoriamente sozinho sem um termo que complete o seu sentido. Essa é uma característica dos termos integrantes da oração, grupo de que faz parte, além do complemento nominal, também os complementos verbais, objeto direto e objeto indireto, e o agente da passiva.

É importante notar que a maior parte dos nomes que exigem um complemento nominal para ter seu sentido completo são nomes derivados de verbos transitivos, aqueles que precisam de um complemento verbal (um objeto direto ou indireto). Como “A construção do metrô”, em que o nome construção é derivado do verbo “construir”; ou “A necessidade de mudança é urgente”, em que o nome “necessidade” é derivado do verbo "necessitar"; ou ainda “A promoção do supermercado”, em que o nome “promoção” é derivado do verbo “promover”.

Como grande parte dos vocábulos nominais em Língua Portuguesa, o complemento nominal também pode ser substituído por um pronome. Os pronomes oblíquos, em geral as formas átonas (me, te, se, o, a, lhe, nos, vos, se, os, as, lhes) podem figurar em substituição à forma de complemento verbal com preposição, a exemplo de “Tenha-me consideração”, em que o pronome “me” substitui a forma preposicional “por mim”, de “Tenha consideração por mim”, complementando o nome substantivo consideração; ou ainda “Viajar não me seria conveniente neste momento”, em que o pronome “me” substitui a forma preposicional “para mim” de “Viajar não seria conveniente para mim neste momento”, complementando o nome adjetivo conveniente; ou “Caminhar lhe era saudável”, em que o pronome “lhe” substitui a forma preposicional “a ele/ela” de “Caminhar era saudável a ele/ela”, complementando o nome adjetivo “saudável”.

Texto originalmente publicado em https://www.infoescola.com/portugues/complemento-nominal/







  1. Exercícios - Complemento nominal

Lista de questões de vestibulares e concursos sobre o Complemento Nominal.
Ler artigo
Complemento nominal.

Exercício 1:

(FMU-FIAM-FAAM-SP) Identifique a alternativa em que aparece um complemento nominal.


Sanches esteve frio.

Tive medo de perdê-lo.

Exprimia-se brevemente.

O caso era outro.

Manobrava, então, para voltar, à carga.


Deve ser identificada a alternativa que contém um complemento nominal.

A resposta da questão é a letra B - Tive medo de perdê-lo.

O complemento nominal da palavra “medo” é a oração “perdê-lo”. É uma oração subordinada substantiva completiva nominal.



  1. Complemento oblíquo



Por Denyse Lage Fonseca

Especialista em Planejamento, Implementação e Gestão da Educação a Distância (UFF)
Graduação em Letras (Fundação Comunitária de Ensino Superior de Itabira, FUNCESI)



O complemento oblíquo é um tipo de complemento verbal de presença obrigatória na construção dos enunciados. Pode ser representado por um “grupo preposicional”, isto é, uma unidade linguística introduzida por uma preposição; ou por um “grupo adverbial”, ou seja, uma sequência linguística com função adverbial na oração. Em prosseguimento, propõe-se a observação atenta dos complementos oblíquos na composição destas sentenças:

a) "Em um sábado abafadiço de verão, Júlia foi à praia na companhia das amigas."

Repare que o verbo “foi” necessita de complemento. Imagine se fosse dito apenas “Em um sábado abafadiço de verão, Júlia foi.”. Mas, aonde? Afinal, quem foi, foi a algum lugar. O verbo “foi” oferece inúmeras possibilidades de complementação, visto que há uma infinidade de lugares ou eventos. Foi à igreja? Ao clube? Ao baile?... Nessa instância, é imprescindível a especificação do referido verbo para que o enunciado possa ser entendido. Perceba, então, que “à praia” completa o sentido do verbo “foi”, por intermédio da preposição “a”, que se encontra subentendida pela ocorrência da crase (fusão da preposição “a” com o artigo “a”, formando “à”). Nesse caso, “à praia” consiste em um “grupo preposicional”.

b) "A piedosa senhora mora naquela imponente fazenda."

Integra a oração, exposta acima, o verbo “mora”, cujo significado não basta por si só. Visualize o enunciado sem o complemento: “A piedosa senhora mora.”. Mas, mora onde? Por isso, houve a necessidade da especificação de lugar exigida pelo verbo “mora”. Nesse cenário, “naquela imponente fazenda” corresponde a um “grupo adverbial”.

Cabe ressaltar a distinção entre o complemento oblíquo e o modificador. Compare com atenção:

  1. "Aquele palestrante se expressa bem."

  2. "Os dançarinos preparavam, cuidadosamente, a coreografia a ser apresentada."

Note que o verbo “expressa”, que integra a primeira oração, exige que a sua ideia seja complementada, pois quem se expressa, o faz de determinada maneira. Aquele palestrante se expressa de que modo? Mal? Ruidosamente? Alegremente? Firmemente? ... Existem variadas possibilidades concernentes ao modo de alguém se expressar. Por isso, o complemento “bem” foi empregado para a obrigatória especificação da ação verbal. Em contrapartida, na segunda oração, constate que o termo “cuidadosamente” foi inserido, após o verbo “preparavam”, para indicar a circunstância em que ocorreu a ação. Por isso, funciona como “modificador” e, não, como “complemento”, já que a sua ausência não comprometeria o entendimento do enunciado, veja: “Os dançarinos preparavam a coreografia a ser apresentada.”.

Para encerrar: O complemento oblíquo integra determinados predicados para completar o significado verbal. Pode ser representado pelo grupo “preposicional” (unidade linguística introduzida por uma preposição) ou pelo grupo “adverbial” (sequência linguística com valor adverbial).

Referência:

CASTILHO, Ataliba T. de. Complemento oblíquo. In: ___ Nova Gramática do português brasileiro: tradição e ruptura. São Paulo: Contexto, 2010, p. 305.

Texto originalmente publicado em https://www.infoescola.com/portugues/complemento-obliquo/




  1. Complemento Verbal

Por Ana Paula de Araújo



Existem algumas palavras na língua portuguesa que necessitam de complementos para serem compreendidas adequadamente.

É o exemplo da palavra “necessidade”:

“Tenho necessidade de um médico.”

Como podemos ver acima, a palavra necessidade está sendo completada pelas palavras “um médico”. Esse termo é chamado de Complemento Nominal, porque serve para completar o sentido de um nome.

Acontece a mesma coisa com os verbos, eles também, em muitas situações, precisam ser completados para que se entenda o sentido que eles exprimem.

Ex: “Necessitamos de um médico urgentemente.”

No caso acima, ao invés de um “nome” (substantivo), temos um verbo. E como podemos notar, o complemento desse verbo é o mesmo do exemplo anterior “um médico”. Nesse caso, porém, como completa o sentido de um verbo, o termo “um médico” é chamado de Complemento Verbal.

Os complementos verbais podem ser:

  1. Objeto Direto (completa os verbos transitivos diretos)

Ex: “A mãe queria imediatamente seu filho.”

No exemplo acima, chamamos o complemento “seu filho” de Objeto Direto, porque não vem acompanhado de preposição.

(“Quem quer, quer algo”) Este “algo” é o complemento do verbo querer. Neste caso: “queria seu filho”.



    1. Objeto Indireto (completa os verbos transitivos indiretos)

Ex: “A cozinheira precisava de ajuda.”

No exemplo acima, chamamos o complemento “ajuda” de Objeto Indireto, porque vem acompanhado de preposição (de).

(“Quem precisa, precisa de algo”) Este “algo” é o complemento do verbo precisar. Neste caso: “precisava de ajuda”.

    1. Predicativo do Sujeito

O predicativo do Sujeito não é considerado, por alguns gramáticos, um complemento verbal, mas quando vem em seguida de um verbo de ligação, ele se comporta semelhantemente aos Objetos Direto e Indireto, completando o sentido do verbo.

Ex: “O rapaz está adoentado.”

No exemplo acima, chamamos o complemento “adoentado” de Predicativo do Sujeito, porque caracteriza o sujeito e vem em seguida de um verbo de ligação.

OBS: Para definir qual o complemento verbal, uma dica é observar o verbo ao qual este se liga. Se o verbo for de LIGAÇÃO, então é porque trata-se de um Predicativo, se o verbo for TRANSITIVO DIRETO é porque se trata de um Objeto Direto, e se o verbo for TRANSITIVO INDIRETO é porque seu complemento é um Objeto Indireto.

Texto originalmente publicado em https://www.infoescola.com/portugues/complemento-verbal/

  1. Exercícios - Complemento Verbal



Página com questões de vestibulares sobre Complemento Verbal.
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Complemento Verbal.

Exercício 1:

Assinale a opção cujo complemento verbal tem a função de objeto indireto.


Preveniram antecipadamente os jovens do perigo.

Maria comprou um carro novo.

Conheço aqueles dois rapazes.

Não gosto de mamãe preocupada.

As crianças menores acreditam em contos de fada.


Deve ser assinalada a alternativa que contém um OBJETO INDIRETO. Trata-se, pois, da letra E - As crianças menores acreditam em contos de fada. - pois o verbo “acreditar” é transitivo indireto, e portanto, seu complemento “em contos de fadas” tem a função de OBJETO INDIRETO.

Na letra A temos como complemento verbal o termo “os jovens” que é um OBJETO DIRETO.

Na letra B, temos “um carro novo”, que é OBJETO DIRETO.

Na letra C, o complemento verbal é “aqueles dois rapazes”, que é também um OBJETO DIRETO.

Na letra D temos “mamãe preocupada” que é um OBJETO DIRETO pois é o complemento para o verbo “ver” que está implícito: “Não gosto de ver mamãe preocupada”.

  1. Complemento verbo-nominal



Por Ana Paula de Araújo



O complemento verbo-nominal, também conhecido como predicado verbo-nominal, integra uma oração que possui dois núcleos ao mesmo tempo. Um núcleo verbal, constituído pelo verbo de significação, e outro núcleo nominal, constituído pelo Predicativo.

Principais características do complemento verbo-nominal:

  • Possui dois núcleos: um verbo e um nome;

  • Possui predicativo do sujeito ou do objeto;

  • Indica ação ou atividade do sujeito e uma qualidade.

O predicado é verbo-nominal porque seus núcleos são um verbo, que indica uma ação praticada pelo sujeito, e um predicativo do sujeito, que indica uma característica do sujeito.

Há três possíveis estruturas do complemento verbo-nominal:

1 - Verbo Intransitivo + Predicativo do Sujeito

Exemplo:

Joana partiu contente.

2 - Verbo Transitivo + Objeto + Predicativo do Objeto

Exemplo:

A despedida deixou a mãe aflita.

3 - Verbo Transitivo + Objeto + Predicativo do Sujeito

Exemplo:

Os alunos cantaram emocionados aquela canção.

Para entendermos melhor o complemento verbo-nominal, vejamos abaixo os três TIPOS DE PREDICADOS existentes:

  1. 1. Predicado nominal

Expressa o estado do sujeito. O verbo é de ligação.

Exemplo:

O dia continua quente.

Observação: o núcleo é o predicativo do sujeito.

    1. 2. Predicado verbal

Expressa a ação praticada ou recebida pelo sujeito.

Exemplo:

Os professores receberam o prêmio.

Observação: o núcleo do predicado verbal é o verbo.

    1. 3. Predicado verbo-nominal

Informa a ação e o estado do sujeito.

Exemplo:

Nós chegamos cansados.

Observação: o predicado verbo-nominal é constituído de dois núcleos – um verbo e um nome.

Texto originalmente publicado em https://www.infoescola.com/portugues/complemento-verbo-nominal/



  1. Objeto direto



Por Denyse Lage Fonseca

Especialista em Planejamento, Implementação e Gestão da Educação a Distância (UFF)
Graduação em Letras (Fundação Comunitária de Ensino Superior de Itabira, FUNCESI)



Cunha e Cintra (2008, p. 154) definem o objeto direto como o complemento de um verbo transitivo direto, ou seja, o complemento que normalmente vem ligado ao verbo sem preposição e indica o ser para o qual se dirige a ação verbal. Em outras palavras, o objeto funciona como receptor do processo verbal. Com vistas a clarear esse conceito, propõe-se a leitura deste fragmento do romance O primo Basílio, escrito por Eça de Queirós:

Havia doze dias que Jorge tinha partido e, apesar do calor e da poeira, Luísa vestia-se para ir à casa de Leopoldina. Se Jorge soubesse não havia de gostar, não! Mas estava tão farta de estar só! Aborrecia-se tanto! De manhã ainda tinha os arranjos, a costura, a toilette, algum romance... Mas de tarde!

O fragmento acima descreve a vida tediosa a que se submetia a personagem Luísa, por meio da enumeração de seus afazeres diários, que se restringiam à parte da manhã. Observe que em De manhã ainda tinha os arranjos, a costura, a toilette, algum romance..., o verbo tinha não necessita do acompanhamento de uma preposição para a transmissão da ideia ao seu complemento. Nesse caso, os arranjos, a costura, a toilette, algum romance formam o chamado “objeto direto”, que vem representado por substantivos.

É importante destacar que o objeto direto por vir também representado por:

  1. 1. Numeral

  1. "De acordo com a lista, devemos comprar três pacotes de arroz." Atente-se para o fato de que o numeral sublinhado integra o complemento do verbo “comprar”.

  2. "O clube vendeu 40 mil ingressos para a grande final do campeonato." Note que o numeral grifado complementa o verbo “vendeu”, de modo direto.

  1. 2. Pronome substantivo

  1. "Eu a vi naquele dia na faculdade."O pronome em destaque refere-se a um substantivo feminino. Na informalidade, é comum a forma “Eu vi ela naquele dia na faculdade”. Tal forma não é recomendada em situações formais da linguagem, sobretudo, pela cacofonia (som desagradável ao ouvido) gerada pela junção de (vi + ela = viela).

  2. Irei levá-lo à festa de aniversário de seu coleguinha.O pronome masculino evidenciado refere-se ao garotinho que seria levado à festa.

  1. 3. Oração substantiva (objetiva direta)

  1. "Este delicado procedimento exige que sejamos cuidadosos."Observe que o complemento do verbo “exige”, acima destacado, é o objeto direto em forma de oração (frase constituída de um verbo) precedida por “que”. Vale elucidar que a referida oração é substantiva, uma vez que equivale ao substantivo “cuidado”:

Este delicado procedimento exige cuidado.

  1. "Todos desejam que você volte."A oração sublinhada se equivale à forma substantiva “sua volta”:

"Todos desejam sua volta."

    1. 4. Palavra ou expressão substantivada

a) Não sei o quê aquele rapaz pensa da vida.
b) Aguardava ansiosamente
o desenrolar do assunto debatido.

Observe que o artigo definido “o” antecede o verbo “desenrolar”. A esse processo, dá-se o nome de substantivação, ou seja, a palavra ou expressão se torna um substantivo, quando precedida de artigo.

É pertinente ressaltar que o objeto direto pode ser composto de mais de um substantivo ou de mais de uma palavra que ao objeto se equivale:

a) Eles já ganharam duas ou três vezes.

Constate que o complemento do verbo “ganharam” compõe-se de dois numerais e um substantivo.

b) Naquele ano, plantaram mandioca, milho e feijão.

Nesse caso, o verbo “plantaram” apresenta como complemento três substantivos, que indicam os alimentos que foram plantados.

Para encerrar: O objeto direto é o complemento da ação verbal, que ocorre de forma direta, isto é, sem o intermédio de uma preposição.

Referências:
CUNHA, Celso; CINTRA, Luís F. Lindley. Complementos Verbais – Objeto Direto. In: ___
Nova gramática do português contemporâneo. 5.ed. Rio de Janeiro: Lexikon, 2008, p. 154-155.

QUEIRÓS, Eça de. O primo Basílio. São Paulo: Ática, 1993.




  1. Objeto direto preposicionado



Por Denyse Lage Fonseca

Especialista em Planejamento, Implementação e Gestão da Educação a Distância (UFF)
Graduação em Letras (Fundação Comunitária de Ensino Superior de Itabira, FUNCESI)



Como o próprio nome sugere, o objeto direto preposicionado é precedido de uma preposição, apesar de a ideia expressa pelo verbo não exigi-la. Observe a referida ocorrência, por meio da seguinte situação:

Foi organizada uma festa surpresa para um colega de seu trabalho. Toda a equipe participou de uma “vaquinha” para comprar os salgadinhos e refrigerantes. A festa aconteceria após o expediente. Porém, justamente no grande dia, você teve de fazer um atendimento externo e acabou se atrasando. Para a sua surpresa, os seus colegas (Que, sacanas!), não a esperaram... Algo que você descobriu quando estava quase chegando à empresa, e seu telefone tocou... Era uma de suas colegas, dizendo: “Pode ir para a casa, pois já comemos os salgadinhos”. Quando você começou a pronunciar algumas palavras, digamos feias, ela respondeu: “Calma, é brincadeira! Nós apenas comemos dos salgadinhos!”

(Texto elaborado pela autora deste artigo com o intento de ilustrar a finalidade do objeto direto preposicionado).

Agora, responda: qual é a diferença entre estas duas ocorrências?

  1. Já comemos os salgadinhos.

  2. Já comemos dos salgadinhos.

O verbo “comer” é transitivo direto. Portanto, não necessita do acompanhamento de uma preposição, conforme ocorrência “a”. Contudo, o texto acima nos mostrou uma situação comunicativa, na qual ele foi regido da preposição “de”, formada pela aglutinação (de + artigo definido “os” = “dos”). Por quê? Em “comemos os salgadinhos”, o artigo “os” define quais salgadinhos a equipe (representada na forma plural do verbo) comeu: aqueles que todos compraram para a festa. Nesse sentido, não há mais salgadinho, o que justifica a sua ira. No entanto, trata-se de uma brincadeira, pois ela revela que “comemos dos salgadinhos”. “Dos salgadinhos” indica uma parte de um todo. Nesse contexto, a sua ira pode permanecer, já que eles não tiverem a decência de esperá-lo. Porém, pode ser amenizada pelo fato de que ainda restam salgadinhos. Perceba-se, então, que um pequeno detalhe faz toda a diferença na comunicação.

É pertinente ressaltar que o objeto direto preposicionado é utilizado, de modo recorrente, nos momentos em que as pessoas exprimem o seu amor a Deus ou dirigem as suas orações a Ele:

Eu amo a Deus com todo o meu coração.

Os verbos “louvar”, “glorificar” e “exaltar”, que se inserem na esfera religiosa, comumente são empregados acompanhados de preposição, embora não a exijam:

  • Vamos louvar a Deus com toda nossa alma.

  • Glorifiquemos a Jesus, Nosso Salvador.

  • Exaltemos a Deus, Nosso Senhor.

Há, também, o denominado “objeto direto pleonástico”, que ocorre quando a ideia expressa pelo objeto direto é repetida (pleonasmo). Para tal, o objeto é colocado no princípio da frase e sua ideia é destacada por meio de formas pronominais: o, a, os, as. Trata-se de um recurso comumente utilizado na Literatura, como nesta frase da crônica Pausa, escrita por Mário Quintana:

Esse enigma, eu o passo a ti, pobre leitor.

Note que a forma pronominal “o” reitera o sentido do objeto direto “esse enigma”, deslocado para o princípio da frase.

Para encerrar: O objeto direto preposicionado, como a própria nomeação sugere, é o objeto direto acompanhado de uma preposição, visando ao alcance de determinados efeitos de sentido.

Referências:
CUNHA, Celso; CINTRA, Luís F. Lindley. Complementos Verbais – Objeto Direto Preposicionado. In: ___
Nova gramática do português contemporâneo. 5.ed. Rio de Janeiro: Lexikon, 2008, p. 156-157 e p. 640.

QUINTANA, Mário. Pausa. In: ___ A vaca e o hipogrifo. São Paulo: Círculo do Livro, 1977.

Texto originalmente publicado em https://www.infoescola.com/portugues/objeto-direto-preposicionado/


  1. Diferenças entre Objeto Direto Preposicionado e Objeto Indireto



Por Cristiana Gomes



DIFERENÇA ENTRE OBJ. DIRETO PREPOSICIONADO E OBJETO INDIRETO

O ODP é o complemento de um verbo transitivo direto.
A preposição não é obrigatória.

EX: Amar a Deus sobre todas as coisas.

AMAR=VTD
A DEUS=ODP

O OI é o complemento de um verbo transitivo indireto.
A preposição é obrigatória.

EX: Precisa de apoio em todos os momentos.

PRECISA=VTI
DE APOIO=OI

Obs:
ODP=objeto direto preposicionado
VTD=verbo transitivo direto
VTI=verbo transitivo indireto
OI=objeto indireto

BIBLIOGRAFIA USADA NA CONSULTA DOS EXEMPLOS

PASCHOALIN & SPADOTO
Gramática:Teoria e Exercícios
São Paulo.FTD S.A,1996.

Texto originalmente publicado em https://www.infoescola.com/portugues/diferencas-entre-objeto-direto-preposicionado-e-objeto-indireto/

  1. Exercícios - Objeto direto preposicionado



Lista de questões de vestibulares sobre o Objeto Direto Preposicionado.
Ler artigo
Objeto direto preposicionado.

Exercício 1:

(FEI-SP) Identifique a alternativa em que há objeto direto preposicionado:


Passou aos alunos, para estudo, o texto impresso.

Naquela época, era difícil viajar para a Europa.

Em dias chuvosos, gosto de ler um bom livro.

Sentamo-nos numa das mesas e pedimos o jantar.

Amou a João com o mais puro amor.


A alternativa em que há objeto direto preposicionado é a letra E - Amou a João com o mais puro amor. Trata-se do termo “a João”, que não pode ser objeto indireto, pois complementa o verbo “amar”, que é transitivo direto, porém está acompanhado de preposição. Damos a estes termos o nome de OBJETO DIRETO PREPOSICIONADO.

Na letra A, o complemento que está preposicionado “aos alunos” é OBJETO INDIRETO, e o termo “para estudo” é ADJUNTO ADVERBIAL DE FINALIDADE.

Na letra B o termo preposicionado “para a Europa” é OBJETO INDIRETO do “viajar” que neste caso é transitivo indireto.

Na letra C, o termo preposicionado “de ler” é OBJETO INDIRETO do verbo “gostar”, que é transitivo indireto.

Na letra D, o termo preposicionado “numa das mesas” é ADJUNTO ADVERBIAL DE LUGAR.


  1. Objeto direto e Indireto Pleonásticos



Por Paula Perin dos Santos



Você já deve ter ouvido falar de uma figura de linguagem chamada “pleonasmo”. Ela está expressa na linguagem coloquial, quando as pessoas dizem “subir para cima’, “entrar para dentro”. Pois bem, como pleonasmo significa “superabundância” (do grego), esta figura de linguagem consiste na repetição de palavras, expressões, com o objetivo de enfatizar uma ideia.

Contextualizando o termo para a análise sintática, um objeto pleonástico, obviamente, estará expresso na frase duas vezes, sob a forma de um pronome pessoal oblíquo átono. Vejamos:

A correntinha, guardou-a no bolso da camisa de riscado”. (Mário Palmério).

Observe bem que, quando perguntamos ao verbo: “guardou o quê?”, a resposta que se apresenta é: “a correntinha” (objeto direto). Entretanto, após o verbo existe o pronome pessoal átono “a”, que se remete também à correntinha. Logo, o objeto direto está expresso duas vezes na mesma frase, com o intuito de dar ênfase a esse objeto. Assim, temos um objeto pleonástico, neste caso, um objeto direto pleonástico.

O objeto pleonástico ocorre só em objetos diretos? Não. Ele pode também aparecer em orações cujo objeto seja indireto. Leia a frase a seguir, de Dalton Trevisan:

Às violetas, na janela, não lhes poupei água”.

O verbo poupar é transitivo direto e indireto, já que fazemos duas perguntas a ele: “não poupei o quê a quem?”. Logo, "às violetas" respondem a pergunta “a quem?” (objeto indireto). O pronome lhes refere-se também às violetas. Percebe-se que o escritor teve a intenção de dar ênfase ao objeto indireto. Portanto, tem-se aqui expresso um objeto indireto pleonástico.

Para se identificar facilmente a presença de um objeto pleonástico, lembre-se sempre de verificar primeiro a presença do objeto. Caso haja um pronome átono que se refira a esse mesmo objeto, trata-se de um objeto pleonástico. Agora, se ele é direto ou indireto, você já sabe! É só verificar a presença (ou não) da preposição.

REFERÊNCIAS
MESQUITA, Roberto Melo.
Gramática da Língua Portuguesa. 8. ed. São Paulo: Saraiva, 2005, p. 421-2.
SAVIOLI, Francisco de Platão.
Gramática em 44 lições. 15. ed. São Paulo: Ática, 1989, p. 30.

Texto originalmente publicado em https://www.infoescola.com/portugues/objeto-direto-e-indireto-pleonasticos/




  1. Objeto indireto



Por Denyse Lage Fonseca

Especialista em Planejamento, Implementação e Gestão da Educação a Distância (UFF)
Graduação em Letras (Fundação Comunitária de Ensino Superior de Itabira, FUNCESI)





De acordo com Cunha e Cintra (2008, p. 157), objeto indireto é o complemento de um verbo transitivo indireto, isto é, o complemento que se liga ao verbo por meio de preposição. Em outras palavras, esse objeto complementa o sentido expresso pela ação verbal, de maneira indireta. Cumpre-se destacar que o prefixo “in” indica “negação”, o que significa que a complementação não é feita de forma direta, pois exige a interposição de uma preposição. Vale enfatizar que o objeto indireto pode vir representado por:

  1. 1. Substantivo

a) "Precisamos de doadores de medula óssea."

Atente-se para o fato de que o verbo “precisamos” necessita do acompanhamento da preposição “de” para se unir ao seu complemento. Nesse contexto, tem-se o objeto indireto, que se constitui sobremaneira de substantivos, conforme destaque.

b) "Os alunos obedeceram aos regulamentos relativos à realização da gincana solidária."

Nesse exemplo, o objeto indireto também se compõe de substantivos, que complementam a ideia expressa pelo verbo “obedeceram”.

    1. 2. Numeral

a) "O apartamento, localizado no centro da cidade, pertence aos três."

b) "Eles compareceram às quinze horas ao cartório, conforme combinado."

Observe que os numerais, em evidência, integram o complemento dos verbos “pertence” e “compareceram”, respectivamente, sob o intermédio da preposição “a”.

    1. 3. Pronome substantivo

"Pediram-me que organizasse os arquivos do escritório."

Quem pede, pede a alguém que faça alguma coisa. O pronome sublinhado remete-se “a mim” (a uma pessoa). Por isso, tem-se um pronome substantivo. A forma “Me pediram”, na qual o pronome antecede o verbo, se faz comumente presente nas falas cotidianas. Porém, deve ser evitada, quando se tratar de situações de uso formal da língua.

    1. 4. Palavra ou expressão substantivada

a) Desconfiavam-se do caminhar das negociações.

Veja que o objeto indireto compõe-se de uma expressão substantivada, formada pela aglutinação da preposição “de” com o artigo definido “o” e o verbo “caminhar”.

b) A solenidade encerrou-se com o agradecimento aos presentes.

Note que, aqui, ocorre o processo de substantivação do adjetivo “presentes”, por meio da junção da preposição “a” (exigida, nesse contexto, pelo verbo “agradecer”) com o artigo definido “os”.

    1. 5. Oração substantiva (objetiva indireta)

"Você duvida de que sejamos capazes?"

Observe que o complemento do verbo “duvida”, em destaque, é o objeto indireto (regido da preposição “de”) em forma de oração (frase que se organiza em torno de um verbo). Cumpre-se elucidar que a oração em foco é substantiva, visto que se equivale ao substantivo “capacidade”. Assim, tem-se:

"Você duvida de nossa capacidade?"

É crucial enfatizar que o objeto indireto pode ser composto de mais de um substantivo ou de mais de uma palavra que ao objeto se equivale:

a) "Estamos convencidos de que o talento e a dedicação são imprescindíveis para o sucesso profissional."

Os substantivos destacados compõem o objeto indireto da ação expressa pelo verbo “convenceram”.

b) Naquele dia, eles assistiram a três filmes de comédia.

Nesse caso, integram o complemento do verbo “assistir”, um numeral e dois substantivos.

Para concluir: O objeto indireto é o complemento da ação verbal, que se realiza de modo indireto, ou seja, por intermédio de uma preposição.

Referência:
CUNHA, Celso; CINTRA, Luís F. Lindley. Complementos Verbais – Objeto Indireto. In: ___
Nova gramática do português contemporâneo. 5.ed. Rio de Janeiro: Lexikon, 2008, p. 157-159.

Texto originalmente publicado em https://www.infoescola.com/portugues/objeto-indireto/



  1. Diferenças entre Objeto Direto Preposicionado e Objeto Indireto



Por Cristiana Gomes



DIFERENÇA ENTRE OBJ. DIRETO PREPOSICIONADO E OBJETO INDIRETO

O ODP é o complemento de um verbo transitivo direto.
A preposição não é obrigatória.

EX: Amar a Deus sobre todas as coisas.

AMAR=VTD
A DEUS=ODP

O OI é o complemento de um verbo transitivo indireto.
A preposição é obrigatória.

EX: Precisa de apoio em todos os momentos.

PRECISA=VTI
DE APOIO=OI

Obs:
ODP=objeto direto preposicionado
VTD=verbo transitivo direto
VTI=verbo transitivo indireto
OI=objeto indireto

BIBLIOGRAFIA USADA NA CONSULTA DOS EXEMPLOS

PASCHOALIN & SPADOTO
Gramática:Teoria e Exercícios
São Paulo.FTD S.A,1996.

Texto originalmente publicado em https://www.infoescola.com/portugues/diferencas-entre-objeto-direto-preposicionado-e-objeto-indireto/


Exercícios - Objeto indireto



Lista de questões de português sobre Objeto Indireto.
Ler artigo
Objeto indireto.

Exercício 1:

Assinale as opções cujos complementos verbais possuem a função de objeto indireto.


Preveniram antecipadamente os jovens do perigo.

Maria comprou um carro novo.

Conheço aqueles dois rapazes.

Não gosto de mamãe preocupada.

As crianças menores acreditam em contos de fada.


Devem ser assinaladas as opções que contêm OBJETOS INDIRETOS como complementos para os verbos.

As opções que devem ser marcadas são:

8) Não gosto de mamãe preocupada.

16) As crianças menores acreditam em contos de fada.

Os OBJETOS INDIRETOS são, respectivamente, “de (ver) mamãe preocupada” que complementa o verbo “gostar”, e “em contos de fada” que complementa o verbo “acreditar”.

As demais opções não possuem objetos indiretos e sim outros complementos como “os jovens” - Objeto Direto; “um carro novo” - Objeto direto; “aqueles dois rapazes” - Objeto Direto.


  1. Objeto direto pleonástico



Por Ariane Soares Pereira da Silva

Pós-graduada em Língua Portuguesa e Literatura (Mackenzie, 2016)
Licenciada em Letras Português-Inglês (FMU, 2012)



O termo pleonástico vem da palavra pleonasmo, figura de linguagem que emprega palavras que produzem redundância, com a intenção de realçar as ideias mencionadas de forma oral ou na escrita.

Exemplo: Eu vi com meus próprios olhos.

O objeto direto pleonástico ocorre quando se tem a intenção de chamar a atenção para o objeto direto que vem antes do verbo, repetindo-o na sequência.

Exemplo: O presente, Danilo recebeu-o no dia se seu aniversário.

Nota-se que o objeto direto é colocado no início da frase, para em seguida, repeti-lo com uma das seguintes formas nominais (o, a, os, as).

Com a intenção de dar ênfase, o pronome “lhe” (lhes) é usado para repetir o objeto indireto expresso por um substantivo inserido no início da frase:

Exemplo: Ao homem mesquinho basta-lhe um burrinho.

Além disso, também para destacar o objeto direto ou indireto, o objeto direto pleonástico pode ser constituído de um pronome átono:

Exemplo: A mim, ninguém me faz feliz.

Por fim, pode-se entender a partir dos conceitos e exemplificações mencionadas anteriormente que o objeto direto pleonástico é usado unicamente para dar ênfase ao objeto direto, que precede antes do verbo, sendo repetido depois.

Leia também:

Fontes:

CELSO, C; LINDLEY, C. Nova gramática do português contemporâneo. 6 ed. Rio de Janeiro: Lexikon, 2009. p. 156-157.

HILDEBRANDO. A. A. Gramática ilustrada. 2 ed. São Paulo: Editora Moderna, 1991. p. 367.

Texto originalmente publicado em https://www.infoescola.com/portugues/objeto-direto-pleonastico/


  1. Objeto indireto pleonástico



Por Denyse Lage Fonseca

Especialista em Planejamento, Implementação e Gestão da Educação a Distância (UFF)
Graduação em Letras (Fundação Comunitária de Ensino Superior de Itabira, FUNCESI)



O objeto indireto pleonástico ocorre quando a ideia expressa pelo objeto indireto (complemento verbal intermediado pela preposição) é repetida (pleonasmo). Busca-se, por meio do referido recurso linguístico, a ênfase da ideia contida no objeto, repetindo-a na sequência. Ele se faz constantemente presente na Literatura, atendendo a finalidades artísticas e estilísticas diversas. Veja esta frase do escritor português Fernando Pessoa (apud Cunha e Cintra, 2008, p. 159):

A mim ensinou-me tudo.

Note o destaque dado ao fato de ter sido ensinado tudo a ele. A reiteração é realizada por intermédio do pronome átono (pronome que funciona como complemento e sem preposição): “me”. É imprescindível ressaltar que a utilização do objeto direto pleonástico precisa ser feita com cuidado, por meio de propósitos bem definidos. Por quê? Porque as repetições realizadas ao acaso, isto é, destituídas de significação, interferem de maneira decisiva na qualidade do texto, que se torna redundante e desorganizado. Frase como “Eu te falei com você.” é um exemplo de redundância presente em situações informais da oralidade. No entanto, deve ser evitada em contextos de uso formal da língua.

Examine outro exemplo do uso do objeto em foco:

Aos clientes, o que lhes demos foram bombons.

Observe que, na frase acima, a intenção foi realçar “aos clientes”, por meio de seu deslocamento para o início da frase e de sua repetição sob a forma pronominal átona “lhes”. Trata-se de uma frase que não é utilizada recorrentemente, sobremaneira, em contextos de comunicação cotidiana e oral. Normalmente, seria dito: “Nós demos bombons pros clientes.” E, se houvesse a opção pela inversão, teríamos: “Pros clientes, nós demos bombons.”. Vale reiterar que o objeto indireto pleonástico se faz substancialmente presente na esfera literária, que requer o uso de uma linguagem mais erudita e artisticamente criativa (permitindo-se, a título de exemplo, a construção de redundâncias).

Propõe-se, a seguir, a comparação entre o objeto indireto pleonástico e o objeto direto pleonástico:

  1. Aos padrinhos, lhes exigimos a chegada com antecedência à Igreja.

  2. Esta gramática, eu a ganhei de uma amiga há três anos.

No primeiro exemplo, a evidência foi direcionada à expressão “aos padrinhos”, por meio de seu deslocamento e pela repetição na forma plural do pronome átono “lhes”. Vale elucidar que o pronome supracitado se equivale “a eles” (preposição “a” + pronome pessoal “eles”). Por isso, é empregado para se referir a um objeto indireto. Nessa perspectiva, a construção, a título de ilustração, “Eu lhe aceito como marido.”, não se encontra em consonância com a norma culta, pois quem aceita, aceita algo ou alguém. Assim, tem-se “Eu o aceito como marido”. Já na segunda frase, o destaque é para “esta gramática”, cuja reiteração se realiza por meio do artigo definido “a”, uma vez que se trata de um objeto direto, receptor da ação verbal expressa pelo verbo “ganhei”.

Para finalizar: O objeto indireto pleonástico consiste na repetição da ideia expressa pelo objeto indireto (complemento verbal regido de uma preposição), com o intuito de realçá-lo.

Referência:

CUNHA, Celso; CINTRA, Luís F. Lindley. Complementos Verbais – Objeto Indireto Pleonástico. In: ___ Nova gramática do português contemporâneo. 5.ed. Rio de Janeiro: Lexikon, 2008, p. 159.

Texto originalmente publicado em https://www.infoescola.com/portugues/objeto-indireto-pleonastico/



  1. Objetos constituídos por Pronome Oblíquo

Por Cristiana Gomes





Os pronomes oblíquos assumem geralmente a função de complementos verbais(OD/OI).

O(s)= objeto direto
A(s)=OD
LO(s)=OD
LA(s)=OD
NO(s)=OD
NA(s)=OD

LHE(s)=objeto indireto

ME,TE,SE,NOS,VOS=podem ser tanto obj. direto como indireto. Para analisá-los corretamente, basta verificar se eles completam o sentido de um verbo transitivo direto ou um verbo transitivo indireto.

EXEMPLOS

O pai deixou-as em casa.

deixar= verbo transitivo direto
as= objeto direto

Espero-te na estação.

esperar= VTD
te=OD

Pertencem-te todos aqueles presentes.

pertencer=VTI
te=OI

Não me convidaram.

convidar=VTD
me=OD

Isso me convém.

convém=VTI
me=OI

O trovão abalou-o.(OD)

Respondi-lhe tudo.(OI)

Eles nos amam.

amam=VTD
nos=OD

Eles nos obedecem.

obedecer=VTI
nos=OI

Ninguém me encontrou.(OD)

Ninguém me pagou.(OI)

Chamaram-na para a reunião.(OD)

Irei vê-los mais tarde.(OD)

Fontes
SACCONI, Luiz Antônio
Gramática Essencial da Língua Portuguesa
São Paulo. Atual, 1989.

TERRA, Ernani
Curso Prático de Gramática
São Paulo. Scipione, 1991.

PASCHOALIN & SPADOTO
Gramática: Teoria e Exercícios.
São Paulo. FTD S/A, 1996.

Texto originalmente publicado em https://www.infoescola.com/portugues/objetos-constituidos-por-pronome-obliquo/



  1. Oração



Por Denyse Lage Fonseca

Especialista em Planejamento, Implementação e Gestão da Educação a Distância (UFF)
Graduação em Letras (Fundação Comunitária de Ensino Superior de Itabira, FUNCESI)



O que é uma oração? É a frase que apresenta um verbo ou uma locução verbal. Geralmente, o sujeito e o predicado compõem a oração. Mas, há casos em que ela não tem sujeito. Vamos estudar um pouco mais a oração? Para tal, sugiro a leitura deste texto sobre os dinossauros, extraído do “Brasil Almanaque de Cultura Popular”:

E como eles desapareceram?
Os dinossauros viveram sobre a Terra durante 160 milhões de anos. E como desapareceram completamente? Cientistas explicam que há 65 milhões de anos, caiu no planeta um meteoro de aproximadamente 10 quilômetros. O impacto teria sido tão violento que abriu uma cratera com 200 quilômetros. Uma espécie de nuvem de poeira grossa tapou a luz solar durante seis meses. A Terra resfriou, as plantas não podiam fazer fotossíntese, e os animais não tinham o que comer. Resultado: todos os dinossauros morreram.

Primeiramente, vale lembrar, à luz de Cegalla (2008, p.322), que o período “é a frase constituída de uma ou mais orações”. Ele é encerrado quando a oração ou o conjunto de orações forma um sentido completo, ou seja, conclui a ideia que se deseja exprimir. O fechamento do período é marcado por ponto final, ponto de interrogação, ponto de exclamação e, em determinadas vezes, por reticências ou dois-pontos. No primeiro período do texto, observe abaixo, há quantas orações?

“Os dinossauros viveram sobre a Terra durante 160 milhões de anos.”

Uma oração! Por quê? Porque há apenas um verbo (“viveram”). Nesse contexto, temos um período simples. Cabe acrescentar que a oração, presente nesse tipo de período, é chamada de “absoluta”, já que ela é a única.

Quando um período contém mais de uma oração ou locução verbal, é denominado “período composto”. Repare:

“A Terra resfriou, as plantas não podiam fazer fotossíntese, e os animais não tinham o que comer.”

No período acima, as orações são independentes de sentido entre si. Nesse caso, são chamadas de “orações coordenadas”. Elas são interligadas sintaticamente com vírgulas ou com a conjunção “e”, indicando a soma de fatos. Quando as orações coordenadas são justapostas sem uma conjunção, são denominadas “assindéticas”. Caso contrário, são denominadas “sindéticas”.

Agora, analise as orações presentes neste período composto:

“O impacto teria sido tão violento que abriu uma cratera com 200 quilômetros.”

Podemos notar que, nesse período, há uma relação de dependência. Isso porque a segunda oração “que abriu uma cratera com 200 quilômetros” completa o sentido da primeira “O impacto teria sido tão violento”, exprimindo a ideia de consequência. Em outras palavras, o fato expresso pela segunda oração (a subordinada) é a consequência do fato expresso pela primeira oração (a principal).

  1. Oração sem sujeito

Há situações em que a oração não apresenta sujeito. Isso acontece quando o verbo ou a locução que a compõe indica um fenômeno meteorológico ou é impessoal:

Faz mais frio que calor nesta região!

Havia fósseis de dinossauro naquele local.

    1. Termos da oração

Termos essenciais da oração:

  • sujeito (o ser a respeito do qual se fala algo).

  • predicado (aquilo que, em geral, se fala do sujeito).

Termos integrantes da oração:

Termos acessórios da oração:

Leia também:

Referências:

Brasil Almanaque de Cultura Popular. n. 121, 2009, p. 26.

CEGALLA, Domingos Paschoal. Novíssima gramática da língua portuguesa. 48.ed. São Paulo: Companhia Editora Nacional, 2008. p.310.

Texto originalmente publicado em https://www.infoescola.com/portugues/oracao-gramatica/



  1. Sujeito inexistente



Por Daniele Fernanda Feliz Moreira

Mestre em Ciências Humanas (CEFETRJ, 2014)
Especialista em Linguística, Letras e Artes (CEFETRJ, 2013)
Graduada em Letras - Literatura e Língua Portuguesa (UFRJ, 2011)



Na frase “Lá faz muito frio” não é possível determinar ou imaginar “alguém” praticando a ação de “fazer muito frio lá”. Podemos observar que a maioria das frases apresenta um sujeito, seja ele determinado ou indeterminado. Quando não podemos apontar ou imaginar um elemento a respeito do qual se afirma ou declara alguma coisa, temos uma oração sem sujeito ou sujeito inexistente.

Exemplificando:

Faz cinco meses que ela foi embora.

Chovia no Sul.

Houve muita confusão na fila da padaria.

São quatro horas da manhã.

Basta de reclamações!

Os verbos destacados: fazer, chover, haver, ser e bastar não cabem os pronomes “ele” ou “ela”, “eles” ou “elas” funcionando como sujeito. A esses verbos que não admitem sujeito, chamamos de verbos impessoais.

  1. Principais verbos impessoais

São:

  • Os verbos que denotam fenômenos atmosféricos ou cósmicos: chover, trovejar, anoitecer, nevar, fazer (frio, calor), etc.
    Faz frio.

  • Os verbos haver e ser em orações sinônimas às construídas com existir:
    Era uma vez uma menina loira que levava um cesto de frutas para sua avó.

  • Os verbos haver, fazer e ser nas indicações de tempo:
    Era à hora da sobremesa.

OS VERBOS IMPESSOAIS SEMPRE APARECEM NA FORMA DE 3ª PESSOA DO SINGULAR

Desconhecendo-se a natureza impessoal dos verbos haver e fazer, é comum aparecerem erradamente na 3ª pessoa do plural, quando seguidos de substantivo no plural. Isto acontece porque o falante toma tais plurais como sujeito, quando, na realidade, não são: verbo impessoal não tem sujeito.

Adequado

Inadequado

Houve enganos lamentáveis

Houveram enganos lamentáveis

Haverá prêmios

Haverão prêmios

Faz quinze dias

Fazem quinze dias

Fazia duas semanas

Faziam duas semanas

Também ficará no singular o verbo que, junto a haver e fazer, sirva de auxiliar:

Pode haver enganos entre a gente (e não podem haver).

Deverá fazer cinco meses de namoro (e não deverão fazer).

Observação: Na oração: "Margarida faz hoje quarenta anos", o verbo fazer não é impessoal. Seu sujeito é Margarida. Logo, pode ir ao plural em: Margarida e Antônio fazem quarenta anos.

É importante destacar que, fora de seu sentido normal, muitos verbos impessoais podem ser usados pessoalmente, vale dizer, constroem-se com sujeito.

Neste caso, a concordância se faz obrigatória:

Choveram bênçãos dos céus.

“No dia seguinte amanheci de cama”

Resumindo

  • Nas frases com sujeito há sempre um elemento substituível por “ele” ou “ela, “eles” ou “elas”. Já nas frases sem sujeito os verbos são impessoais;

  • Os verbos impessoais sempre aparecem na forma de 3ª pessoa do singular;

  • É preciso observar o sentido do verbo no contexto em que está inserido. Nos usos não literais eles podem ser utilizados de modo pessoal, ou seja, possuem sujeito;

  • As frases com sujeito podem apresentar-se com sujeito determinado ou indeterminado.

Bibliografia:

DE OLIVEIRA, Ubaldo Luiz. A estrutura sintática da frase. São Paulo, Selinunte editora, 1986.

BECHARA, Evanildo. Moderna gramática portuguesa. São Paulo, Nacional 1966.

Texto originalmente publicado em https://www.infoescola.com/portugues/sujeito-inexistente/


  1. Orações reduzidas



Por Daniele Fernanda Feliz Moreira

Mestre em Ciências Humanas (CEFETRJ, 2014)
Especialista em Linguística, Letras e Artes (CEFETRJ, 2013)
Graduada em Letras - Literatura e Língua Portuguesa (UFRJ, 2011)



Podemos reconhecer orações reduzidas pela forma com que se apresentam: são orações subordinadas que introduzem uma oração sem uso de um conectivo, apresentando um verbo em uma de suas formas nominais (infinitivo, gerúndio ou particípio). Como se vê nos exemplos a seguir:

  1. “É importante ter uma alimentação balanceada”;

  2. “O governo disse ser importante a aprovação das medidas propostas”;

  3. “Às vezes gosto de ficar sozinho em casa”.

Orações reduzidas se opõem às orações desenvolvidas, aquelas orações subordinadas iniciadas por conectivo. E, virtualmente, toda oração reduzida pode ser eventualmente passada à forma desenvolvida:

  1. “É importante que se tenha uma alimentação balanceada”;

  2. “O governo disse que é importante a aprovação das medidas propostas”;

  3. “Às vezes gosto que eu fique sozinho em casa”.

  1. Funções das orações reduzidas

Quanto à função, como toda oração subordinada, as orações reduzidas desempenham alguma função sintática na relação com o verbo da oração principal.

Nas orações anteriores: na primeira delas há um verbo de ligação “É” seguido de um nome adjetivo “importante”, que predica um sujeito para lhe atribuir a característica que refere no seu significado, precisa existir algum ente, algum elemento, para ser qualificado como “importante”. Esse ente vai assumir a função sintática de sujeito e, nessa oração, o sujeito não se apresenta sob forma de um nome substantivo, como poderia ser (O amor é importante), mas sob a forma de uma oração, uma frase que contém um verbo “ter uma alimentação balanceada”. A oração reduzida de infinitivo recebe a classificação de oração subordinada substantiva subjetiva, mencionando que está reduzida de infinitivo.

E todas as outras posições sintáticas também podem apresentar elementos sob a forma de oração em lugar de um nome, muda-se apenas a forma e não a função. No segundo exemplo, a oração subordinada substantiva é objetiva direta reduzida de infinitivo, visto que a oração reduzida “ser importante a aprovação das medidas propostas” é um elemento que completa o sentido do verbo “dizer” da oração principal sem uso de preposição. Note-se que poderíamos substituir a oração reduzida pelo pronome “isso”: “O governo disse isso”, em que fica mais fácil visualizar a relação sintática entre o verbo e seu objeto direto.

No terceiro exemplo, a oração reduzida tem função sintática de objeto indireto, selecionado como complemento do verbo “gostar” da oração principal e iniciado pelo uso obrigatório de preposição, sendo classificada como oração subordinada substantiva objetiva indireta reduzida de infinitivo.

Outras funções sintáticas podem apresentar-se sob forma de uma oração ao invés de um nome, em orações substantivas, adjetivas ou adverbiais. Nas outras funções de orações substantivas – predicativas “O melhor seria sistematizarem todo o processo”; completivas nominais “Não estou disposto a esquecer seu rosto de vez”; apositivas “A empresa nos fez uma proposta: assinarmos um novo contrato”.

Também adjetivas restritivas “Ele foi o único a se lembrar do prazo final para inscrição no vestibular”, adjetiva explicativa “Aquela no palco, vestida de flor, é minha filha”. Ou ainda as adverbiais com os mais diversos significados adverbiais, como as causais “O governo lamenta por não ter cumprido a meta fiscal” (porque não cumpriu a meta fiscal); final “O governo concedeu isenção de impostos para beneficiar empresários” (para que fossem beneficiados empresários amigos); concessiva “Apesar de os servidores do estarem com salários atrasados, o governador e os deputados pagaram com juros os salários dos secretários de governo”.

Bibliografia:

BECHARA, Evanildo. Moderna gramática portuguesa. Rio de Janeiro : Nova Fronteira,. 2009.

Texto originalmente publicado em https://www.infoescola.com/portugues/oracoes-reduzidas/


  1. Orações coordenadas



Por Denyse Lage Fonseca

Especialista em Planejamento, Implementação e Gestão da Educação a Distância (UFF)
Graduação em Letras (Fundação Comunitária de Ensino Superior de Itabira, FUNCESI)



As sentenças coordenadas (ou orações coordenadas) são as orações que, como a própria nomeação sugere, se unem umas as outras, de forma justaposta ou por intermédio de uma conjunção. A referida ordenação tem por finalidade a composição de um período composto. Sob esse aspecto, cada sentença mantém a sua independência sintática, uma vez que uma não funciona como termo integrante da outra. Com o objetivo de clarear esse conceito, propõe-se a leitura deste trecho do romance A menina que roubava livros, do escritor australiano Markus Zusak:

Era o fim de maio de 1939, e a noite tinha sido como quase todas as outras. Mamãe sacudira seu punho de ferro. Papai havia saído. Liesel limpara a porta da frente e observara o céu da Rua Himmel. (p. 45).

A princípio, é pertinente lembrar que se concebe como período, a frase organizada em oração (período simples) ou orações (período composto). O primeiro e último períodos do trecho acima se compõem de duas orações, a saber:

Primeiro Período:

  • Oração 1: Era o fim de maio de 1939.

  • Oração 2: A noite tinha sido como quase todas as outras.

Último Período:

  • Oração 1: Liesel limpara a porta da frente.

  • Oração 2: Observara (referência à Liesel de maneira subentendida) o céu da Rua Himmel.

Constate que se trata de duas orações independentes entre si, inseridas em seu respectivo período. Cabe elucidar que, apesar de terem o sentido ligado por meio da conjunção “e”, mantêm-se fiéis a sua estrutura sintática original. Vale relembrar que a “conjunção” tem o propósito de conectar duas orações, como nos períodos analisados; ou duas palavras de função equivalente na oração: “A alegria e a ansiedade tomaram conta do seu coração.”. Observe que “e” une dois substantivos (núcleos) que constituem o sujeito da oração.

As orações coordenadas se dividem em: sindéticas e assindéticas. Observe:

  1. Luiz Fernando compareceu ao evento no horário confirmado.

  2. Luiz Fernando compareceu ao evento e não se atrasou.

Perceba que não há conjunção no primeiro período. Nesse caso, tem-se uma oração coordenada assindética, isto é, que não apresenta conjunção. O “a” exprime a ideia de negação, como, por exemplo, em “assintomático” (sem sintomas). Em contrapartida, no segundo período, as duas orações são interligadas por meio da conjunção “e”. Por isso, trata-se de uma oração coordenada sindética.

As orações coordenadas sindéticas dividem-se em cinco tipos, conforme a ideia estabelecida, por meio da conjunção, entre as orações, a saber:

  1. Aditiva
    No geral, expressa a ideia de adição:

    • Ainda não fiz o almoço, nem arrumei a casa. (nem = e não)

    • Outro exemplo: não só... mas também.

  2. Adversidade
    Exprime ideias que se opõem:

    • O time jogou bem, porém perdeu o jogo.

    • Outros exemplos: todavia, contudo, mas, entretanto...

  3. Explicativa
    Apresenta uma justificativa:

    • Na segunda-feira, não foi ao trabalho porque estava doente.

    • Mais exemplos: porque, pois (anteposto ao verbo).

  4. Alternativa
    Sinaliza uma opção/alternativa:

    • Alerte o seu filho, ou ele acabará sendo reprovado este ano.

    • Mais exemplos: quer...quer, ou...ou, ora...ora

  5. Conclusiva
    Indica uma conclusão

    • Os preços dos produtos se elevaram significativamente. Por isso, reduzimos a nossa compra.

    • Outros exemplos: logo, pois (posposto ao verbo), consequentemente, portanto, por conseguinte, de modo que.

É pertinente mencionar que um mesmo período pode ser composto por orações coordenadas sindéticas de diferentes tipos. Constate:

Marcos estudou para a prova e fez todos os trabalhos, porém não conseguiu a média na disciplina.

Note que o período se compõe de três orações, integradas pela conjunção aditiva “e” e pela conjunção adversativa “porém”.

Para finalizar: As sentenças coordenadas são as orações que se unem, por intermédio ou não de uma conjunção, compondo períodos. Trata-se de orações independentes entre si, apesar de serem instauradas novas relações de sentido.

Referências:
BRASIL. Casa Civil da Presidência da República. Manual de Redação da Presidência da República. – Brasília: Presidência da República, 2002. Disponível em: <
www.planalto.gov.br/ccivil_03/manual/manual.htm>.

ZUSAK, Markus. A menina que roubava livros. Tradução de Vera Ribeiro. Rio de Janeiro: Intrínseca, 2008. Título original: The Book Thief, p.45.

Texto originalmente publicado em https://www.infoescola.com/portugues/oracoes-coordenadas/


  1. Orações coordenadas assindéticas



Por Daniele Fernanda Feliz Moreira

Mestre em Ciências Humanas (CEFETRJ, 2014)
Especialista em Linguística, Letras e Artes (CEFETRJ, 2013)
Graduada em Letras - Literatura e Língua Portuguesa (UFRJ, 2011)



As orações coordenadas não apresentam nenhum relacionamento nem com o verbo nem com o nome, pois são independentes sintaticamente. Num período composto, as orações coordenadas aparecem uma ao lado da outra, com ou sem conjunção coordenativa. Sendo assim, entre elas passa a existir uma dependência de significado, ou seja, uma subordinação semântica, já que a frase é um enunciado completo em seu significado.

É importante lembrar que as orações coordenadas não estabelecem relações como as subordinadas, que são condicionadas ao sujeito, objeto ou adjunto. Em vez disso, relacionamos as orações entre si para detectarmos se houve somas de ideias, oposições de ideias, conclusão de ideias e assim por diante. Em grego, a palavra “conjunção” é sindeton. Por isso falamos em orações coordenadas assindéticas e orações coordenadas sindéticas.

As orações coordenadas assindéticas não apresentam conjunção, ou seja, uma aparece justaposta à outra.

Exemplificando:

[Tudo muda], [tudo passa], [o mundo permanece].

Entre a primeira e a segunda oração existe soma de ideias, já na terceira “o mundo permanece”, faz oposição as duas primeiras: “O mundo continua apesar de tudo mudar e passar".

[O hóspede de Tupã é sagrado]; [ninguém o ofenderá]; [Araquém o protege].

Observamos que entre a primeira e a segunda oração existe uma ideia de adição. Na última oração percebemos uma justificativa das duas primeiras. “O hóspede de Tupã é sagrado e ninguém o ofenderá porque Araquém o protege".

[Não alcancei a celebridade do emplasto], [não fui ministro], [não fui califa], [não conheci o casamento].

Observamos que entre as orações existe uma ideia de adição. “Não alcancei a celebridade do emplasto e não fui ministro e não fui califa e não conheci o casamento.

Bibliografia:

DE OLIVEIRA, Ubaldo Luiz. A estrutura sintática da frase. São Paulo, Selinunte editora, 1986.

BECHARA, Evanildo. Moderna gramática portuguesa. São Paulo, Nacional 1966.

Texto originalmente publicado em https://www.infoescola.com/portugues/oracoes-coordenadas-assindeticas/


  1. Orações coordenadas sindéticas



Por Daniele Fernanda Feliz Moreira

Mestre em Ciências Humanas (CEFETRJ, 2014)
Especialista em Linguística, Letras e Artes (CEFETRJ, 2013)
Graduada em Letras - Literatura e Língua Portuguesa (UFRJ, 2011)



As orações coordenadas, são aquelas que, no período, não exercem função sintática umas em relação às outras. Uma oração coordenada nunca será termo das outras coordenadas com as quais se relaciona, isso porque, suas relações são semânticas, ou seja, de significado.

Observamos o exemplo:

Levantei do sofá, fui para a cozinha, peguei um copo e bebi água.

Podemos observar que, no exemplo explorado, temos quatro orações sintaticamente independentes, já que cada oração é autônoma do ponto de vista sintático. Porém, elas estabelecem uma lógica que está garantida pelo sentido. As orações coordenadas podem vir ou não introduzidas por conjunções coordenativas, que são as palavras responsáveis por estabelecer conexão entre os segmentos de frases (no caso, as orações de um período). Quando não vêm introduzidas por conjunção, são denominadas orações coordenadas assindéticas, quando vêm introduzidas por conjunção (ou locução conjuntiva), recebem o nome de orações coordenadas sindéticas.

  1. Classificação das orações coordenadas sindéticas

As orações coordenadas sindéticas classificam-se em:

  • Aditivas;

  • Adversativas;

  • Alternativas;

  • Conclusivas;

  • Explicativas.

Analisemos a seguir o que exprime cada uma delas, assim como as conjunções e locuções conjuntivas que frequentemente as introduzem.



  1. Aditivas: exprimem ideia de soma, adição

Margarida cozinha e faz artesanato

O trabalho é cansativo, mas também é reconfortante.

Podemos assinalar que as principais conjunções aditivas são: e, nem, mas também, mas ainda.

Em relação à questão do uso da vírgula, de modo geral, ela não aparece nas orações coordenadas sindéticas aditivas. No entanto, existem dois casos em particular que as vírgulas aparecem nestas orações. Vejamos a seguir:

Quando as orações possuírem sujeitos diferentes.

Exemplo: Margarida é ótima aluna em matemática, e a irmã dela em português.

O segundo caso é quando a conjunção “e” aparecer várias vezes, o que se caracteriza por uma figura de linguagem chamada de polissíndeto. Observe o exemplo a seguir:

Exemplo: Margarida canta, dança, faz atividades extras, e ainda tem tempo para sair com os amigos e namorar aos finais de semana.

    1. Adversativas: exprimem ideia de adversidade, contraste, oposição

Carolina correu muito, mas não conseguiu.

É difícil, porém necessário.

Podemos assinalar que as principais conjunções adversativas são: mas, porém, entretanto, no entanto, todavia.

    1. Alternativas: exprimem ideia de alternância, escolha

Ocorre alternância quando um fato implicar a não existência de outro.

Sente aqui ou ficará de pé ao longo da fila.

Ele é bom cantor, seja no Brasil, seja em Londres.

Podemos assinalar que as principais conjunções alternativas são: ou, ou...ou,ora...ora, quer...quer, seja....seja, já...já.

    1. Conclusivas: exprimem ideia de conclusão

Tudo está florido, logo é primavera.

Choveu, portanto ela não virá.

Podemos assinalar que as principais conjunções conclusivas são: logo, portanto, pois (posposto ao verbo), então.

    1. Explicativas: exprimem ideia de explicação, justificativa, confirmação

A comida estava ótima porque a cozinheira era talentosa.

Venha imediatamente, pois sua presença é fundamental.

Podemos assinalar que as principais conjunções conclusivas são: pois (anteposto ao verbo), porque, que.

Bibliografia:

ALMEIDA, Nilson Teixeira de. Gramática de Língua Portuguesa para concursos. São Paulo: Saraiva, 2009.

Texto originalmente publicado em https://www.infoescola.com/portugues/oracoes-coordenadas-sindeticas/


  1. Orações coordenadas aditivas



Por Denyse Lage Fonseca

Especialista em Planejamento, Implementação e Gestão da Educação a Distância (UFF)
Graduação em Letras (Fundação Comunitária de Ensino Superior de Itabira, FUNCESI)



As orações coordenadas aditivas são as sentenças, cujas ideias se somam por intermédio de uma conjunção ou locução conjuntiva aditiva:

O projeto aprovado inclui a restauração dos monumentos históricos e a implantação de um sistema de vigilância. Para tal, recomenda-se a revisão do orçamento, bem como a redefinição dos prazos para a execução das referidas obras.

Ao serem desmembradas as orações que integram os períodos, têm-se:

  • Período 1:

    • Oração 1: O projeto inclui a restauração dos monumentos históricos.

    • Oração 2: O projeto inclui a implantação de um sistema de vigilância.

  • Período 2:

    • Oração 1: Para tal, recomenda-se a revisão do orçamento.

    • Oração 2: Para tal, recomenda-se a redefinição dos prazos para a execução das referidas obras.

O desmembramento feito permite visualizar que cada oração apresenta estrutura sintática independente. No entanto, a integração das orações por meio da conjunção “e” e, por conseguinte, da locução conjuntiva (bem como), instaura a relação de continuidade da ideia expressa pelos verbos “inclui” e “recomenda-se”, assegurando a coesão textual. Vale enfatizar que se compreende por “coesão”, a ligação articulada e harmônica dos elementos que compõem um texto. Se não houvesse a integração de sentido, isto é, se as orações fossem dispostas de modo isolado, o texto se tornaria repetitivo. Por isso, as conjunções são essenciais na construção dos enunciados.

Cabe ressaltar que a conjunção coordenativa aditiva pode unir afirmações ou negações. Compare:

  1. Não só vendia doces na feira, mas também deliciosos salgados.

  2. Naquele dia, não consegui trabalhar, nem estudar.

Primeiramente, é importante elucidar que cada período se compõe de duas orações, visto que o verbo se repete de forma subentendida, após a conjunção: “mas também [vendia] deliciosos salgados” e “nem [consegui] estudar”. A primeira oração conecta duas afirmações, ao passo que a segunda, duas negações.

Vale endossar a necessidade de se atentar para o contexto de comunicação, pois há casos em que uma mesma conjunção pode exprimir ideias diferentes. Observe o emprego da conjunção “e”, no texto a seguir, e responda: qual a ideia expressa por ela?

Laura formou-se em Administração há três anos. Regularmente, participa de cursos de capacitação profissional oferecidos por um órgão municipal. Trabalhou durante significativo tempo no setor administrativo de uma importante empresa, da qual foi demitida há alguns meses. Ela está batalhando por um emprego e não está conseguindo.
(Texto elaborado pela autora deste artigo para a abordagem da conjunção “e”.).

Note que, nesse caso, a conjunção “e” une ideias que se opõem. “Não estar conseguindo emprego” se contraria a “estar batalhando”, uma vez que se Laura está batalhando, era esperado que ela atingisse o seu objetivo. “E (= mas) não está conseguindo”. É fundamental perceber que a adversidade, concernente ao fato de Laura não estar conseguindo emprego, se estende para todo o texto, visto que ela é formada, se capacita continuamente e possui experiência de trabalho realizado em uma expressiva empresa.

Em suma, as orações coordenadas aditivas são as orações que se associam, por meio de uma conjunção aditiva, cuja finalidade é, predominantemente, a soma de ideias. Vale reiterar que a conjunção “e” pode também expressar a ideia de adversidade, conforme foi demonstrado, dependendo do contexto comunicativo em que se insere. Atente-se!

Referência:

BRASIL. Casa Civil da Presidência da República. Manual de Redação da Presidência da República. – Brasília: Presidência da República, 2002. Disponível em: <www.planalto.gov.br/ccivil_03/manual/manual.htm>.

Texto originalmente publicado em https://www.infoescola.com/portugues/oracoes-coordenadas-aditivas/


  1. Orações coordenadas adversativas



Por Denyse Lage Fonseca

Especialista em Planejamento, Implementação e Gestão da Educação a Distância (UFF)
Graduação em Letras (Fundação Comunitária de Ensino Superior de Itabira, FUNCESI)



As orações coordenadas adversativas têm por propósito o contraste de ideias, por meio de uma conjunção adversativa:

Durante a reunião da equipe, Carlos Eduardo demonstrou ferrenha insatisfação com o método adotado pela empresa, no tocante à melhoria dos produtos. Mas, não apresentou nenhuma proposta convincente para a reversão da estratégia.

Note que a conjunção “mas”, utilizada de forma recorrente, estabelece a ideia de oposição entre os períodos, uma vez que o fato de Carlos Eduardo demonstrar ferrenha insatisfação com o método da empresa, sugeriria que ele tivesse alguma proposta viável para apresentar. Mas, não o fez. A incongruência de pensamentos instaura a adversidade.

Vale reiterar que a conjunção adversativa “mas” é a mais utilizada em situações formais e informais da língua. No entanto, há outras conjunções que podem ser empregadas, quando se tem a intenção de confrontar pensamentos. Veja:

Rafael dedicava-se, com afinco, à gastronomia. Cozinhar era a sua paixão. Desde os tempos da faculdade, nutria o sonho de abrir um restaurante. Porém, as suas economias, apesar de expressivas, ainda não eram suficientes para tal. Foi então que decidiu adquirir um empréstimo bancário para o referido investimento. Os juros eram altos, entretanto o fez. Após alguns meses, o estabelecimento foi erguido. Sonho realizado. Serviam-se apetitosos pratos. Contudo, com o passar do tempo, o restaurante vivia vazio. O que aconteceu? Rafael precisava estudar o problema.
(Texto produzido pela autora do artigo para ilustrar a ocorrência das conjunções coordenativas adversativas.).

Observe como são construídas as oposições, por meio da divisão das orações que integram o texto:

  1. Rafael sonha em abrir um restaurante. / As suas economias ainda não são suficientes.

  2. Os juros bancários, referentes ao empréstimo, são elevados. / Ele adquiriu o empréstimo.

  3. Serviam-se apetitosos pratos. / O restaurante vivia vazio.

Nesse contexto, percebe-se a relevância das conjunções “porém”, “entretanto”, “contudo” para a composição do elo adversativo inerente ao texto. Vale ressaltar que a utilização de diferentes conjunções, com o mesmo valor semântico, é crucial para a coesão textual, de modo a serem evitadas repetições desnecessárias.

É interessante observar que a ordem das orações, que se conectam por meio de uma conjunção adversativa, pode gerar efeitos de sentido diferenciados. Analise esta situação elaborada pela autora deste artigo:

Um casal de noivos foi a uma imobiliária, pois necessitava de um apartamento para alugar. O casamento aconteceria no próximo ano. Na companhia de um corretor, o casal visitou vários apartamentos, até que um lhes chamou a atenção. Matheus fez o primeiro comentário, ao passo que Ana fez o segundo:
  1. Aquele apartamento é ideal para nós, mas o aluguel é muito caro.
  2. O aluguel é muito caro, mas aquele apartamento é ideal para nós.
Agora, responda: qual dos dois está mais interessado naquele apartamento em especial?

Certamente, você concluiu que Ana está mais interessada, pois o fato de o apartamento ser caro não consiste em um entrave/uma adversidade para ela, ao contrário do que pensa Matheus. Note que a ideia contrária é antecedida pela conjunção “mas”. Desse modo, com a inversão da ordem das orações, o que é adversidade para ele, não o é para ela. Portanto, a colocação das orações, unidas pela conjunção, deve ser adequadamente elaborada, em função dos objetivos comunciativos que se pretendem alcançar.

  1. MAS X MAIS

É notável a semelhança sonora entre “mas” e “mais”. Nesse contexto, é comum que a primeira seja pronunciada como a segunda, em siturações orais, sem que haja equívoco na comprensão do enunciado. No entanto, quando se transporta para a escrita, a referida troca se torna inadequada, pelo fato de se tratar de palavras que exprimem ideias diferentes. “Mas”, conforme exposto, indica a oposição de pensamentos, ao passo que “mais”, pode ser utilizada para comparar “Lucas é mais rebelde que João.” ou para somar “Comprei bala mais chocolate para as crianças.”. Atente-se!

Referência:

BRASIL. Casa Civil da Presidência da República. Manual de Redação da Presidência da República. – Brasília: Presidência da República, 2002. Disponível em: <www.planalto.gov.br/ccivil_03/manual/manual.htm>.

Texto originalmente publicado em https://www.infoescola.com/portugues/oracoes-coordenadas-adversativas/


  1. Orações subordinadas adjetivas e adverbiais



Por Denyse Lage Fonseca

Especialista em Planejamento, Implementação e Gestão da Educação a Distância (UFF)
Graduação em Letras (Fundação Comunitária de Ensino Superior de Itabira, FUNCESI)



  1. Orações subordinadas adjetivas

As sentenças ou orações subordinadas adjetivas se relacionam a um nome (substantivo ou pronome) presente na sentença principal, por intermédio do pronome relativo. Vale destacar que as referidas orações desempenham a função de “adjunto adnominal”, dividindo-se em:

  1. Orações restritivas: restringem a significação do nome a que se referem (especificando-o) e, por isso, são indispensáveis à compreensão dos enunciados:

O ser humano que não pratica atividade física vive menos

Especifica-se: Não são todos os seres humanos que viverão menos, mas somente aqueles que não praticam atividade física.

  1. Orações explicativas: agregam uma característica acessória ao nome a que se referem e, por isso, são dispensáveis à compreensão do significado essencial do enunciado:

O ser humano, que se diz racional, é capaz de cometar atrocidades.

Note que a inserção da oração adjetiva, sinalizada pela vírgula, tem por propósito explicar o termo anterior “seres humanos”, conferindo-lhes uma característica que é indistintivamente inerente a eles. Nesse sentido, a oração adjetiva explicativa tem valor acessório, já que se poderia dizer “O ser humano é capaz de cometer atrocidades”. Porém, ao ser empregada, nesse caso, cumpre com o objetivo de questionar de forma irônica algo que é fato: a racionalidade humana.

    1. Orações subordinadas adverbiais

As sentenças ou orações subordinadas adverbiais, ao exercerem a função de adjunto adverbial, indicam as circunstâncias, em que ocorreram o fato verbal presente na oração principal. As orações supracitadas se classificam consoante à ideia expressa [sugerida, em sua maioria, pelo próprio nome da conjunção] pela conjunção que as conecta:

  1. Temporal:

Eles só fizeram as pazes, depois que o mal entendido foi esclarecido.

Mais exemplos: quando, enquanto, assim que, desde que, até que...

  1. Conformativa – definição de como foi feito algo:

Ela fez as correções, conforme as orientações de sua professora.

Outras conjunções: consoante à, segundo, como.

  1. Causal:

Não foram ao show sertanejo porque choveu muito.

Mais conjunções: uma vez que, já que, como, visto que...

  1. Condicional:

Irei ao supermercado hoje se for preciso.

Outros exemplos: a menos que, desde que, sem que, contanto que...

  1. Consecutiva – indicação de consequência:

O sistema implantado pela empresa mostrou-se ineficiente, de modo que teremos de revê-lo.

Mais conjunções: de maneira que, tão/tanto/tal/tamanho que...

  1. Comparativa:

Ele nada como um peixe.

Outros exemplos: como, mais/menos/maior/menor que...

  1. Final:

Confio a Vós a minha dor, a fim de que me conforte.

Outras conjunções: para que, que...

  1. Proporcional:

À medida que as férias vão chegando, as pessoas vão se animando.

Mais exemplos: à proporção que, quanto mais... mais, ao passo que.

  1. Concessiva:

As vendas, relativas ao setor de cosméticos, permanecem em alta, embora o país esteja em crise.

Note que a oração acima contém dois fatos:

    • Fato 1: As vendas do setor de cosméticos permanecem em alta.

    • Fato 2: O país está em crise.

O fato 2, que consiste em um argumento real, poderia impedir que o fato 1 acontecesse: a crise, teoricamente, impede o crescimento do setor comercial. Porém, não o fez.

Outros exemplos: ainda que, mesmo que, conquanto.

Para concluir: As sentenças subordinadas, como a própria nomenclatura sugere, são as orações que se subordinam a outras (às chamadas “principais”), complementando-as. Vale reiterar que as orações principais e as subordinadas se unem, por serem dependentes entre si, por meio de uma conjunção.

Leia também:

Referências:
BRASIL. Casa Civil da Presidência da República.
Manual de Redação da Presidência da República. – Brasília: Presidência da República, 2002. Disponível em: <www.planalto.gov.br/ccivil_03/manual/manual.htm>.

CUNHA, Celso; CINTRA, Luís F. Lindley. Subordinação – A oração subordinada como termo de outra oração. In: ___ Nova gramática do português contemporâneo. 5.ed. Rio de Janeiro: Lexikon, 2008, p. 612-631.

Texto originalmente publicado em https://www.infoescola.com/portugues/oracoes-subordinadas-adjetivas-e-adverbiais/



  1. Exercícios - Orações subordinadas adjetivas e adverbiais

Lista de exercícios sobre as Orações Subordinadas Adjetivas e Adverbiais, retirados de provas de vestibulares e concursos.

Ler artigo Orações subordinadas adjetivas e adverbiais.

Exercício 1: (ADVISE 2010)

Para reescrevermos o período a seguir, transformando a oração subordinada adverbial temporal em oração subordinada adverbial condicional, atentando para a correlação e o paralelismo verbais, bem como para coerência do período, devemos fazer que alterações:

Quando as próprias pessoas que utilizam a saúde pública se organizarem de forma eficaz e sistemática, criando um movimento firme e forte, então, os gastos com a saúde serão ampliados significativamente, a qualidade e a quantidade dos serviços de saúde pública no Brasil aumentarão bastante e as pessoas serão atendidas com muito mais dignidade e respeito nos hospitais e postos de saúde públicos em todo o nosso país”.


Quando as próprias pessoas que utilizam a saúde pública se organizassem de forma eficaz e sistemática, criando um movimento firme e forte, então, os gastos com a saúde seriam ampliados significativamente, a qualidade e a quantidade dos serviços de saúde pública no Brasil aumentariamo bastante e as pessoas seriamo atendidas com muito mais dignidade e respeito nos hospitais e postos de saúde públicos em todo o nosso país”;

Ainda que as próprias pessoas que utilizam a saúde pública se organizem de forma eficaz e sistemática, criando um movimento firme e forte, então, os gastos com a saúde serão ampliados significativamente, a qualidade e a quantidade dos serviços de saúde pública no Brasil aumentarão bastante e as pessoas serão atendidas com muito mais dignidade e respeito nos hospitais e postos de saúde públicos em todo o nosso país”;

No momento em que as próprias pessoas que utilizam a saúde pública se organizem de forma eficaz e sistemática, criando um movimento firme e forte, então, os gastos com a saúde serão ampliados significativamente, a qualidade e a quantidade dos serviços de saúde pública no Brasil aumentarão bastante e as pessoas serão atendidas com muito mais dignidade e respeito nos hospitais e postos de saúde públicos em todo o nosso país”

Se as próprias pessoas que utilizam a saúde pública se organizassem de forma eficaz e sistemática, criando um movimento firme e forte, então, os gastos com a saúde seriam ampliados significativamente, a qualidade e a quantidade dos serviços de saúde pública no Brasil aumentariam bastante e as pessoas seriam atendidas com muito mais dignidade e respeito nos hospitais e postos de saúde públicos em todo o nosso país.

Se as próprias pessoas que utilizam a saúde pública se organizarem de forma eficaz e sistemática, criando um movimento firme e forte, então, os gastos com a saúde seriam ampliados significativamente, a qualidade e a quantidade dos serviços de saúde pública no Brasil aumentarão bastante e as pessoas são atendidas com muito mais dignidade e respeito nos hospitais e postos de saúde públicos em todo o nosso país.


A questão desafia a encontrar a frase adequada que corresponde à transformação da oração subordinada adverbial temporal do período a seguir, em oração subordinada adverbial condicional.

O período original é: “Quando as próprias pessoas que utilizam a saúde pública se organizarem de forma eficaz e sistemática [...]”

O período correto, após fazer as mudanças é letra D - Se as próprias pessoas que utilizam a saúde pública se organizassem de forma eficaz e sistemática, [...]. O uso da conjunção “se” no início do período já estabelece a condição, transformando a oração temporal (quando) em condicional.



  1. Orações subordinadas substantivas



Por Denyse Lage Fonseca

Especialista em Planejamento, Implementação e Gestão da Educação a Distância (UFF)
Graduação em Letras (Fundação Comunitária de Ensino Superior de Itabira, FUNCESI)



As sentenças ou orações subordinadas, ao contrário das sentenças coordenadas, são dependentes entre si, de modo que uma se subordina a outra, para completamentação ou determinação de seu sentido. Observe:

É necessário que todos os alunos realizem a inscrição.

Ao ser feito o desmembramento das orações, têm-se:

  • Oração 1: É necessário

  • Oração 2: [que] todos os alunos realizem a inscrição.

Constate que a primeira oração (chamada de “principal”) precisa de complementação: “É necessário o quê?”. Dessa maneira, “que todos os alunos realizem a inscrição” funciona como termo integrante da principal. Vale destacar que, nesse caso, a referida integração é feita por meio da conjunção subordinativa “que”.

As orações subordinadas se dividem em: substantivas (quando exercem a função de substantivo); adjetivas (quando exercem a função de adjunto adnominal) ou adverbiais (quando desempenham a função de adjunto adverbial).

As orações subordinadas substantivas podem ser:

  1. Subjetivas - funcionam como termo essencial (sujeito) da oração principal: "É imprescindível que você participe do evento."

  2. Objetivas Diretas - exercem a função de objeto direto do verbo presente na oração principal: "O prefeito disse que o prazo para as licitações será prorrogado."

  3. Objetivas Indiretas - cumprem a função de objeto indireto do verbo que as antecede: "Eles gostaram de que fosse feita a pesquisa."

  4. Completivas Nominais - complementam o nome (substantivo) contido na oração principal: "Tenho convicção de que ele retornará o mais brevemente."

  5. Predicativas - desempenham a função de predicativo do sujeito: "O problema da monografia é que você não cumpriu com todos os objetivos traçados."

  6. Apositivas – funcionam como aposto (termo explicativo da oração principal): "Desejo-lhe uma coisa: que tenhas um abençoado 2016!"

É pertinente salientar que, normalmente, as orações subordinadas substantivas são introduzidas pelas conjunções integrantes “que” e “se”. Porém, podem ser iniciadas, também, pelos pronomes: quem, que (relativo), quantos, como, onde, por que, quando, qual (is).

  1. Que X Se

Observe a seguinte situação comunicativa:

Olívia namora há sete anos com Pedro e, há três anos, eles estão noivos. Ela não vê a hora de ser pedida em casamento... Chega de enrolação, não é mesmo? Quando é que Pedro fará o pedido?
  1. Olívia não sabe se Pedro a pedirá em casamento ainda neste ano.
  2. Olívia não sabe que Pedro a pedirá em casamento ainda neste ano.
(Situação elaborada pela autora deste artigo, a fim de abordar o sentido das conjunções integrantes “que” e “se”.).

Agora, responda: qual das duas opções faria com que Olívia desse pulos de alegria?

Certamente, você concluiu que a opção “b” faria com que Olívia desse pulos de alegria e, diga-se de passagem, de alívio! Mas, por quê? Primeiramente, propõe-se o desmembramento das orações que compõem as opções. Veja:

  • Oração 1: Olívia não sabe

  • Oração 2: Pedro a pedirá em casamento ainda neste ano.

Constate que a conjunção “que” integrou as orações, relacionando as ideias pré-existentes (conforme demonstra o desmembramento feito). Note que a segunda oração contém a resposta para a dúvida de Olívia. Em contrapartida, ao serem unidas pela conjunção “se”, a oração subordinada apresenta a dúvida de Olívia quanto à decisão do amado. Perceba o quanto a presença de uma conjunção pode interferir no significado de um enunciado para o bem e para o mal!

Para concluir: As orações subordinadas, como a própria nomenclatura sugere, são as orações que se subordinam a outras (às chamadas “principais”), complementando-as. Vale reiterar que as orações principais e as subordinadas se unem, por serem dependentes entre si, por meio de uma conjunção.

Leia também:

Referências:
BRASIL. Casa Civil da Presidência da República.
Manual de Redação da Presidência da República. – Brasília: Presidência da República, 2002. Disponível em: <www.planalto.gov.br/ccivil_03/manual/manual.htm>.

CUNHA, Celso; CINTRA, Luís F. Lindley. Subordinação – A oração subordinada como termo de outra oração. In: ___ Nova gramática do português contemporâneo. 5.ed. Rio de Janeiro: Lexikon, 2008, p. 612-631.

Texto originalmente publicado em https://www.infoescola.com/portugues/oracoes-subordinadas-substantivas/



  1. Partícula "se"



Por Ana Paula de Araújo

  1. A partícula SE como apassivadora do sujeito

Veja os exemplos:

Aprovou-se o novo candidato
Venderam-se novos imóveis.

No caso de o SE ser uma partícula apassivadora, a frase estará na VOZ PASSIVA SINTÉTICA, ou seja, neste caso o sujeito simples é passivo: CANDIDATO, porque não é ele quem pratica a ação de APROVAR, ao contrário, ele é o alvo da ação verbal.

Uma ótima forma de comprovar isso é passar a frase para a VOZ PASSIVA ANALÍTICA:

Ex: O novo candidato foi aprovado.

Neste tipo de construção, o "se" é usado como pronome oblíquo reflexivo, e caso seja feita a análise sintática, observar-se-á que ele assume a função de objeto direto do verbo transitivo ao qual se liga.

OBS 1: O verbo concordará com o sujeito, como no caso de venderam-se novos imóveis onde o verbo vai para o plural, concordando com o sujeito imóveis que também está no plural.

OBS 2: O uso de "se" como partícula apassivadora não deve ser confundido com seus usos como objeto direto da VOZ PASSIVA REFLEXIVA.

Ex: Feriu-se com a faca.

Neste caso, o sujeito está oculto/indeterminado, pressupõe-se que “alguém” se feriu com a faca.

    1. A partícula SE como índice de indeterminação do sujeito

Veja o exemplo:

Precisa-se de professor.

No caso de o SE ser um índice de indeterminação do sujeito, ele estará sempre agregado ao verbo na 3ª pessoa do singular, e o sujeito será indeterminado.

Da mesma forma, você pode tirar a “prova dos 9” tentando colocar a frase para a VOZ PASSIVA ANALÍTICA e comprovando que é impossível:

O professor é precisado.

    1. A partícula SE como pronome

Veja os exemplos:

André machucou-se. (pronome pessoal reflexivo)
Os cachorros feriram-se uns aos outros. (pronome pessoal recíproco)
As professoras arrependeram-se. (pronome fossilizado*)

* chama-se fossilizado, pois já ficou agregado ao verbo, que no infinitivo apresenta-se como ARREPENDER-SE.

Neste caso, a frase está na VOZ ATIVA REFLEXIVA, e a partícula “se” é pronome pessoal reflexivo. Sintaticamente, sua função é de OBJETO DIRETO.

    1. A partícula SE como ‘partícula expletiva’

Veja os exemplos:

Os alunos riram-se.

Em construções com esta, a partícula SE não possui função sintática, é chamada de expletiva, pois é usada apenas como um realce estilístico.

    1. A partícula SE como CONJUNÇÃO

Veja os exemplos:

Estarei aqui bem cedo, se tudo der certo.
Não tenho certeza se esta é a melhor escolha.

Como conjunção, o SE não possui função sintática, mas tem extrema utilidade no período pois ligará a oração subordinada à oração principal, nas orações adverbiais e nas orações integrantes.

    1. Outros usos menos comuns para a partícula ‘SE’

Veja os exemplos:

Ele sempre tem um SE antes de qualquer resposta.

(substantivo, objeto direto)

- Você quer ganhar um carro? - Se quero!

(advérbio, adjunto adverbial de afirmação)

Texto originalmente publicado em https://www.infoescola.com/portugues/particula-se/



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Sempre abrir.

  1. Período simples e composto



Por Daniela Otsuka

Graduação em Letras Português e Inglês (Universidade Presbiteriana Mackenzie, 2010)

Período é a frase organizada com uma ou mais orações e orações é a frase que se divide em sujeito e predicado, que são os termos principais ou essenciais da oração.

De maneira resumida, o sujeito é o termo que representa o ser sobre o qual se faz referência e o predicado, é o termo que contém o verbo e representa aquilo que se diz do sujeito.

O período da oração pode ser classificado em simples e composto:

    1. Período Simples

É aquele formado por apenas uma oração. Exemplos:

A chuva forte derrubava todas as árvores da rua.

O dia está maravilhoso!

Fabiana acordou seu irmão cedo para seu aniversário.

Letícia passou no vestibular.

    1. Período Composto

É aquele formado por duas ou mais orações. Exemplos:

Não imaginei que fosse demorar tanto assim para te ver.

Conversamos com calma, quando eu voltar.

Carina levantou e foi direto para a televisão.

Preciso que me empreste sua blusa.

O período composto, também, é classificado em:

  1. Período composto por coordenação

Quando as orações são independentes, cada uma delas têm sentido completo e são formadas por orações coordenadas. Exemplos:

Alice veio, gostou e ficou para sempre.

Perto dela tem metrô, masanda de carro.

Ele não veio nem telefonou.

    1. Período composto por subordinação

Quando uma das orações depende da outra, elas se relacionam e, sem uma delas, o sentido fica incompleto. O Período Composto por Subordinação pode ter o valor de sujeito, complemento nominal, adjunto adverbial, adjunto adnominal; dentro da estrutura da oração principal. Exemplos:

Sofia, que é a melhor aluna de Português, não conseguiu atingir um bom resultado na prova.

Diego não pôde esperar, porque estava atrasado para o curso.

Embora ela fosse teimosa, continuou ouvindo os conselhos dos mais velhos.

O período termina sempre por uma pausa, que se marca na escrita com ponto, ponto de interrogação, reticências ou dois pontos. É importante saber que a oração que forma o período simples é denominada de oração absoluta, já que ela é única. Além disso, todo o período simples ou oração absoluta corresponde a uma frase.

Referência Bibliográfica:

CUNHA, Celso. Gramática do Português Contemporâneo. Belo Horizonte: Bernardo Álvares S. A., 6a ed.1976. 509p.

LIMA, Rocha. Gramática Normativa da Língua Portuguesa. 27 ed. Rio de Janeiro: José Olympio, 1986. 506p.

PASCHOALIN, Maria Aparecida. Gramática: teoria e atividades. 1. Ed. São Paulo: FTD, 2014. 512p.

Texto originalmente publicado em https://www.infoescola.com/portugues/periodo-simples-e-composto/



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Sempre abrir.

  1. Predicado



Por Denyse Lage Fonseca

Especialista em Planejamento, Implementação e Gestão da Educação a Distância (UFF)
Graduação em Letras (Fundação Comunitária de Ensino Superior de Itabira, FUNCESI)

Faça os exercícios!

Segundo Cunha e Cintra (2008, p.136), o predicado é tudo aquilo que se diz do sujeito. Para estudá-lo, propõe-se a leitura da primeira estrofe deste poema, escrito por Carlos Drummond de Andrade:

Lembranças do mundo antigo
Clara passeava no jardim com as crianças.
O céu era verde sobre o gramado,
a água era dourada sob as pontes, outros elementos eram azuis, róseos e alaranjados.
O guarda-civil sorria, passavam bicicletas,...
A menina pisava a relva para pegar um pássaro...

Vamos identificar o predicado dos dois primeiros versos. Em seguida, responda: qual é o núcleo de cada predicado?

a) Clara passeava no jardim com as crianças. (Sujeito / Predicado)

O núcleo do predicado é o verbo passeava, que indica a ação praticada por Clara. Note que ele acrescenta uma informação relevante ao sujeito. Por isso, é chamado de verbo significativo.

b) O céu era verde sobre o gramado. (Sujeito / Predicado)

Observe que, no verso acima transcrito, o núcleo do predicado é o estado em que o céu se encontra: verde sobre o gramado. O verbo era tem por propósito unir ao sujeito a característica que a ele é atribuída. Por isso, é chamado de verbo de ligação.

Para comparar: O “verbo significativo” funciona como núcleo, por comportar a ideia principal presente no predicado, o qual recebe o nome de “predicado verbal”. Já o “verbo de ligação” apenas faz a ponte entre o sujeito e a sua característica, a qual corresponde ao núcleo do chamado “predicado nominal”.

Serão examinados, a seguir, outros exemplos dos dois tipos de predicado.

Predicado Nominal: Sujeito + verbo de ligação + característica/estado

A população permanece apreensiva diante da possibilidade de novos tornados. (Sujeito / Predicado)

Note que o verbo permanece liga a população ao estado em que ela se encontra apreensiva. Outros exemplos de verbos que, dependendo do contexto, podem funcionar como de ligação: ser, estar, parecer, continuar, ficar.

Predicado verbal: Sujeito + verbo significativo + complemento verbal

a) Núcleo do predicado - verbo intransitivo:

Depois de um mês internado, ele morreu no hospital. (Sujeito / Predicado)

b) Núcleo do predicado - verbo transitivo direto:

Aquela renomada papelaria oferece bons descontos. (Sujeito / Predicado)

c) Núcleo do predicado - verbo transitivo indireto:

Todos os funcionários necessitam de capacitação. (Sujeito / Predicado)

d) Núcleo do predicado: verbo transitivo direto e indireto

A empresa enviou cestas de Natal a todas as crianças do bairro. (Sujeito / Predicado)

ATENÇÃO: Vale ressaltar que um mesmo verbo pode funcionar ora como de “ligação”, ora como “significativo”, dependendo do contexto em que estiver inserido. Analise:

VL (Verbo de ligação) – VS (Verbo significativo)

  • Meu pai ficou me esperando na saída da escola. (VS)

  • Ele ficou angustiado após ser demitido. (VL)

  • Andei três quilômetros para chegar a sua casa. (VS)

  • Ando muito preocupado com as notas de meu filho. (VL)

  • Estava muito feliz com a proximidade de seu casamento. (VL)

  • Meu marido ainda estava no trabalho, quando eu cheguei em casa. (VS)

  • Apesar do cansaço físico, continuaram a caminhar. (VS)

  • Embora tenham sido questionados, continuaram em silêncio. (VL)

Referências:
ANDRADE, Carlos Drummond de. Lembranças do mundo antigo. In: ___
Sentimento do Mundo, 1940.

CUNHA, Celso; CINTRA, Luís F. Lindley. O predicado. In: ___ Nova gramática do português contemporâneo. 5.ed. Rio de Janeiro: Lexikon, 2008, p. 146-152.

Texto originalmente publicado em https://www.infoescola.com/portugues/predicado/



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  1. Tipos de predicado



Por Daniele Fernanda Feliz Moreira

Mestre em Ciências Humanas (CEFETRJ, 2014)
Especialista em Linguística, Letras e Artes (CEFETRJ, 2013)
Graduada em Letras - Literatura e Língua Portuguesa (UFRJ, 2011)

Tradicionalmente, distinguimos o predicado de uma oração em três tipos, a depender de que elemento figura como seu núcleo: predicado verbal, predicado nominal e predicado verbo-nominal. Essa não é somente uma questão de nomenclatura, é uma classificação importante que leva em conta quem é o predicador de uma dada oração.

O predicador é o grande organizador da oração, aquele termo ao qual se subordinam todos os outros elementos no entorno; é o elemento que determina quantas posições sintáticas será necessário ocupar oração, que tipo de elementos podem ocupar essas posições, se nomes, se pronomes, se verbos etc.

    1. Predicado verbal

Dessa forma, temos que no predicado verbal o núcleo é um verbo significativo, isto é, um verbo que seleciona entre uma e quatro outras posições sintáticas na mesma oração a serem ocupadas por complementos seus para que a oração tenha sentido completo.

Como, por exemplo, “transferir” na oração “Maria transferiu o dinheiro da conta dela para a minha”, é um verbo significativo que prevê quatro posições sintáticas na sua predicação básica, o que significa dizer que esse é um verbo que necessita da presença de mais outros quatro elementos que completem o seu sentido na frase. Ao passo que em “morrer” em “A flor morreu” é um verbo significativo que prevê apenas uma posição sintática, a de sujeito, para completar seu significado.

    1. Predicado nominal

Já o predicado nominal é aquele que tem como núcleo um nome capaz de predicar, de prever outras posições sintáticas na mesma oração para completar o seu significado. Há verbo nesse tipo de oração, mas não são verbos significativos, são verbos de ligação que apenas cumprem o papel de ligar o predicador ao seu referente, ou o predicativo ao seu sujeito. É nominal qualquer predicado em qualquer oração com verbo de ligação, como no exemplo “A prova estava difícil”, em que o nome adjetivo “difícil” é o predicador da oração, é ele o elemento que prevê uma posição sintática a ser ocupada um ente que receberá essa característica, precisa existir algo para ser chamado de difícil; essa posição é a de sujeito, ocupada no exemplo pelo elemento “A prova”. O verbo nessa frase apenas liga sujeito e seu predicativo.

    1. Predicado verbo-nominal

O predicado verbo-nominal é aquele que conta, em seu núcleo, com um verbo significativo e, ao mesmo tempo, com um predicador nominal. A predicação, nesses casos, não vem só de um elemento, mas de ambos, os dois elementos preveem posição sintática na mesma oração para terem seu significado completo. É o caso de “A chuva caía fina” ou “O povo votou consciente”, em que o verbo prevê uma posição de sujeito e um nome adjetivo também a prevê e essa posição é ocupada pelo mesmo elemento em função sintática de sujeito; na primeira frase “A chuva” é sujeito de “caía” e é também sujeito que recebe característica descrita pelo predicador nominal “fina”. Na segunda frase, “O povo” é sujeito de “votou” e é também o elemento que recebe característica descrita pelo predicador nominal “consciente”.

Bibliografia:

BECHARA, Evanildo. Moderna gramática portuguesa. Rio de Janeiro : Nova Fronteira,. 2009.

Texto originalmente publicado em https://www.infoescola.com/portugues/tipos-de-predicado/


Exercícios - Predicado



Lista de questões de provas de vestibulares e concursos sobre os Predicados na língua portuguesa.
Ler artigo
Predicado.

Exercício 1:

(FMU-SP) Identifique a alternativa em que aparece um predicado verbo-nominal:


Os viajantes chegaram cedo ao destino.

Demitiram o secretário da instituição.

Nomearam as novas ruas da cidade.

Compareceram todos atrasados à reunião.

Estava irritado com as brincadeiras.


Nesta questão, a alternativa em que aparece um predicado verbo-nominal é a letra D - “Compareceram todos atrasados à reunião”. Nesta frase, existem dois núcleos no predicado, um núcleo verbal que é o verbo de ação “compareceram” e um núcleo nominal que é o predicativo do sujeito “atrasados”.

Na letra A o predicado é verbal, pois o núcleo é a forma verbal “chegaram” (verbo de ação).

Na letra B, o predicado também é verbal, pois tem como núcleo o verbo de ação “demitiram”.

Na letra C o predicado também é verbal, pois tem como núcleo a forma verbal “nomearam”, outro verbo de ação.

Na letra E, o verbo é de ligação “estava”, e portanto não é núcleo do predicado. O predicado será nominal, pois terá como núcleo o predicativo do sujeito “irritado”.

Exercício 2:

Todas as orações a seguir apresentam predicado verbo-nominal, exceto:


O menino voltou machucado.

Cansados, os jogadores deixaram o campo.

Chamavam-lhe de covarde.

Assistiram ao espetáculo, felizes, Clarissa e Carolina.

Era medrosa aquela criança.


Nesta questão, a única frase que não apresenta predicado verbo-nominal é a letra E - “Era medrosa aquela criança”, pois nesta frase há apenas um verbo de ligação (que não pode ser núcleo) e um predicativo do sujeito, que é a palavra “medrosa” e constitui o núcleo nominal do predicado. Sendo assim, o predicado desta frase é nominal.

As demais alternativas todas possuem núcleos verbais (verbos de ação) e núcleos nominais (predicativos), que são respectivamente: na letra A: “voltou” (núcleo verbal) e “machucado” (núcleo nominal); letra B: “cansados” (núcleo nominal) e “deixaram” (núcleo verbal); letra C: “chamavam” (núcleo verbal) e “covarde” (núcleo nominal) e letra D: “assistiram” (núcleo verbal) e “felizes” (núcleo nominal).

Exercício 3:

Assinale a opção em que o termo destacado foi corretamente analisado:


Todo aquele amor deixava-o insensível (predicativo do objeto).

Carlos chegou cansado (adjunto adverbial)

O diretor nomeou Julia primeira bailarina (predicativo do sujeito).

Todos lhe chamavam ladrão! (predicativo do sujeito).

Clara considera Adriano inteligente. (predicativo do sujeito)


Na letra A o termo “insensível” está corretamente analisado como PREDICATIVO DO OBJETO, pois é uma qualidade apontada para o OBJETO DIRETO, que está assinalado pelo pronome “o” em “deixava-o”. Esta alternativa deve ser assinalada como a resposta da questão.

Os demais termos destacados estão classificados inadequadamente. A forma correta de classificá-los seria:

Letra B: o termo “cansado”, na verdade é um PREDICATIVO DO SUJEITO, pois aponta para o sujeito “Carlos” e não um adjunto adverbial.

Letra C: o termo destacado “primeira bailarina” é, na verdade, um PREDICATIVO DO OBJETO, pois aponta para o OBJETO DIRETO “Julia” e não para o SUJEITO da oração.

Letra D: o termo “ladrão”, que está sublinhado, não é um predicativo do sujeito “todos” e sim um PREDICATIVO DO OBJETO, pois aponta para o objeto “lhe”.

Letra E: o termo “inteligente”, na verdade, se refere ao objeto direto “Adriano” e não ao sujeito “Clara”, sendo, portanto, classificado como PREDICATIVO DO OBJETO e não predicativo do sujeito.

Exercício 4:

Considere os seguintes trechos:

I – Juliana ficou em casa.
II – Juliana ficou doente.
III – Juliana estava triste.


No trecho I, o verbo é intransitivo, pois o verbo ficar, neste caso, opõe-se a sair, logo o predicado é verbal.

Nos trechos II e III, o predicado é nominal, pois o verbo, de ligação em ambos os casos, ligam os sujeitos aos seus predicativos.

Nos trechos I e II, o predicado é nominal, pois o verbo “ficar” sempre é de ligação.

No trechos I e III, o predicado é verbo-nominal, pois o verbo é de ação e o seu complemento, é um predicativo do sujeito.

Nos três trechos, o verbo é de ligação, portanto, o predicado é nominal.

Só o trecho I tem como núcleo do predicado um verbo.


Considerando as três frases enumeradas: I – Juliana ficou em casa; II – Juliana ficou doente e III – Juliana estava triste, devem ser assinaladas as afirmativas corretas.

A afirmativa 1 é VERDADEIRA pois explica que o verbo FICAR na primeira frase não é um verbo de ligação e sim um verbo de ação, pois expressa a ação de ficar, que é contrária a ação de sair. Classifica o verbo como intransitivo, pois não necessita de complementos verbais.

A afirmativa 2 é VERDADEIRA pois os verbos presentes nas frases II e III são de ligação, e os adjetivos “triste” e “doente” são predicativos.

A afirmativa 4 é FALSA pois na frase I o predicado é verbal, pois o verbo “ficar” na frase I é intransitivo e não de ligação, sendo, portanto, núcleo do predicado.

A afirmativa 8 é FALSA pois em I o predicado é verbal, já que possui apenas um núcleo verbal e não possui núcleo nominal, e em III o predicado é nominal, pois possui apenas um núcleo nominal (triste - predicativo do sujeito) e o verbo é de ligação. Outro equívoco é dizer que os verbos são de ação e os seus complementos são predicativos do sujeito. Em nenhuma das duas frases é verdadeira esta afirmativa. Em I temos VERBO INTRANSITIVO (sem complemento) e em III temos VERBO DE LIGAÇÃO + PREDICATIVO DO SUJEITO.

A afirmativa 16 é FALSA pois no primeiro trecho o verbo não é de ligação e sim de ação - INTRANSITIVO.

A afirmativa 32 é VERDADEIRA pois de fato só o primeiro trecho tem como núcleo um verbo. Os demais tem como núcleos do predicado dois PREDICATIVOS.

Exercício 5:

Assinale as alternativas corretas, de acordo com a classificação das frases entre parênteses.


Eles querem o carro. (predicado verbal)

Os garotos chegaram cansados ao museu. (predicado verbo-nominal).

O rei tornou-se ladrão. (predicado verbal)

Os bêbados, furiosos, viraram a mesa do bar. (predicado nominal)

O pobre mendigo, depois de receber a herança que lhe era devida, virou rei. (predicado nominal)


Da mesma forma que o exercício anterior, este exercício pede que sejam assinaladas as afirmativas corretas.

A afirmativa 1 é VERDADEIRA. O predicado da frase é verbal pois o núcleo é a forma verbal “querem” (verbo de ação) e não possui núcleo nominal.

A afirmativa 2 é VERDADEIRA pois de fato possui dois núcleos, um núcleo verbal - “chegaram” (VERBO DE AÇÃO) - e um núcleo nominal - “cansados” (PREDICATIVO DO SUJEITO).

A afirmativa 4 é FALSA pois o núcleo do predicado não é verbo-nominal, já que o verbo “tornou-se” é de ligação e não pode ser núcleo. O predicado é NOMINAL e tem como núcleo o PREDICATIVO DO SUJEITO “ladrão”.

A afirmativa 8 é FALSA pois o predicado não pode ser nominal, já que não possui predicativo, e portanto não possui núcleo nominal. O predicado é VERBAL, e o seu núcleo é a forma verbal “viraram”.

A afirmativa 16 é VERDADEIRA pois o predicado é nominal e tem por núcleo o PREDICATIVO DO SUJEITO “rei”. O verbo “virou” neste caso é de ligação, pois corresponde a “tornou-se”.



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  1. Predicado nominal



Por Suelen N. Vicente

Graduada em Letras-Português (UFSC, 2013)

Chamamos de predicado nominal a oração cujo núcleo é um nome, ou seja, um substantivo, adjetivo ou pronome, que indica a qualidade ou o estado do sujeito.

O predicado nominal é composto pela seguinte estrutura: sujeito + verbo de ligação + predicativo do sujeito. O núcleo do predicado nominal é o predicativo do sujeito.

Exs.:

  • Os meninos eram brincalhões.

  • A margarida é uma flor.

  • O caminho está tranquilo.

  • Maria está radiante!

  • João parece feliz.

Verbo de ligação: Os verbos de ligação, como o próprio nome diz, estabelecem uma ligação entre o sujeito e o elemento que expressa qualidades ao sujeito, chamado de predicativo do sujeito. Os principais verbos de ligação são: ser, estar, parecer, permanecer, ficar, andar, continuar.

Exs.:

  • A floresta continua bonita.

  • Você parece muito bem!

Predicativo: o predicativo é o elemento que qualifica ou indica o estado do sujeito ou do objeto.

Predicativo do sujeito: indica a qualidade ou o estado do sujeito. Geralmente o predicativo do sujeito é ligado ao sujeito por meio de um verbo de ligação.

Exs.:

  • O céu é azul. (sujeito / predicativo do sujeito)

Bibliografia:
CEGALLA, Domingos Paschoal.
Novíssima gramática da língua portuguesa. 41 ed. São Paulo: Editora Nacional, 1998.
SOUZA, Jésus Barbosa de; CAMPEDELLI, Samira Youssef.
Minigramática. 2 ed. São Paulo: Editora Saraiva, 2000.

Texto originalmente publicado em https://www.infoescola.com/portugues/predicado-nominal/



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  1. Predicado verbal



Por Suelen N. Vicente

Graduada em Letras-Português (UFSC, 2013)

Chamamos de predicado verbal quando o núcleo do predicado é um verbo ou uma locução verbal.

Exs.:

  • Caminhei com a minha mãe ontem.

  • Maria comprou muitas roupas naquela loja.

  • João e Maria estão brincando no balanço.

Os verbos dividem-se em intransitivos e transitivos (diretos ou indiretos).

Verbos intransitivos: São aqueles que não necessitam de um complemento e constituem o predicado sozinhos.

Exs.:

  • Pedro cantou.

  • Maria viajou.

  • O bebê de Maria nasceu ontem.

  • As flores desabrocharam.

  • Rita cantou na festa.

Observação: Mesmo não necessitando de um complemento, os verbos intransitivos podem vir acompanhados de alguns elementos, como no terceiro exemplo, acima. Contudo, esses elementos, chamados de predicativo ou adjuntos adverbiais, dentre outros, não fazem parte da predicação do verbo. Se o verbo é intransitivo, os elementos que o seguem não são seus complementos, mas sim outros termos.

Verbos transitivos: São os verbos que necessitam de um complemento, ou seja, não podem constituir o predicado sozinhos. Eles dividem-se em transitivos diretos, transitivos indiretos e transitivos diretos e indiretos.

1) Verbos transitivos diretos: São aqueles que necessitam de um complemento sem precisar de uma preposição. O seu complemento é chamado de objeto direto.

Exs.:

  • Maria comeu uma maçã.

  • Juliana comprou uma bolsa.

  • Carlos odeia chuchu.

  • Maria abraçou o Pedro.

  • Joana detesta aranhas.

2) Verbos transitivos indiretos: São aqueles que necessitam de um complemento, chamado de objeto indireto, e são ligados a seus complementos por meio de uma preposição.

Exs.:

  • Maria gosta de Pedro.

  • Você está sabendo de alguma coisa?

  • Douglas participou da reunião de condomínio.

  • A menina precisou de ajuda.

3) Verbos transitivos diretos e indiretos (bitransitivos): São os verbos que necessitam de dois complementos: um objeto direto, ou seja, complemento sem preposição; e um objeto indireto, complemento ligado ao verbo por preposição.

Exs.:

  • João colocou o livro na estante.

  • João deu um presente à Maria.

  • Maria mostrou suas joias à Sofia.

  • João emprestou o livro à Maria.

  • Marina ofereceu um bombom a uma criança.

Observação: O mesmo verbo pode ser usado ora transitivamente ora de forma intransitiva, dependendo do sentido da frase.

Exs.:

  • Deram onze horas. (intransitivo)

  • A macieira maçãs suculentas. (transitivo direto)

Bibliografia:
CEGALLA, Domingos Paschoal.
Novíssima gramática da língua portuguesa. 41 ed. São Paulo: Editora Nacional, 1998.
SOUZA, Jésus Barbosa de; CAMPEDELLI, Samira Youssef.
Minigramática. 2 ed. São Paulo: Editora Saraiva, 2000.

Texto originalmente publicado em https://www.infoescola.com/portugues/predicado-verbal/



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  1. Predicado verbo-nominal



Por Suelen N. Vicente

Graduada em Letras-Português (UFSC, 2013)

O predicado verbo-nominal é o predicado composto por um verbo e por um nome.

Exs.:

  • João comeu o bolo faminto.

No exemplo acima, o predicado é constituído por um verbo (comer) e por um predicativo. Neste caso, o predicativo refere-se ao sujeito, ou seja, “faminto” está qualificando João quando comeu o bolo.

O predicativo verbo-nominal pode ocorrer tanto com verbos intransitivos, quanto com verbos transitivos. Quando o verbo for transitivo, ou seja, se possuir um complemento (objeto direto ou indireto), o predicativo também pode referir-se ao objeto, neste caso, chamamos de predicativo do objeto.

Exs.:

  • Maria caiu desajeitada.

  • Joana comeu o doce feliz.

  • Carlos falou sobre sua namorada empolgado.

  • Karina fez um bolo recheado.

  • Maria bebeu café frio.

Bibliografia:
CEGALLA, Domingos Paschoal.
Novíssima gramática da língua portuguesa. 41 ed. São Paulo: Editora Nacional, 1998.
SOUZA, Jésus Barbosa de; CAMPEDELLI, Samira Youssef.
Minigramática. 2 ed. São Paulo: Editora Saraiva, 2000.

Texto originalmente publicado em https://www.infoescola.com/portugues/predicado-verbo-nominal/



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  1. Predicação verbal



Por Cynthia Cordeiro Chalegre

Graduada em Letras-Português (USP, 2011)

Faça os exercícios!

Predicado é o termo da oração que desempenha o papel de fazer uma declaração sobre algo ou alguém; tal função é denominada predicação. Ao identificarmos o elemento que exerce a função de núcleo do predicado, podemos, também, determinar o tipo de predicação presente na oração. Nesse sentido, se identificamos um verbo como elemento nuclear na formação do predicado, temos uma predicação verbal.

Entretanto, a predicação verbal tem como núcleo dessa declaração um verbo significativo, ou seja, um verbo que traz uma ideia nova sobre o sujeito. Por essa razão, os verbos de ligação (ou copulativos) não participam do processo de predicação verbal, pois não introduzem uma ação, mas o estado do sujeito. Assim, desempenham a função de introduzir o predicativo do sujeito na oração e formam o tipo de predicado nominal.

Porém, é necessário dedicar atenção especial a esses casos e ao contexto em que são aplicados os verbos, pois ora eles atuam como verbos de ligação (ou copulativos), ora como verbos significativos. Veja exemplos dos verbos ficar, estar continuar, andar e viver para entender essa diferença:

- Rodrigo ficou doente na madrugada antes da prova. (doente = predicativo do sujeito)
- Fiquei na sala enquanto esperava o atendimento.

- As mesas e cadeiras estão deterioradas. (deterioradas = predicativo do sujeito)
- Estavas em casa naquela tarde.

- As flores continuam exuberantes. (exuberantes = predicativo do sujeito)
- Continuamos a marcha em direção à prefeitura.

- Daniel anda cabisbaixo, os amigos vivem preocupados com ele. (anda e cabisbaixo = predicativos do sujeito)
- Andei muito hoje. Vivo bem nesta cidade.

Em cada par de orações, temos o seguinte:

  1. nas primeiras, o verbo se comporta como verbo de ligação e introduz um predicativo do sujeito;

  2. nas segundas, o verbo se comporta como significativo, ou seja, introduz uma informação nova e forma o predicado verbal.

Vale lembrar quais são os principais verbos de ligação: ser, estar, permanecer, ficar, tornar-se, andar (no sentido de estado circunstancial = anda cabisbaixo), parecer, virar, continuar, viver (expressa um estado constante = vivem preocupados).

    1. Transitividade verbal

Para que se compreenda qual é o tipo de predicação estabelecida na oração, é importante entender, também, o conceito de transitividade verbal, processo por meio do qual a ação verbal se transmite (ou transita) a outros termos da oração, que atuam como seus complementos.

Dessa forma, quanto à predicação, os verbos apresentam a seguinte classificação: 1) verbos intransitivos; 2) verbos transitivos diretos, indiretos, e diretos e indiretos (bitransitivos).

  1. Verbos intransitivos

Há verbos cujos sentidos não dependem de complementos, pois eles já contêm em si mesmos uma ideia, uma ação. Esses verbos apresentam, portanto, predicação completa e classificam-se como verbos intransitivos. Veja os exemplos:

Nossas encomendas chegaram.
As plantas
morreram.
Os peixes
nadam.
Em agosto, as cerejeiras
florescem.

Observe que, para a compreensão da informação sobre o sujeito das orações acima, não necessitamos de outros complementos além do verbo. Isso é possível porque os verbos destacados apresentam ideia de ação completa.

    1. Verbos transitivos

Por outro lado, há verbos que trazem consigo a necessidade de complementação por outros termos para formarem o predicado. São verbos que apresentam predicação incompleta e são denominados verbos transitivos. Veja exemplos:

José puxou a rede no fim da tarde.
No sábado, nós
assistimos ao desfile.
Eu
comprei os melhores livros da promoção.
Sebastião
encontrou o dinheiro embaixo da cama.

Percebe-se que os verbos acima, sem os respectivos complementos, apresentam informação incompleta. A fim de facilitarmos a identificação do verbo quanto à predicação, podem-se fazer perguntas a ele: puxou - o quê? Assistimos - a quê? Comprei - o quê? Encontrou – o quê?

As perguntas acima indicam que a relação entre os verbos transitivos e os complementos pode se estabelecer de diferentes modos. Em algumas vezes, os verbos ligam-se aos complementos diretamente (verbos puxar e comprar); outras vezes, o próprio verbo transitivo irá indicar o uso de uma preposição que faça essa ligação (verbo assistir “solicita” a preposição "a" antes do complemento – verbo encontrar).

Por isso, os verbos transitivos classificam-se em a) diretos, b) indiretos, e, também, c) diretos e indiretos (bitransitivos):

  1. Verbos transitivos diretos

São os verbos cuja relação com o seu complemento é construída de modo direto, ou seja, sem a presença de preposições que se interponham entre eles. Assim, nessa relação, o complemento verbal é denominado objeto direto. Considere os seguintes exemplos:

João trazia suas ferramentas na mala.
(
trazia = verbo transitivo direto / suas ferramentas = objeto direto)

Nós adotamos os cães.
(
adotamos = verbo transitivo direto / os cães = objeto direto)

Naquela noite, ela usou o longo vestido negro.
(
usou = verbo transitivo direto / o longo vestido negro = objeto direto)

Comprei o terreno e construí a casa.
(
comprei e construí = verbos transitivos diretos / um terreno e a casa = objetos diretos)

    1. Verbos transitivos indiretos

São aqueles que necessitam de uma preposição para se ligarem ao complemento verbal, fazendo com que a relação entre eles seja estabelecida de modo indireto. Seu complemento denomina-se, portanto, objeto indireto. Veja exemplos:

Os filhos obedecem aos pais.
(
obedecem a - obedecer a = verbo transitivo indireto / os pais = objeto indireto)

Ansiava pelo novo dia que vinha nascendo.” (Fernando Sabino)
(
ansiava por - ansiar por = verbo transitivo indireto / o novo dia = objeto indireto)

Ele crê na sua absolvição em breve.
(
crê em - crer em = verbo transitivo indireto / a sua absolvição = objeto indireto)

Observe que nos casos acima as preposições e os artigos estão contraídos, ou seja, estão unidos para que formem uma única palavra, mesmo que em alguns casos sofram alguma redução. Veja como foram construídos:

Obedecem aos pais = prep. a + art. definido os

Ansiava pelo novo dia = prep. por + art. definido o

Ele crê na sua absolvição = prep. em + art. definido a

    1. Verbos transitivos diretos e indiretos (bitransitivos)

São verbos que necessitam de dois complementos, dois objetos - direto e indireto, respectivamente - para transmitirem a ação verbal. Alguns exemplos:

Dona Rosa oferecia refeições aos pobres.
(oferecia – oferecer = verbo transitivo direto e indireto / refeições = objeto direto / aos pobres = objeto indireto)

A professora ensinou a matéria aos alunos.
(ensinou – ensinar = verbo transitivo direto e indireto / a matéria = objeto direto / aos alunos = objeto indireto)

Sem que fosse visto, o menino entregou a carta ao pai.
(entregou – entregar = verbo transitivo direto e indireto / a carta = objeto direto / ao pai = objeto indireto).

Percebe-se que, nos exemplos acima, os verbos “solicitam” que o complemento indique: o que se oferecia (refeições) e a quem (aos pobres); o que se ensinou (a matéria) e a quem (os alunos); e o que se entregou (a carta) e a quem (o pai).

    1. Transitividade verbal e o contexto de utilização dos verbos

Em alguns casos, é o emprego do verbo na oração que vai determinar a sua transitividade. Ou seja, alguns verbos podem apresentar variação na transitividade a depender do contexto em que forem utilizados. Um exemplo disso é o verbo pagar. Veja exemplos:

Ronaldo pagou o boleto.
(verbo transitivo direto)

O menino pagou ao vendedor.
(verbo transitivo indireto)

Paguei o ordenado ao meu funcionário.
(verbo transitivo direto e indireto)

Bibliografia:

ABAURRE, M. L. M.; ABAURRE, M. B. M.; PONTARA, M. Português: contexto, interlocução e sentido. Manual do professor. Vol. 2. São Paulo: Moderna, 2008. 864p.

CEGALLA, D. P. Nova Minigramática da Língua Portuguesa – Novo Acordo Ortográfico. 3ª ed. São Paulo: Companhia Editora Nacional, 2009. 409 p.

CUNHA, C.; CINTRA, L. Nova Gramática do Português Contemporâneo. 6ª ed. Rio de Janeiro: Lexikon, 2013. 800 p.

Texto originalmente publicado em https://www.infoescola.com/portugues/predicacao-verbal/

  1. Exercícios - Predicação verbal



Lista de questões de vestibulares e concursos sobre a predicação verbal.
Ler artigo
Predicação verbal.

Exercício 1:

(Medicina Santa-Casa) Observe as seguintes frases:

I – Pedro pagou os tomates.
II – Pedro pagou os feirantes.
III – Pedro pagou os tomates ao feirante.


Estão corretas apenas a I e a II, pois o verbo PAGAR é transitivo direto.

A II está errada, porque, quando PAGAR tem por objeto um nome de pessoa é transitivo indireto (o certo seria “ao feirante”)

Apenas a I está correta.

A frase II é a única correta e PAGAR é transitivo direto nesta frase.

Todas as frases estão construídas conforme as regras de regência do verbo PAGAR.


A respeito das três frases apresentadas, deve ser marcada a alternativa correta.

A resposta da questão é a letra B - A II está errada, porque, quando PAGAR tem por objeto um nome de pessoa é transitivo indireto (o certo seria “ao feirante”).

A letra A está errada, pois estão corretas I e III.

A letra C está errada pois a frase III também está correta.

A letra D está errada, pois a frase II é a única errada, neste caso o verbo “pagar” é transitivo indireto.

A letra E está errada, pois a frase II não obedece à regência do verbo “pagar”.

Exercício 2:

(UECE) Em “Cuspi no chão com um nojo desgraçado daquele sangue...”, o verbo cuspir é:


intransitivo.

transitivo direto.

transitivo direto e indireto.

transitivo indireto.


Deve ser marcada a transitividade correta do verbo cuspir em: “Cuspi no chão com um nojo desgraçado daquele sangue...”.

A resposta correta é a letra A - intransitivo, pois não necessita de complemento verbal.



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  1. Verbo intransitivo



Por Denyse Lage Fonseca

Especialista em Planejamento, Implementação e Gestão da Educação a Distância (UFF)
Graduação em Letras (Fundação Comunitária de Ensino Superior de Itabira, FUNCESI)

Para a conceituação do “verbo intransitivo”, propõe-se a leitura do poema Neologismo, escrito por Manuel Bandeira:

Neologismo
Beijo pouco, falo menos ainda.
Mas invento palavras
Que traduzem a ternura mais funda
E mais cotidiana.
Inventei, por exemplo, o verbo teadorar.
Intransitivo:
Teadoro, Teodora.

Perceba que o eu poético utilizou um neologismo [fenômeno linguístico que intitula o poema e cuja definição se encontra mais precisamente no quinto verso, Inventei, por exemplo, o verbo teadorar.] para expressar a adoração pela amada. O verbo teadorar foi criado, tomando como referência a fala cotidiana, conforme sugere o quarto verso, visto que comumente é dito de modo informal, “te adoro” e, não, “adoro-a” (menos íntimo e, por isso mesmo, menos afetivo). Soma-se a isso a interessante combinação sonora entre o neologismo teadoro (junção do pronome com o verbo) com o nome da amada Teodora, a quem se dirige o poema. Note que o verbo teadorar é concebido como intransitivo. No entanto, de acordo com a gramática de nossa língua, “adorar” é um verbo transitivo direto, pois quem adora, adora algo ou alguém. Então, qual é o significado da referida acepção? Pela leitura, pode-se aferir que adorar é um sentimento completo, que traduz a ternura mais funda e mais cotidiana. Nesse contexto poético, deduz-se que teadorar é um verbo intransitivo, visto que a ideia a ele inerente, basta por si só, isto é, não necessita de termos que complementem o seu sentido. Adora-se e pronto!

Diante do exposto, tem-se o seguinte conceito para o “verbo intransitivo”: verbo significativo (núcleo do predicado), cujo sentido é completo. A ação restringe-se ao verbo. Por isso, não exige a presença de complementos. A própria terminologia em si constitui-se de um prefixo indicador de negação “in”. Sob esse aspecto, “intransitivo” é aquilo que não transita. Não há a transição da ideia verbal para o seu complemento.

Observe outras ocorrências do tipo de verbo em foco:

Durante a madrugada, o cachorro latiu ferozmente.

É válido elucidar que, na frase acima, a palavra “ferozmente” não foi empregada para completar o sentido do verbo intransitivo “latir”. O seu objetivo é indicar o modo com que o cachorro estava latindo. Já o trecho deslocado para o princípio da frase “durante a madrugada” tem o propósito de revelar o tempo em que ocorreu a ação verbal. Nessa perspectiva, é importante ressaltar que o verbo intransitivo pode vir, sim, acompanhado de determinadas palavras ou expressões, cuja presença não é obrigatoriamente exigida por ele. As referidas expressões têm por finalidade apresentar apenas as circunstâncias em que seu deu a ação.

Vale enfatizar que a predicação de um mesmo verbo (transitivo direto, transitivo indireto ou intransitivo) pode variar conforme o contexto em que a frase se insere. Compare:

  1. Embora tenha sido questionado, o rapaz não falou a verdade.

  2. Durante a aula, o professor advertiu a aluna, quando ela falava com o colega.

  3. Apesar de ser formado em Jornalismo, ele não fala adequadamente.

Constate que, na letra “a”, houve a necessidade da complementação da ideia expressa pelo verbo “falou”, feita de forma direta. “O rapaz falou o quê?”: “a verdade”. Com relação à letra “b”, nota-se que foi preciso especificar com quem a aluna falava para explicar o porquê da advertência realizada pelo professor. Quem fala, fala com alguém. Nesse caso, a intermediação foi feita pela preposição “com”. E, por fim, na letra “c”, percebe-se a ocorrência do verbo intransitivo “fala”, referindo-se se à habilidade humana em si. Por isso, não depende de complemento. A palavra “adequadamente” indica apenas o modo com que ele não fala. Em suma, o olhar atento para o contexto da situação comunicativa, é imprescindível para se perceber a questão da (in) transitividade verbal.

Referências:
BANDEIRA, Manuel. Neologismo. In:
Estrela da Vida Inteira. Rio de Janeiro: José Olympio, 1986.

CUNHA, Celso; CINTRA, Luís F. Lindley. Verbos intransitivos. In: ___ Nova gramática do português contemporâneo. 5.ed. Rio de Janeiro: Lexikon, 2008, p.149.

Texto originalmente publicado em https://www.infoescola.com/portugues/verbo-intransitivo/



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  1. Verbos transitivos



Por Ariane Soares Pereira da Silva

Pós-graduada em Língua Portuguesa e Literatura (Mackenzie, 2016)
Licenciada em Letras Português-Inglês (FMU, 2012)

Os verbos transitivos são aqueles que vêm acompanhado de objeto, isto é, complemento. Esse objeto é o ser em que termina ou para onde se dirige a ação verbal que vem do sujeito.

O sentido desse verbo transita; ele integra-se aos complementos para adquirir sentido completo.

Os verbos transitivos podem ser diretos, indiretos ou diretos e indiretos.

  1. Verbos transitivos diretos

Os verbos transitivos diretos são aqueles que vêm com complemento ligado ao verbo de forma direta, sem preposição obrigatória. O seu complemento é o objeto direto.

Exemplo: O pedreiro construiu a casa.

construiu: verbo transitivo direto
a casa: objeto direto.

O verbo “construiu” não exige preposição, mas necessita de complemento para completar o seu sentido na frase.

    1. Verbos transitivos indiretos

Os verbos transitivos indiretos são aqueles que vêm com complemento ligado ao verbo de forma indireta, com preposição. O seu complemento é o objeto indireto.

Exemplo: A criança obedece às regras escolares.

obedece: verbo transitivo indireto
às regras escolares: objeto indireto.

O verbo “obedece” exige complemento para completar o seu sentido na frase, afinal, quem obedece, obedece a.

    1. Verbos transitivos diretos e indiretos

Os verbos transitivos diretos e indiretos (também chamados de bitransitivos) são aqueles que vêm com dois complementos, sem e com preposição. Os seus complementos são: objeto direto e indireto.

Exemplo: Danilo ofereceu flores brancas à noiva.

oferece: verbo transitivo direto e indireto.
flores brancas: objeto direto
à noiva: objeto indireto.

A ação expressa pelo verbo “ofereceu” transita para os outros elementos da frase, de forma direta e indiretamente. Isto é, o verbo exige objeto direto e indireto para completar o seu sentido na frase.

Fontes:

CELSO, C; LINDLEY, C. Nova gramática do português contemporâneo. 6 ed. Rio de Janeiro: Lexikon, 2009. p. 150-151.

HILDEBRANDO. A. A. Gramática ilustrada. 2 ed. São Paulo: Editora Moderna, 1991. p. 230.

Texto originalmente publicado em https://www.infoescola.com/portugues/verbos-transitivos/



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  1. Verbo transitivo direto



Por Denyse Lage Fonseca

Especialista em Planejamento, Implementação e Gestão da Educação a Distância (UFF)
Graduação em Letras (Fundação Comunitária de Ensino Superior de Itabira, FUNCESI)

O verbo transitivo direto é um verbo significativo que, como o próprio nome sugere, faz a transição da ideia, por ele expressa, para o seu complemento, de forma direta, isto é, sem a intermediação de uma preposição.

Relembrando o conceito de preposição: palavra que une dois termos, visando ao estabelecimento de diferentes relações entre eles. Sob esse prisma, o significado do primeiro termo é explicado ou completado pelo segundo. São exemplos de preposição de uso recorrente: com, em, sem, para, de, após, como, até, desde...

Aplicando o conceito:

A pousada se localiza em um lugar bem distante do centro da cidade.

Vale elucidar que, no exemplo acima apresentado, há também a preposição “do”, que é formada pela junção (de + o) e a preposição “da”, que é a versão feminina da primeira.

A seguir, serão apresentados diversificados exemplos do referido verbo:

Aquela senhora conhece diferentes tipos de orquídea.

Aquela senhora conhece o quê? Diferentes tipos de orquídea. Quem conhece, conhece alguma coisa ou alguém. Repare que o verbo “conhecer” transmite a sua ideia ao seu complemento, de modo direto, isto é, sem o auxílio da preposição.

Veja, agora, a transitividade verbal direta na construção de um texto:

Era sábado de manhãzinha. Dona Laura, a simpática senhora querida por todos no bairro, levantou-se, arrumou a cama, lavou o rosto, escovou os dentes e os cabelos. Havia tomado a seguinte decisão: prepararia um delicioso bolo de chocolate para a comemoração do aniversário de seu amado esposo, que seria no domingo. Seria surpresa. Ele nem suspeitaria, já que chegaria de viagem somente à noite. Foi ao supermercado e comprou: farinha de trigo, chocolate em pó e granulado, leite, ovos, refrigerante e até balões. Resolveu que prepararia, também, cajuzinho, o doce predileto do esposo. Por isso, comprou: açúcar refinado e amendoim. Preparou o bolo e o doce com muito esmero. Era uma primorosa cozinheira. Escondeu as delícias na casa da vizinha. E, no dia seguinte, foi aquela surpresa para o maridão! [...] (Texto elaborado pela autora deste artigo).

A história, acima contada, apresenta inúmeros verbos indicadores de ações, praticadas pela personagem Dona Laura, algo característico nos gêneros de texto, em que há o predomínio das sequências narrativas. A maior parte dos verbos se encontra no tempo passado, visto que se conta algo que já aconteceu sob o olhar do (a) narrador (a). Além disso, a maior parte deles faz a transição de seu significado, de maneira direta, para os seus complementos, isto é, são transitivos diretos. Primeiramente, eles foram utilizados para enumerar as ações realizadas pela senhora, logo após se levantar: “arrumou”, “lavou”, “escovou”. Posteriormente, para elencar o que foi comprado por ela para preparar as delícias para o marido. Outros exemplos deste tipo de verbo são: “havia tomado”, “prepararia/preparou”, “resolveu” e “escondeu”, também, referindo-se a atitudes de Dona Laura.

Para concluir: o verbo transitivo direto tem por finalidade realizar a transitividade (transferência) de seu significado para o seu complemento, de forma direta (sem o acompanhamento de uma preposição).

Referência:
CUNHA, Celso; CINTRA, Luís F. Lindley. Verbos transitivos. In: ___
Nova gramática do português contemporâneo. 5.ed. Rio de Janeiro: Lexikon, 2008, p. 150-151.

Texto originalmente publicado em https://www.infoescola.com/portugues/verbo-transitivo-direto/



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  1. Verbo transitivo indireto



Por Denyse Lage Fonseca

Especialista em Planejamento, Implementação e Gestão da Educação a Distância (UFF)
Graduação em Letras (Fundação Comunitária de Ensino Superior de Itabira, FUNCESI)

O verbo transitivo indireto é um verbo significativo que, como a própria nomeação sugere, faz a transição de sua ideia para o complemento, por meio de uma preposição, ou seja, de forma indireta. Para o estudo do referido tipo de verbo, recomenda-se a leitura atenta deste texto:

De família humilde, filho de lavradores, o jovem Alfredo lutou incansavelmente para poder se ingressar na faculdade. Trabalhava como auxiliar de pedreiro pela manhã e, à tarde, como vendedor em uma loja de materiais de construção. Custeava os próprios estudos e ajudava os pais com as despesas da casa. Apesar de todas as dificuldades, gostava da vida que levava, pois tinha plenas convicções de que um dia se formaria em Engenharia. E esse dia, com o qual sempre sonhou, finalmente chegou... (Texto produzido pela autora do artigo para ilustrar a temática abordada).

Observe os verbos transitivos indiretos, presentes nas sentenças que compõem o texto lido, e perceba a necessidade de serem acompanhados pela preposição:

a) [...] o jovem Alfredo lutou incansavelmente para poder se ingressar na faculdade.

O verbo “lutar” exige o acompanhamento da preposição “para”, pois quem luta, luta por/para algo ou alguém. Nesse caso, “para poder se ingressar na faculdade”. E quem se ingressa, ingressa-se em algo. A forma “na” se encontra na forma aglutinada, oriunda de (em + a).

b) Apesar de todas as dificuldades, gostava da vida que levava [...].

Quem gosta, gosta de alguma coisa. “Alfredo gostava da vida que levava”. Nesse sentido, o verbo “gostar” exige a intermediação da preposição “de”, apresentada sob a forma aglutinada (de + a) no enunciado acima.

c) E esse dia com o qual sempre sonhou, finalmente chegou...

No contexto do enunciado acima, o verbo “sonhar” funciona como transitivo indireto, visto que houve a necessidade do emprego da preposição “com” para especificar com o que o Alfredo sempre sonhou: o dia da formatura em Engenharia.

Cumpre-se frisar a importância de um olhar cuidadoso para o contexto em que a frase está inserida. Isso porque há situações enunciativas em que um mesmo verbo funciona ora como transitivo indireto, por necessitar do auxílio de uma preposição, ora como transitivo direto, por não depender do citado auxílio. Compare essa ocorrência com o verbo “precisar”:

Aquela casa precisa urgentemente de uma reforma.
É preciso comprar um novo computador, pois aquele está ultrapassado.

Note que, na primeira oração, o verbo “precisar” transmite a sua ideia ao complemento “urgentemente de uma reforma”, por meio da preposição “de”, visto que “precisa-se de uma reforma”. Por isso, é um verbo transitivo indireto. Já no segundo exemplo, o verbo “precisar” antepõe outro verbo: “comprar”, indicador de uma ação. Não cabe o uso da preposição, pois inexiste a construção “É preciso de comprar...”. Por isso, nesse caso, o verbo é transitivo direto.

Veja, agora, exemplos em que o mesmo verbo transmite a ideia para o seu complemento, de forma direta e indireta, conforme necessidade de determinada situação comunicativa. Nesse cenário, o verbo é, ao mesmo tempo, transitivo direto e indireto:

Ela entregou o convite de seu casamento a todos os colegas de trabalho.

O verbo “entregar” exigiu dois complementos: o que foi entregue e para quem o foi. O primeiro “o convite de seu casamento” foi dito de forma direta e, o segundo, “a todos os colegas de trabalho”, precisou da intermediação da preposição “a”. Vale reiterar que a presença de um ou mais complementos dependerá da intenção de quem comunica, caso seja relevante a apresentação de especificações.

Para concluir: A transmissão da ideia verbal para o seu complemento pode ser realizada, de maneira direta e/ou indireta. Além disso, como foi elucidado, é imprescindível o direcionamento dos olhares para o contexto em que o verbo se encontra inserido, visto que há situações em que um mesmo verbo pode funcionar ora como indireto, ora como direto. Atente-se!

Referência:

CUNHA, Celso; CINTRA, Luís F. Lindley. Verbos transitivos. In: ___ Nova gramática do português contemporâneo. 5.ed. Rio de Janeiro: Lexikon, 2008, p. 150-151.

Texto originalmente publicado em https://www.infoescola.com/portugues/verbo-transitivo-indireto/



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  1. Verbo bitransitivo



Por Cynthia Cordeiro Chalegre

Graduada em Letras-Português (USP, 2011)

Verbos transitivos são aqueles cuja ação verbal é transmitida (ou transita) do verbo para os seus complementos, dependendo ou não de uma preposição para estabelecer essa relação. Tais verbos, portanto, exigem elementos para que se completem seus significados, pois o processo verbal não está totalmente contido nesses verbos. Desse modo, a ação verbal se transmite (ou transita) aos outros elementos.

Quando temos verbos transitivos diretos e indiretos (verbos bitransitivos) em um predicado verbal, a ação verbal se transmite para o complemento direta e indiretamente, ao mesmo tempo. Na prática, significa que o verbo irá necessitar de dois complementos, ou dois objetos: um sem preposição (objeto direto) e outro com preposição (objeto indireto). Desse modo, são vários os elementos na oração que completam o sentido do enunciado.

Vejamos alguns exemplos de como se estabelece essa relação dentro da oração:

O funcionário comunicou a ocorrência à chefia.
(
comunicou = verbo transitivo direto e indireto / a ocorrência = objeto direto / à chefia = objeto indireto)

Pedro comemorou o aniversário com os amigos.
(
comemorou = verbo transitivo direto e indireto / o aniversário = objeto direto / com os amigos = objeto indireto)

A empresa pagou o ordenado ao funcionário demitido.
(
pagou = verbo transitivo direto e indireto / o ordenado = objeto direto / ao funcionário = objeto indireto)

Dona Maria oferece roupas aos pobres nos dias frios.
(
oferece = verbo transitivo direto e indireto / roupas = objeto direto / aos pobres = objeto indireto)

O professor deu os livros aos alunos.
(
deu = verbo transitivo direto e indireto / os livros = objeto direto / aos alunos = objeto indireto)

Nesses casos, percebe-se que o emprego dos verbos indica a necessidade de mais informações para compreendermos o sentido da oração. Assim, para identificarmos como se constrói a transitividade, a leitura pode nos induzir a algumas perguntas, conforme os exemplos para o verbo informar:

A professora informou as notas dos alunos à diretora.

A professora informou
(o quê?) as notas dos alunos – objeto direto
(a quem?) à diretora – objeto indireto

Alguns verbos, como o próprio informar, admitem outras possibilidades de arranjos entre os complementos verbais, conforme podemos observar:

A professora informou a diretora sobre as notas dos alunos.

Nesse caso, percebemos que houve uma mudança de preposição (sobre) para que se realocasse o complemento as notas dos alunos como objeto indireto.

    1. Variações de transitividade

Importante observar que alguns verbos que se comportam como diretos e indiretos (bitransitivos) em um contexto podem não se comportar desse modo em outro contexto. Isso se deve ao fato de que a determinação da transitividade não se faz isoladamente, mas por meio de uma análise do emprego do verbo em determinado contexto.

Observe o exemplo do verbo perdoar:

Perdoou aos devedores.
(Verbo transitivo indireto /
aos devedores = objeto indireto)

Perdoou as dívidas.
(Verbo transitivo direto /
as dívidas = objeto direto)

Perdoou as dívidas aos devedores.
(Verbo transitivo direto e indireto /
as dívidas = objeto direto / aos devedores = objeto indireto)

Bibliografia:

ABAURRE, M. L. M.; ABAURRE, M. B. M.; PONTARA, M. Português: contexto, interlocução e sentido. Manual do professor. Vol. 2. São Paulo: Moderna, 2008. 864p.

CEGALLA, D. P. Nova Minigramática da Língua Portuguesa – Novo Acordo Ortográfico. 3ª ed. São Paulo: Companhia Editora Nacional, 2009. 409 p.

CUNHA, C.; CINTRA, L. Nova Gramática do Português Contemporâneo. 6ª ed. Rio de Janeiro: Lexikon, 2013. 800 p.

Texto originalmente publicado em https://www.infoescola.com/portugues/verbo-bitransitivo/



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  1. Predicativo



Por Ana Paula de Araújo

Predicativo é o termo que confere ao sujeito ou ao objeto uma qualidade, uma característica. Existem dois tipos de predicativo: o PREDICATIVO DO SUJEITO e o PREDICATIVO DO OBJETO.

PREDICATIVO DO SUJEITO: termo que caracteriza o sujeito da oração.

Ex:

Ela entrou em casa apressada.

PREDICATIVO DO OBJETO: termo que caracteriza o objeto direto da oração.

Ex:

Ela viu um homem apressado.

Dependendo do contexto, alguns verbos não têm em si uma significação definida, ou seja, não são verbos significativos, são apenas verbos de ligação. Por terem um significado apenas gramatical, necessitam de um complemente especial que atribua o principal significado do predicado. Este complemento é o predicativo. O predicativo exprime um estado ou qualidade atribuídos ao sujeito ou ao objeto.

Alguns destes verbos são: SER, ESTAR, FICAR, TORNAR-SE, CONTINUAR, PARECER, etc.

Vários verbos significativos podem também assumir valor de verbos de ligação, como é o caso dos já referidos estar, ficar, andar, permanecer, continuar, parecer, vir.

Os predicativos assumem papel de núcleo do predicado, portanto ao aparecerem, o predicado pode ser classificado como NOMINAL (quando o predicativo do sujeito assume papel de único núcleo) ou como VERBO-NOMINAL (quando se tem dois núcleos, um constituído pelo verbo da oração e o outro pelo predicativo).

Exemplos:

  • Ele está triste. (Predicativo do Sujeito)

  • Os alunos são inteligentes. (Predicativo do Sujeito)

  • O trem está quebrado. (Predicativo do Sujeito)

  • Nomeei José o meu secretário. (Predicativo do Objeto)

  • Chamei-o de ladrão. (Predicativo do Objeto)

  • António Guterres é primeiro-ministro. (Predicativo do Sujeito)

  • Fumar é um vício. (Predicativo do Sujeito)

  • A garota é estudiosa. (Predicativo do Sujeito)

  • O mais puro amor é o de mãe. (Predicativo do Sujeito)

  • O professor sou eu. (Predicativo do Sujeito)

  • Os alunos éramos nós. (Predicativo do Sujeito)

  • Meus melhores amigos são apenas dois. (Predicativo do Sujeito)

  • O vilarejo finalmente elegeu Otaviano prefeito. (Predicativo do Objeto)

  • Os policiais pediam calma absoluta. (Predicativo do Objeto)

  • Todos julgavam-no culpado. (Predicativo do Objeto)

  • Chamavam-lhe falsário, sem notar-lhe suas verdades. (Predicativo do Objeto)

  • Marina continua alegre. (Predicativo do Sujeito)

  • Vocês serão felizes. (Predicativo do Sujeito)

  • Camila chegou feliz. (Predicativo do Sujeito)

  • Ele foi considerado inocente. (Predicativo do Objeto)

Texto originalmente publicado em https://www.infoescola.com/portugues/predicativo/



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  1. Predicativo do objeto



Por Daniele Fernanda Feliz Moreira

Mestre em Ciências Humanas (CEFETRJ, 2014)
Especialista em Linguística, Letras e Artes (CEFETRJ, 2013)
Graduada em Letras - Literatura e Língua Portuguesa (UFRJ, 2011)

Semanticamente, isto é, quanto ao significado, podemos definir predicativo como o elemento da oração que confere a um ente uma característica qualquer. Sintaticamente, isto é, no que se refere às relações estabelecidas com outros termos na oração, o predicativo é o organizador da oração, é o elemento que predica, que seleciona outro termo para completar seu significado, é aquele que prevê uma outra posição sintática, a quem se liga por meio de um verbo de ligação (expresso ou subentendido) para garantir sentido completo à oração. Morfologicamente, isto é, quanto à forma, ainda que possa variar, de maneira geral, o predicativo apresenta-se sob a forma de um nome adjetivo.

Substancialmente o predicativo do objeto não é diferente do predicativo do sujeito. A diferença entre os dois elementos está no nível em que podem ocorrer: enquanto o predicativo do sujeito aparece em nível oracional, o predicativo do objeto figura dentro de uma oração encaixada e é parte constituinte de um predicado selecionado por um verbo significativo, está um nível abaixo daquele em que normalmente aparece o predicativo do sujeito. Vejamos o exemplo “As obras estão atrasadas” o predicativo do sujeito destacado está no mesmo nível do verbo, nível oracional e é núcleo do predicado nominal “estão atrasadas” junto com o verbo de ligação.

Já em “O governador considerou as acusações falsas”, o predicativo sublinhado atribui uma característica a um ente, exatamente como o faz o predicativo do sujeito. E poderíamos até mesmo fazer uma leitura com essa construção “As acusações são falsas”, e assim o ente teria função sintática de sujeito de seu predicativo. Porém, a forma como se organiza essa oração coloca o predicativo e o ente ao qual se refere encaixados no interior de um predicado “considerou as acusações falsas” e, nesse predicado, o ente que recebe a característica descrita pelo predicativo “acusações” exerce função sintática de objeto direto do verbo da oração “considerou”. A nomenclatura de predicativo do sujeito indica que esse elemento está predicando outro elemento no interior de uma estrutura maior, por isso é o predicativo de um objeto selecionado por um verbo significativo.

Vejamos outros exemplos: “O prefeito nomeou seu filho secretário da Casa Civil”, em que a informação da frase encaixada “Seu filho (do prefeito) foi secretário da Casa Civil” pode ser lida com estrutura de sujeito, verbo de ligação e predicativo do sujeito. Na oração original, essa informação está contida encaixada no interior do predicado verbal e o predicativo atribui característica a um termo que, na oração com verbo significativo “nomear”, exerce função sintática de objeto direto “seu filho”. Assim, o verbo “nomeou” seleciona como seu sujeito “O prefeito” e como seu objeto direto “seu filho”, que apresenta em sequência “secretário da Casa Civil” como predicativo do termo “seu filho”, objeto direto do verbo “nomeou”, por isso chamado de predicativo do objeto.

Bibliografia:

CUNHA, Celso. Gramática do Português Contemporâneo. Porto Alegre, L&M Pocket, 2012.

Texto originalmente publicado em https://www.infoescola.com/portugues/predicativo-do-objeto/



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  1. Predicativo do sujeito



Por Daniele Fernanda Feliz Moreira

Mestre em Ciências Humanas (CEFETRJ, 2014)
Especialista em Linguística, Letras e Artes (CEFETRJ, 2013)
Graduada em Letras - Literatura e Língua Portuguesa (UFRJ, 2011)

Semanticamente, isto é, quanto ao significado, podemos definir predicativo do sujeito como o elemento da oração nominal que confere a um ente uma característica qualquer. Sintaticamente, isto é, no que se refere às relações estabelecidas com outros termos na oração, o predicativo é o organizador da frase nominal, é o elemento que predica, que seleciona outro termo para completar seu significado, é aquele que prevê uma outra posição sintática, a de sujeito, a quem se liga por meio de um verbo de ligação para garantir sentido completo à oração. Morfologicamente, isto é, quanto à forma, ainda que possa variar, de maneira geral, o predicativo do sujeito apresenta-se sob a forma de um nome adjetivo.

Alguns verbos têm em si sua significação definida e são capazes de predicar, de prever outras posições sintáticas na oração para serem ocupadas por outros elementos que vão complementar seu significado, é o grande organizador da oração no predicado verbal. Estes são os chamados verbos significativos. Esse tipo de verbo não aparece em orações com predicativo do sujeito. Predicativo se liga ao seu sujeito por meio de um verbo de ligação, um tipo de verbo esvaziado semanticamente, ou seja, com significado bastante restrito e, principalmente, sem a capacidade de selecionar elementos e de prever outras posições sintáticas na oração em que aparece, como o fazem os verbos significativos. A título de exemplo, observemos a oração “João deu flores para a mãe”, em que o verbo “dar”, como verbo significativo, traz em si mesmo seu significado e também indica de imediato que, para ter seu sentido completo na frase, é necessário preencher outras posições sintáticas, é necessária a presença de um elemento que exerça função de sujeito “João”, e é necessário haver outras duas posições preenchidas, algo a ser dado “flores”, em posição de objeto direto, e alguma entidade para receber esse objeto “para a mãe”, em posição de objeto indireto.

Em orações com verbos de ligação, o verbo tem um comportamento muito diferente dos verbos significativos. No exemplo “O mar estava calmo”, o verbo não é capaz de predicar, isto é, não é capaz de selecionar outras posições sintáticas, não traz em si o significado preenchido como um verbo significativo. Quem cumpre esse papel de predicar, de selecionar outras posições sintáticas na oração de predicado nominal, é o nome, é o predicativo, neste caso “calmo”. Ele é o elemento que indica em seu significado a necessidade de preencher uma outra posição sintática na mesma oração com um elemento para ser chamado de calmo, para receber a característica que ele denota. Precisa existir algo para ser chamado de calmo,o predicativo é o elemento que predica no predicado nominal (e não o verbo, como no predicado verbal), por isso é chamado de predicativo.

Bibliografia:

CUNHA, Celso. Gramática do Português Contemporâneo. Porto Alegre, L&M Pocket, 2012.

Texto originalmente publicado em https://www.infoescola.com/portugues/predicativo-do-sujeito/



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  1. Regência nominal



Por Denyse Lage Fonseca

Especialista em Planejamento, Implementação e Gestão da Educação a Distância (UFF)
Graduação em Letras (Fundação Comunitária de Ensino Superior de Itabira, FUNCESI)

A regência consiste na relação que se instaura quando um termo principal (chamado de “regente”) tem o seu sentido complementado por outro (termo regido). A regência nominal, especificamente, ocorre quando o termo regente é um nome (substantivo ou adjetivo). Para clarear o conceito em questão, propõe-se a observação destas frases:

a) "Ele não se conformava, desejando ouvir qualquer palavra de carinho ou gratidão."

Perceba que se fez necessário especificar que tipo de palavra ele queria ouvir (“de carinho ou gratidão”), tendo em vista o estado de inconformidade em que se encontrava. Imagine se a frase terminasse com “palavra”? Perguntar-se-ia: “Mas, que tipo de palavra?”. Não poderia ser qualquer uma, mas apenas aquelas que, de alguma forma, poderiam reconfortá-lo. Nesse contexto, o nome (substantivo) “palavra” necessita de complementação, que foi realizada por meio da preposição “de”.

b) "Tenho certeza de que ele não a abandonará em um momento tão delicado como este."

Note que a frase acima é constituída de duas orações, a saber:

  • Oração 1: Tenho certeza

  • Oração 2: ele não a abandonará em um momento tão delicado como este.

A primeira oração [que é a principal e, por isso mesmo, é a regente] precisa de complemento, pois quem tem certeza, tem certeza de algo. A segunda oração (a regida) complementa o sentido do nome (substantivo) “certeza”, por meio da preposição “de” (exigida pelo nome) e da conjunção subordinativa “que”. Dessa forma, o enunciado se torna um todo integrado e significativo.

Vale enfatizar que os adjetivos também podem funcionar como regentes. Visualize:

Aquele rapaz é muito preocupado com os estudos.

Constate que o nome (adjetivo) “preocupado” precisa de um complemento, pois quem é preocupado, é preocupado com algo. Para uma melhor percepção, sugere-se a análise desse enunciado sem a presença do complemento nominal: “Aquele rapaz é preocupado.”. Generaliza-se o estado/a característica de preocupação, que apresenta diferentes ramificações. Sob esse viés, é fundamental especificar. Ele é preocupado com o quê? Com a família? Com a saúde? Com o trabalho? Com o meio ambiente?... Não, “aquele rapaz é preocupado com os estudos”. A conexão dos termos é feita por intermédio da preposição “com”, exigida pelo nome “preocupado”.

Vejamos outros exemplos, nos quais a regência nominal se faz presente na relação entre os termos (regente + regido):

  1. lembranças da infância

  2. semelhante a uma gaivota

  3. cuidado com o meio ambiente

  4. ciente do problema

Para encerrar: A regência nominal ocorre quando um nome, substantivo ou adjetivo, tem o seu significado complementado por outro termo (o regido ou subordinado), compondo um todo compreensível. Vale reiterar que a relação de regência também se faz presente entre orações dependentes entre si, por meio de uma conjunção subordinativa, antecedida por uma preposição, caso o nome exigi-la.

Leia também:

Referência:

BRASIL. Casa Civil da Presidência da República. Manual de Redação da Presidência da República. – Brasília: Presidência da República, 2002. Disponível em: <www.planalto.gov.br/ccivil_03/manual/manual.htm>.

Texto originalmente publicado em https://www.infoescola.com/portugues/regencia-nominal/



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  1. Regência verbal



Por Denyse Lage Fonseca

Especialista em Planejamento, Implementação e Gestão da Educação a Distância (UFF)
Graduação em Letras (Fundação Comunitária de Ensino Superior de Itabira, FUNCESI)

Faça os exercícios!

A regência é definida como a relação que se institui quando um termo principal, regente, tem o seu sentido complementado por outro, regido. A regência verbal, como o próprio nome sugere, ocorre quando o termo regente é um verbo. Cumpre-se evidenciar que a relação de regência também se faz presente entre orações dependentes. Observe:

a) As crianças se encantaram com a decoração de Natal.

Perceba que o verbo “encantar” necessita de complemento, pois quem se encanta, se encanta com alguém ou com algo. Se o termo regido for retirado da frase, o que acontece? Analise: “As crianças se encantaram.”. Soou vago, não? O verbo “encantar” precisa de especificação, uma vez que há inúmeras coisas com as quais as crianças poderiam se encantar. Nesse caso, a complementação foi feita pela preposição “com”.

b) Eles se esqueceram de que os convites precisam ser entregues até a sexta-feira.

Note que a frase acima se compõe de duas orações, a saber:

  • Oração 1: Eles se esqueceram

  • Oração 2: os convites precisam ser entregues até a sexta-feira.

Visualize que a oração 1, a principal, tem o seu sentido complementado pela oração 2, que é regida por aquela. Afinal, é preciso especificar do quê eles se esqueceram. Caso contrário, o enunciado torna-se sem sentido. Trata-se de orações dependentes entre si, que são conectadas por intermédio da preposição “de”, exigida pelo verbo [quem se esquece, se esquece de alguém ou de alguma coisa] e pela conjunção subordinativa “que”.

A seguir, serão apresentadas diversificadas situações comunicativas, nas quais a regência verbal costuma suscitar dúvidas, especialmente no tocante à escrita.

  • Aquele é o rapaz com quem discuti. (discute-se com alguém).

  • Este é o projeto a que o chefe se referiu. (refere-se a algo ou alguém)

  • Eu me lembrei da senha. (lembrar a si mesmo de algo)

  • A jovem assistiu ao filme ontem. (assistir a = ver/presenciar)
    O dentista assistiu o paciente. (assistir = cuidou/socorreu)

  • Rafaela aspira à carreira de modelo. (aspirar a = objetivar/desejar)
    Aqui na capital, aspiramos um ar poluído. (aspirar = respirar)

  • A empresa ainda não visou o contrato de prestação de serviço. (visar = assinar)
    Ele visa ao cargo de presidente. (visar a/ao = objetivar/pretender)

  • Todos devem obedecer, rigorosamente, às regras do concurso. (obedecer a)

  • Prefiro salgado ao doce. (prefere-se uma coisa a outra e, não, uma coisa do que outra).

  • Pediu aos convidados que se dirigissem à sala de jantar. (Pedir a alguém que faça algo e, não, para que faça algo.).

  • Estes são os meios de que disponho para fazer a divulgação do produto. (dispor de)

  • Esta é a fazenda em que morei durante a minha infância. [morar em algum lugar. Outras opções: na qual morei ou onde (pois se trata de um lugar físico) morei].

  • Informe aos estudantes os locais da prova. (Informar algo a alguém)

  • Informe os estudantes dos locais de prova. (Informar alguém de algo)

  • Avise os formandos da necessidade de chegarem pontualmente. (avisar alguém de algo).

  • Aproveitou a (aproveitou-se da) oportunidade para dizer o que pensa. (aproveitar algo ou aproveitar-se de algo)

  • Aquele é o homem por quem um dia me apaixonei. (apaixonar-se por)

  • Esta é a dupla sertaneja de que tanto gosto. (gostar de)

  • O parque a que fomos no ano passado será ampliado. (ir a)

  • Este é o hospital a que recorreu no dia em que sofreu a fratura. (recorrer a)

Para concluir: A regência verbal é realizada quando um verbo tem o seu sentido complementado por outro termo (o regido), constituindo um todo significativo. Vale reiterar que a relação de regência é sinalizada entre orações dependentes entre si. Constantemente, surgem dúvidas concernentes à regência verbal. Portanto, estude com muita atenção e pratique sempre!

Leia também:

Referência:

BRASIL. Casa Civil da Presidência da República. Manual de Redação da Presidência da República. – Brasília: Presidência da República, 2002. Disponível em: <www.planalto.gov.br/ccivil_03/manual/manual.htm>.

Texto originalmente publicado em https://www.infoescola.com/portugues/regencia-verbal/

  1. Exercícios - Regência verbal



Lista de questões de vestibulares e concursos sobre Regência Verbal.
Ler artigo
Regência verbal.

Exercício 1:

Não há erro de regência em:


Custa-me muito entender as tuas evasivas.

Não os obedecemos, enquanto foram presunçosos.

Que horas você telefonou?

Informei-lhe do acontecido durante a Assembleia.

Essa será a conclusão que o presidente chegará.


Neste exercício deve ser marcada a alternativa que não contém erro de regência, que, no caso, é a letra A - “Custa-me muito entender as tuas evasivas”. O verbo custar é transitivo direto e indireto, e possui dois complementos, o objeto direto “entender as tuas evasivas” e o objeto indireto “me”.

Letra B - “Não os obedecemos, enquanto foram presunçosos.” - Está incorreta porque o verbo obedecer é transitivo indireto, ou seja, precisa de preposição. O pronome oblíquo que corresponde ao objeto indireto neste caso é o “lhes”, pois o “os” é utilizado somente na função de objeto direto. A frase estaria correta se ficasse desta forma: “Não lhes obedecemos, enquanto forma presunçosos”.

Letra C - “Que horas você telefonou?” - Neste caso, falta a preposição “a”, antes do pronome “que”, pois em expressões que indicam as horas, se usa esta preposição, como podemos ver em: “telefonei às duas horas”. Sendo corrigida, a frase ficaria assim: “A que horas você telefonou?”.

Letra D - “Informei-lhe do acontecido durante a Assembleia.” - Observa-se que o verbo informar tem duas regências diferentes: 1.“informar algo a alguém” ou 2.“informar alguém de algo”. Neste caso, a construção utilizada é a segunda. O objeto indireto é o termo “do acontecido durante a assembleia”, e o pronome oblíquo “lhe” corresponderia ao objeto direto, porém este pronome só pode exercer a função de objeto indireto. Portanto, o pronome adequado a ser utilizado, obedecendo à regência do verbo, seria o pronome oblíquo “o”: “Informei-o do acontecido durante a Assembleia.

Letra E - “Essa será a conclusão que o presidente chegará.” - Neste caso, está faltando a preposição que rege o verbo chegar, que é transitivo indireto. O correto seria “Essa será a conclusão a que o presidente chegará.

Exercício 2:

(FUVEST) Indique a alternativa correta:


Preferia brincar do que trabalhar.

Preferia mais brincar a trabalhar.

Preferia brincar a trabalhar.

Preferia brincar à trabalhar.

Preferia mais brincar que trabalhar.


O exercício pede para marcarmos a alternativa correta quanto à regência. A resposta da questão é a letra C - “Preferia brincar a trabalhar”.

As demais alternativas estão erradas, pois não estão obedecendo à regência do verbo “preferir”: “prefiro algo a algo”. O primeiro complemento é um objeto direto, e o segundo, acompanhado de preposição, é o objeto indireto. O verbo, por sua vez, é transitivo direto e indireto.

Exercício 3:

Assinale a oração correta quanto à regência verbal.


Os tolos admiram e obedecem os velhacos.

Agradeci o convite ao anfitrião.

Quero assistir esse filme.

Marcela namorou com todos os meninos de sua sala.

Meu pai custou a chegar ontem à noite.


A alternativa correta quanto à regência é a letra B - “Agradeci o convite ao anfitrião”.

A letra A “Os tolos admiram e obedecem os velhacos.” não está correta pois após o verbo obedecer deveria haver uma preposição “a”, “Todos admiram e obedecem aos velhacos”.

A letra C “Quero assistir esse filme.” está incorreta pois o verbo assistir, quando está no sentido de ver (tv, filmes, etc) pede a preposição “a”, e o correto deveria ser: “Quero assistir a esse filme.

A letra D “Marcela namorou com todos os meninos de sua sala.” está incorreta pois o verbo “namorar” é transitivo direto, ou seja, deve ser complementado apenas pelo objeto direto “Marcela namorou todos os meninos de sua sala”.

A letra E “Meu pai custou a chegar ontem à noite.” também está incorreta pois não há necessidade da preposição “a” após o verbo chegar, pois neste caso é transitivo direto. O correto seria “Meu pai custou chegar ontem à noite”.

Exercício 4:

Indique a alternativa incorreta quanto à regência do verbo “esquecer”:


Esqueci a fisionomia dela.

Esqueci-me da fisionomia dela.

Esqueceu-se da fisionomia dela.

Esqueci-me a fisionomia dela.


Quanto à regência do verbo “esquecer” a alternativa correta é a letra D - “Esqueci-me a fisionomia dela”.

O verbo esquecer possui duas regências: 1) esquecer algo ou 2) esquecer-se de algo. A alternativa D não está utilizando nenhuma dessas construções.



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  1. Se (partícula apassivadora ou índice de indeterminação do sujeito)



Por Ana Paula de Araújo

Faça os exercícios!

SE: Não tem função sintática nem morfológica

a) Partícula expletiva ou partícula de realce: virá acompanhando um verbo intransitivo.

- Murcham-se as flores.
-
Eles se foram mais depressa do que eu esperava.

b) Parte integrante do verbo: o pronome faz parte de um verbo pronominal.

- Queixaram-se do excesso de sal na comida. (o verbo é queixar-se)
-
Ainda bem que jovem não teve coragem de se suicidar. (o verbo é suicidar-se)

SE: função morfológica

c) Conjunção integrante: inicia oração subordinada substantiva.

- Perguntei se ela tinha troco.
- Saberei se você não fizer a prova.

d) Conjunção adverbial condicional: introduz uma oração adverbial condicional e serve para indicar a condição.

- Se você quiser, nós vamos embora.
- Só libero sua compra se você me mostrar o comprovante de pagamento.

e) Pronome Reflexivo: serve para indicar, na voz passiva, que o sujeito pratica a ação e ela recai sobre ele mesmo, ou que dois sujeitos praticam uma ação recíproca.

- As meninas se entreolhavam com curiosidade.
- Ele se feriu com a atitude que tomou.

SE: Função Sintática

f) Partícula apassivadora: acompanha verbo transitivo direto e serve para indicar que a frase está na voz passiva sintética. Para comprovar, pode-se colocar a frase na voz passiva analítica, como está feito abaixo.

- Fazem-se unhas. (voz passiva analítica: Unhas são feitas)
-
Alugam-se casas e apartamentos. (casas e apartamentos são alugados)

g) Índice de Indeterminação do Sujeito: vem acompanhando um verbo transitivo indireto, um verbo intransitivo (sem sujeito claro), um verbo de ligação ou um transitivo direto, em casos de objeto direto preposicionado. Serve para indicar que o Sujeito da oração é indeterminado. A voz é ativa. Neste caso, caso seja feita a tentativa, não é possível pôr a oração na voz passiva analítica.

- Necessita-se de voluntários para o hospital. (VTI)
- Neste lugar se é tratado como um animal. (VL)
- Ainda se corre o risco de perder o oxigênio. (VI)
- Ama-se a Deus. (VTD)

h) Sujeito acusativo: é, aparentemente, objeto direto de um verbo e sujeito de outro ao mesmo tempo.

- Ela deixou-se levar.
- Ordenaram-se elogiar o espetáculo.

Texto originalmente publicado em https://www.infoescola.com/portugues/se-particula-apassivadora-ou-indice-de-indeterminacao-do-sujeito/



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  1. Sentença



Por Denyse Lage Fonseca

Especialista em Planejamento, Implementação e Gestão da Educação a Distância (UFF)
Graduação em Letras (Fundação Comunitária de Ensino Superior de Itabira, FUNCESI)

A sentença, também denominada “frase”, é um enunciado de sentido completo, a unidade mínima de comunicação. (Cunha e Cintra, 2008, p.133). Sob esse prisma, pode ser composta de apenas uma palavra ou de muitas palavras. Observe:

a) Parabéns!

Trata-se de uma sentença, que acompanhada pelo sinal de exclamação, reforça o seu caráter afetivo.

b) Que pena! Ele estudou tanto para o concurso, contudo não foi aprovado.

Nesse caso, a primeira sentença indica uma lamentação e a segunda, constituída de duas orações, explica o porquê da lamentação.

A construção eficiente de sentenças é fundamental para que o ato comunicativo seja concretizado, sobretudo, no âmbito da escrita formal. Serão elencados, a seguir, exemplos de sentenças que apresentam algumas inadequações, no que concerne à norma culta da Língua Portuguesa. Examine-as:

a) Referência inapropriada ao sujeito:

Está na hora dos jogadores entrarem em campo.

O sujeito da sentença é “jogadores”, quem praticará a ação de entrar em campo. Portanto, a preposição aglutinada que o precede precisa ser desmembrada para especificá-lo: (dos = de + os). Assim, tem-se: “Está na hora de os jogadores entrarem em campo.”. A forma “dos” deveria ser empregada, caso “jogadores” funcionasse como complemento:

Estes são os uniformes dos jogadores:

b) Sentenças desintegradas:

A revitalização da rua ainda não ocorreu. Apesar das reivindicações dos moradores.

Note que as sentenças se encontram desintegradas, em decorrência da pontuação inadequada, o que pode dificultar a compreensão. Mais precisamente, o que se percebe é a ausência da vírgula entre as sentenças que necessitam estar sintaticamente unidas:

A revitalização da rua ainda não ocorreu, apesar das reivindicações dos moradores.

Se houver a intenção de realçar o ato das reivindicações, pode-se optar pela inversão:

Apesar das reivindicações dos moradores, a revitalização da rua ainda não ocorreu.

c) Comparação indevida:

Aquele aluno tem o perfil diferente da turma.

É fundamental a utilização adequada dos termos que estabelecem a comparação entre elementos de uma sentença. A omissão dos referidos termos ocasiona comparações indevidas, que podem comprometer a compreensão do enunciado. No exemplo acima, equipara-se “perfil do aluno” com “turma”, de forma equivocada. Portanto, têm-se:

Aquele aluno tem o perfil diferente do perfil da turma.
(Opção pela repetição de “perfil”.).

Aquele aluno tem o perfil diferente do da turma.
(Opção pela preposição “do”, retomando-se a “perfil”.).

d) Ambiguidade indesejada:

Reformaram a mesa do consultório em que realizo os atendimentos.

É imprescindível que a ambiguidade (duplo sentido) seja evitada, de maneira que dificuldades de entendimento não sejam provocadas. Para tal, a referência a constituintes de uma sentença deve ser feita com clareza. Perceba que “em que” pode se referir à “mesa” e ao “consultório”. Para se evitar a ambiguidade, recomenda-se:

  • Reformaram a mesa do consultório no qual realizo os atendimentos. (Retomada ao “consultório”)

  • Reformaram a mesa do consultório na qual realizo os atendimentos. (Retomada à “mesa”)

Vale elucidar que a ambiguidade e as sentenças desintegradas são utilizadas de modo constante pela Literatura. Nesse caso, são adequadamente elaboradas, com propósitos bem definidos, para gerarem efeitos de sentido variados, provocando múltiplas interpretações. Cabe reiterar que, exceto no domínio literário, devem ser evitadas em situações formais de uso da língua.

e) Paralelismo inadequado:

O filme tem três horas de duração e muita complicação.

O encadeamento de ideias, quando congruentes, necessita ser apresentado de modo sequencial. Note, na sentença em questão, que os complementos oriundos do verbo “ter” possuem características sintáticas diferenciadas. O número de horas do filme se equivaleu à avaliação feita em relação a ele. Nesse sentido, não pode haver paralelismo entre ideias que não se complementam. Sugerem-se, então:

  • O filme tem três horas e meia de duração e é muito complicado.

  • O filme é muito longo e complicado.

Na primeira opção, foi colocado o verbo “é” para a adequada referência da característica (muito complicado) ao sujeito (filme). Já na segunda, as informações sobre o filme foram transformadas em formas equivalentes (adjetivos), que complementam o sentido do mesmo verbo: “é”. Em suma, é crucial a construção adequada de sentenças, de modo que os objetivos comunicativos sejam alcançados.

Referências:
BRASIL. Casa Civil da Presidência da República.
Manual de Redação da Presidência da República. – Brasília: Presidência da República, 2002. Disponível em: <www.planalto.gov.br/ccivil_03/manual/manual.htm>.

CUNHA, Celso; CINTRA, Luís F. Lindley. Complementos Verbais – Frase e a sua constituição. In: ___ Nova gramática do português contemporâneo. 5.ed. Rio de Janeiro: Lexikon, 2008, p. 133-135.

Texto originalmente publicado em https://www.infoescola.com/portugues/sentenca/



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  1. Sintaticização



Por Denyse Lage Fonseca

Especialista em Planejamento, Implementação e Gestão da Educação a Distância (UFF)
Graduação em Letras (Fundação Comunitária de Ensino Superior de Itabira, FUNCESI)

A sintaticização, um dos integrantes do processo de gramaticalização, designa as alterações que afetam os arranjos sintagmático e sentencial. (FORTUNATO, s/d, p. 3). Em outras palavras, é o processo de criação de novas combinações de elementos que compõem as sentenças. Observe:

Como não moro na capital, levantei-me cedo para ir ao jogo. Ele aconteceria de manhã. Mas aí, o meu carro não ligava não. Aí eu liguei para um mecânico, amigo meu. Ele disse que não iria poder me ajudar naquela hora. Estava ocupado no posto que trabalhava. Liguei para outro posto. Só chamava... Já estava desistindo já... O próximo ônibus só passaria daqui uma hora. Não chegaria a tempo... Dei mais uma olhada no motor... Fazer o quê? Vou assistir o jogo pela televisão mesmo...

(Texto elaborado pela autora deste artigo para a abordagem do processo de sintaticização).

No texto acima, a pessoa (narradora) conta o que lhe aconteceu no dia em que planejava ir assistir a um jogo na capital de seu estado. Ao longo do relato, são utilizadas algumas construções recorrentes, sobretudo, em situações orais de uso da língua:

1. Inversão da ordem lógica (Sujeito + Predicado) da sentença: “Como não moro na capital, levantei-me cedo para ir ao jogo.”

Perceba que parte do predicado foi anteposto ao sujeito “eu”, identificado pela desinência verbal. Com isso, o destaque é direcionado à justificativa apresentada para a saída mais cedo. O deslocamento do termo é sinalizado pelo uso da vírgula. A inversão da ordem canônica dos elementos que integram a sentença também é recorrente em contextos formais, quando se intenciona realçar determinado componente sentencial.

2. Frases fragmentadas:

No que tange à oralidade, a transição dos pensamentos é feita de forma automática. Por isso, é comum a presença de frases que se fragmentam em decorrência da ausência de conjunções. Trata-se, então, de casos de sintaticização, uma vez que os falantes criam determinadas estruturas sentenciais, em virtude da situação comunicativa em que se encontram:

  1. “[...] levantei-me cedo para ir ao jogo. Ele aconteceria de manhã.”. Nesse caso, percebe-se a ausência do pronome relativo “que”: “[...] ir ao jogo que aconteceria de manhã”.

  2. “Ele disse que não iria poder me ajudar naquela hora. Estava ocupado no posto em que trabalhava.”. Nesse trecho, nota-se ausência da conjunção “pois” (indicadora de justificativa) que, precedida da vírgula, se uniria ao termo “hora”, presente na sentença anterior.

  3. “Liguei para outro posto. Só chamava...”. Nesse fragmento, observa-se a ausência de um conector com valor adversativo, por exemplo: “Liguei para outro posto, mas só chamava.”

3. Repetição de vocábulos:

  • eu liguei para um mecânico, amigo meu.”: utilizado para dar sequência às ações relatas.

  • “Aí eu liguei para um mecânico” e “Liguei para outro posto”.

  • “Mas aí, o meu carro não ligava não.”: reforço de afirmações negativas.

4. Ausência de preposição que rege verbos:

  1. “Estava ocupado no posto que trabalhava.”. Nesse caso, percebe-se a ausência da preposição “em” que rege o verbo “trabalhava”, pois quem trabalha, trabalha em algum lugar.

  2. “Vou assistir o jogo pela televisão mesmo...”. Nesse trecho, nota-se a ausência da preposição “a”, pois quem vai, vai a algum lugar. Assim: “vou assistir ao jogo”.

Em suma, os exemplos elencados acima ilustram a ocorrência da sintaticização, processo que designa a criação de novas estruturas e combinações sentenciais, motivadas pelo contexto comunicativo, no qual o indivíduo se encontra inserido.

Referência:
FORTUNATO, Isabella Venceslau. Universidade Federal da Bahia – FAPESB.
Gramaticalização e lexicalização das lexias complexas no português arcaico. Disponível em: < http://www.filologia.org.br/ileel/artigos/artigo_456.pdf >. Acesso em: 10 de dezembro de 2015.

Texto originalmente publicado em https://www.infoescola.com/portugues/sintaticizacao/



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  1. Sujeito



Por Denyse Lage Fonseca

Especialista em Planejamento, Implementação e Gestão da Educação a Distância (UFF)
Graduação em Letras (Fundação Comunitária de Ensino Superior de Itabira, FUNCESI)

Faça os exercícios!

Cunha e Cintra (2008, p.136) concebem o sujeito como o ser sobre o qual se faz uma declaração. Vale ressaltar que ele é acompanhado de seu complemento (o que é enunciado sobre ele). Portanto, não pode ser confundido com o seu complemento. Nesse sentido, questiona-se: qual é a forma adequada, segundo a norma culta?

  1. A problemática reside no fato de os empregadores se recusarem à negociação.

  2. A problemática reside no fato dos empregadores se recusarem à negociação.

Observe que o termo “empregadores” funciona como “sujeito”, ou seja, o ser sobre o qual se declarou algo: a ação de se recusarem à negociação. A junção (de + os = dos), anteposta ao sujeito, é comum em situações informais da comunicação. Por isso, a opção “a” é a adequada à luz da norma padrão. “Dos” deve ser utilizado quando se tratar de um complemento. Por exemplo:

  • Estas são as roupas dos empregados.

Nesse caso, “empregados” não é o sujeito e, sim, o seu complemento.

Agora, propõe-se o estudo dos “Tipos de Sujeito”, tomando como referência o poema Minha Terra, de Manuel Bandeira:

Minha terra
Saí menino de minha terra.
Passei trinta anos longe dela.
De vez em quando me diziam:
Sua terra está completamente mudada,
Tem avenidas, arranha-céus...
É hoje uma bonita cidade!
Meu coração ficava pequenino.
Revi afinal o meu Recife.
Está de fato completamente mudado.
Tem avenidas, arranha-céus.
É hoje uma bonita cidade.
Diabo leve quem pôs bonita a minha terra!

O gênero “poema” caracteriza-se, geralmente, por se construir em 1ª pessoa, isto é, traz a voz do eu poético. Em Minha Terra, as marcas da referida pessoa são identificadas, por exemplo, em:

Saí menino de minha terra.

Note que a terminação verbal nos revela a pessoa a que se refere: “Eu”. Nesse caso, tem-se o sujeito oculto ou “sujeito implícito”. Ele se faz presente também em: Passei trinta anos [...] e Revi afinal o meu Recife. O referido tipo pode ser identificado pela desinência verbal (conforme versos acima) ou pelo contexto (quando é feita referência a ele em outra oração). Vejamos um exemplo dessa última ocorrência:

Os rapazes fizeram o trabalho em grupo naquela tarde. Depois, foram para a quadra jogar vôlei.

O verbo “foram” retoma ao sujeito “os rapazes”, contido na oração anterior.

No terceiro verso De vez em quando me diziam, você consegue identificar o sujeito da oração? Certamente, não. Isso porque não se sabe quem dizia a ele que o Recife estava completamente transformado. Portanto, tem-se o sujeito indeterminado. Normalmente, ele aparece na 3ª pessoa do plural, como no exemplo exposto acima, ou na 3ª pessoa do singular, seguido da partícula “se”:

Precisa-se de um ajudante de pedreiro.

Na tentativa de se identificar o sujeito, recomenda-se a inversão da frase. Então: “Um ajudante de pedreiro é precisado.”. A expressão destacada inexiste. Desse modo, o sujeito é indeterminado, ao contrário de:

  • Divulgaram-se os gabaritos.

  • Os gabaritos foram divulgados.

Em Meu coração ficava pequenino, o sujeito é Meu coração. Qual é o núcleo desse sujeito, isto é, a sua palavra principal? É coração. Portanto, um só núcleo. Dessa forma, há o sujeito simples. Também presente em: Sua terra está completamente mudada.

Quando se é constituído de mais de um núcleo, recebe-se o nome de sujeito composto. Veja um exemplo:

Recife e Salvador são capitais situadas na região nordeste do país.

Note que há dois núcleos: “Recife” e “Salvador”.

Anteriormente, foram listadas as ocorrências em que o sujeito é determinado. Na sequência, serão analisadas orações sem sujeito. Nesse contexto, o que se considera é o fato verbal em si. As referidas orações se compõem dos chamados “verbos impessoais”, que se apresentam na 3ª pessoa do singular, pois não admitem sujeitos:

  1. Verbo haver - sinônimo de “existir” e “acontecer”:

    • Não havia suspeitas contra ele. (Não existiam...)

    • Houve um grave acidente naquela perigosa rodovia. (Aconteceu um grave acidente...)

  2. Verbo “fazer” - indicação de tempo transcorrido ou a transcorrer:

    • Hoje, faz dois anos que fomos ao Mineirão.

    • Em dezembro, fará quatro anos que eles se casaram.

  3. Verbo “ser” em expressões de tempo:

    • Ainda era de madrugada, quando ela chegou de viagem.

  4. Verbos que indicam fenômenos da natureza - chover, relampejar, ventar, fazer (frio/calor):

    • Hoje de manhã, ventou muito aqui.

    • Em nossa região, faz muito calor.

Referências:

BANDEIRA, Manuel. Minha Terra. In: Estrela da Vida Inteira. Rio de Janeiro: José Olympio, 1986.

BRASIL. Casa Civil da Presidência da República. Manual de Redação da Presidência da República. – Brasília: Presidência da República, 2002. Disponível em: <www.planalto.gov.br/ccivil_03/manual/manual.htm>.

CUNHA, Celso; CINTRA, Luís F. Lindley. O sujeito. In: ___ Nova gramática do português contemporâneo. 5.ed. Rio de Janeiro: Lexikon, 2008, p. 138-146.

Texto originalmente publicado em https://www.infoescola.com/portugues/sujeito/



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  1. Tipos de sujeito



Por Daniele Fernanda Feliz Moreira

Mestre em Ciências Humanas (CEFETRJ, 2014)
Especialista em Linguística, Letras e Artes (CEFETRJ, 2013)
Graduada em Letras - Literatura e Língua Portuguesa (UFRJ, 2011)

Num enunciado completo, via de regra, nos é dada uma informação a respeito de alguém ou de alguma coisa. O ser de quem se informa algo denomina-se sujeito. A informação propriamente dita recebe o nome de predicado.

Margarida dirigia [a palavra às classes menos abastadas].

Margarida" é o sujeito, “dirigia” é o verbo e a “palavra às classes menos abastadas” é o predicado.

  1. Sujeito simples e composto

Dependendo do núcleo, o sujeito pode ser simples ou composto. É simples quando possui um só núcleo. Como em: “Uma vaca vivia pastando à vista de todos”. Pode ser composto, quando possui mais de um núcleo. Como em: “Bois, vacas e cabritos andavam misturados.” É possível perceber que no sujeito simples “vaca” é o núcleo, já no sujeito composto, os núcleos são: bois, vacas e cabritos.

    1. Sujeito elíptico, oculto, subentendido ou desinencial

Às vezes, por questões estilísticas ou até mesmo por questão de precisão o sujeito simples não aparece expresso na oração, mas pode ser facilmente identificado pela desinência verbal. Como no exemplo: (Eu) estive com você ontem pela manhã. Ou então em: (Nós) comemos muito. Esse tipo de sujeito também é conhecido como oculto, desinencial ou implícito na desinência verbal.

    1. Sujeito determinado e indeterminado

Em relação à possibilidade de ser identificado ou não, o sujeito pode ser determinado ou indeterminado. Assim, o sujeito é determinado quando é possível reconhecer gramaticalmente o sujeito da oração; é o que ocorre com o sujeito simples e o sujeito composto vistos anteriormente. Mesmo o sujeito implícito na desinência verbal é um sujeito determinado. O sujeito é indeterminado quando a informação contida no predicado refere-se a um elemento que não se pode (ou não se quer) identificar. Como por exemplo:

(?) Falaram muito bem de você na reunião de ontem.

(?) Acredita-se na existência de vida fora do planeta de Terra.

É importante destacar que, quando o sujeito é representado por um pronome substantivo indefinido, não devemos classificá-lo como indeterminado, mas como sujeito simples (portanto, determinado):

Alguém pegou meu caderno.

Algo acontece no bairro.

Podemos observar que “Alguém” e “Algo” são pronomes substantivos indefinidos.

O sujeito será indeterminado nas seguintes situações:

Quando o verbo estiver na terceira pessoa do plural e não há sujeito expresso na oração nem é possível identificá-lo pelo contexto. Temos como exemplo: (?) telefonaram para você.

Quando o verbo estiver na terceira pessoa do singular, seguido de índice de indeterminação do sujeito "se". Temos como exemplo:

(?) precisa-se de empacotadores ou anda

(?) acredita-se na existência de vida extraterrestre.

Vale lembrar que a palavra "se" pode desempenhar várias funções na oração. É fundamental perceber que, quando ocorre apassivador "se", não temos caso de sujeito indeterminado, mas de sujeito determinado, expresso na oração, com verbo na voz passiva sintética. Como em:

Quebrou-se a vidraça – A vidraça foi quebrada.

No caso se é um pronome apassivador, já que quem quebra, quebra alguma coisa.

    1. Oração sem sujeito

Temos a oração sem sujeito quando a informação veiculada pelo predicado não se refere a sujeito algum. Ocorre com os verbos impessoais, a saber:

Verbos que exprimem fenômenos naturais (chover, anoitecer, relampejar, nevar, trovejar, amanhecer e etc.).

Choveu muito no Rio de Janeiro.

Anoitece mais tarde hoje.

É importante lembrar que, se o verbo exprimir fenômeno natural em sentido figurado, haverá sujeito. Como no exemplo:

Choveram reclamações contra aquela marca. (Reclamações é o sujeito).

Os verbos fazer, ser, estar na indicação de tempo cronológico ou clima.

Faz dois anos que ele saiu.

É uma hora.

O verbo haver no sentido de existir ou indicando tempo transcorrido.

Havia cinco alunos naquela sala.

dois meses não converso com meus colegas.

O verbo existir não é impessoal. Logo, ele possuirá sujeito expresso na oração, concordando normalmente com ele.

Existiam quatro pessoas interessadas na vaga → “quatro pessoas interessadas na vaga”, é portanto, o sujeito da oração.

  1. Os verbos impessoais e a questão da concordância

Os verbos impessoais (com exceção do verbo ser) devem ficar sempre na terceira pessoa do singular. Logo, na linguagem culta e na norma padrão, devemos sempre dizer:

Havia muitos carros na rua.

Faz cincos anos.

Inclusive, é válido destacar que, quando um verbo auxiliar se junta com um verbo impessoal, esse também deve ficar no modo singular:

Pode haver muitos carros na rua

Vai fazer cinco anos.

Veja também:

  1. Sujeito

  2. Sujeito e Predicado

  3. Predicado

  4. Tipos de Predicado

Bibliografia:

ALMEIDA, Nilson Teixeira de. Gramática de Língua Portuguesa para concursos. São Paulo: Saraiva, 2009.

CUNHA, Celso. Gramática da Língua Portuguesa. Rio de Janeiro: FENAME, 1979.

TERRA, Ernani. Minigramática. São Paulo: Scipione, 2007

Texto originalmente publicado em https://www.infoescola.com/portugues/tipos-de-sujeito/



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  1. Núcleo do sujeito



Por Cynthia Cordeiro Chalegre

Graduada em Letras-Português (USP, 2011)

Sujeito é a quem se refere o verbo, ou seja, é aquele que sofre ou realiza a ação referida pelo verbo. Confira nos exemplos:

a) Maria morreu.

A quem o verbo morrer se refere? Ou seja, quem morreu? Maria, sendo esta, portanto, o sujeito da oração.

b) Cristina comeu todo o bolo.

Nesse caso, o verbo comer refere-se à Cristina, pois foi ela quem comeu o bolo. Por isso é o sujeito da frase.

Nos exemplos, o sujeito é formado por apenas um termo. Porém, o sujeito pode ser ter mais de um termo. Veja:

a) Minha querida irmã Maria morreu.

Nesse caso, quem morreu? Minha querida irmã Maria; portanto, essas quatro palavras formam o sujeito.

No exemplo, apesar de o sujeito ser formado por quatro termos, há um mais importante que os demais: Maria. É a respeito desta que o verbo diz, propriamente, algo. Este é, portanto, o núcleo do sujeito, a palavra principal que forma o sujeito.

Confira em destaque mais exemplos do núcleo do sujeito em orações:

  1. A maravilhosa culinária brasileira encanta o mundo.

  2. Nosso tio João nos visita raramente.

  3. A pobre Ana não dançou com ninguém na festa.

  4. O pequeno garoto, mesmo jovem já passou por muitas dificuldades.

  5. Aquela linda moça passava por aqui todos os dias.

  6. Todos os dias o pequeno Gabriel lia um trechinho do livro que ganhara de presente do avô.

Quando o sujeito é composto, haverá mais de um núcleo. Por exemplo:

  1. Os cães e gatos são os animais domésticos mais comuns.

Referências Bibliográficas:

BECHARA, Evanildo. Moderna Gramática Portuguesa. 37ª ed. Rio de Janeiro: Editoras Nova Fronteira e Lucerna, 2009. 574 p.

Texto originalmente publicado em https://www.infoescola.com/portugues/nucleo-do-sujeito/

  1. Exercícios - Sujeito



Lista de exercícios sobre os Sujeitos da gramática da língua portuguesa.
Ler artigo
Sujeito.

Exercício 1: (ADVISE 2009)

Na frase: “Querido, deixei seu café pronto na copa.”, temos:


Sujeito simples interactante

Sujeito composto

Sujeito oculto determinante

Sujeito indeterminado

Oração sem sujeito


O exercício pede para se marcada a opção que corresponde ao tipo de sujeito presente na frase: “Querido, deixei seu café pronto na copa.”

Trata-se de um sujeito oculto, pois é possível sabermos quem praticou a ação apenas observando o verbo “deixei”. O sujeito está subentendido “eu”.

A opção que deve ser assinalada é, portanto, a letra C - sujeito oculto determinante.

Exercício 2:

Assinale a alternativa onde o sujeito não foi corretamente grifado.


Um pressentimento terrível tomou conta de todos.

Nenhum colega meu esteve na festa.

De vez em quando, novos interessados se apresentavam.

Todas as cartas estavam sobre a mesa.

Carolina chorava compulsivamente.


O exercício pede para ser assinalada a alternativa em que o termo marcado em negrito não exerce a função de sujeito da frase.

A alternativa que responde a esta questão é a letra A - “Um pressentimento terrível tomou conta de todos”.

O termo grifado “todos”, na verdade é complemento nominal do substantivo “conta”.

Quanto às demais alternativas, os termos “colega”, “novos interessados”, “todas as cartas” e “Carolina” assumem função de sujeito em suas respectivas frases.

Exercício 3:

(FMPA-MG) “Quando me procurar o desencanto, eu direi, sereno e confiante, que a vida não me foi de todo inútil.”


indeterminado.

eu (elíptico).

o desencanto.

me.

inexistente.


No caso desta questão, deve ser assinalada a alternativa que corresponde a um dos sujeitos presentes no seguinte período: “Quando me procurar o desencanto, eu direi, sereno e confiante, que a vida não me foi de todo inútil.”

O período contém 3 sujeitos, que são, respectivamente: “o desencanto”, “eu” e “a vida”.

A alternativa A não pode ser marcada, pois nenhum dos três sujeitos é indeterminado.

A alternativa B também não pode ser assinalada, pois o termo “eu”, é sujeito simples e não elíptico.

A alternativa C está correta, pois o termo “o desencanto” é sujeito da primeira oração.

A alternativa D não está correta, pois o termo “me” não é sujeito de nenhuma das orações.

E a alternativa E também não pode ser assinalada pois nenhum dos três sujeitos é inexistente.

A resposta da questão, portanto, é a letra C - o desencanto.

Exercício 4:

(FMU-SP) “Ouviram do Ipiranga as margens plácidas

De um povo heróico o brado retumbante...” O sujeito da afirmação com que se inicia o Hino Nacional Brasileiro é:


indeterminado.

um povo heróico.

as margens plácidas do Ipiranga.

o brado retumbante.


Dando-nos o primeiro trecho do Hino Nacional Brasileiro, a questão pede para localizarmos o sujeito da afirmação com que o mesmo (o hino) se inicia: “Ouviram do Ipiranga as margens plácidas / De um povo heróico o brado retumbante…”

Deduz-se, portanto, que o sujeito referido é o da afirmação “Ouviram do Ipiranga as margens plácidas”.

Neste caso, o sujeito é o termo “as margens plácidas do Ipiranga”, pois foram elas que “ouviram um brado retumbante de um povo heróico”.

Devemos tomar cuidado para não confundir com o sujeito indeterminado, achando que este termo é complemento do verbo “ouviram”.

A alternativa que responde a questão é, portanto, a letra C - as margens plácidas do Ipiranga.

Exercício 5:

(UEPG-PR) Só num caso a oração é sem sujeito. Identifique-a:


Faltavam três dias para o batismo.

Houve por improcedente a reclamação do aluno.

Sobrou tempo suficiente para as comemorações.

Choveu intensamente nesse fim de semana.

Roubaram o carro do meu pai.


Este exercício pede para identificarmos, dentre as alternativas apresentadas, a única que traz uma oração sem sujeito.

A resposta para a questão é a letra D - “Choveu intensamente nesse fim de semana.” - pois a ação “chover” é um fenômeno da natureza, não tendo, portanto, sujeito que seja responsável por praticá-la.

A letra A “Faltavam três dias para o batismo” possui sujeito simples, que é o termo “três dias”, o qual é responsável por praticar o verbo “faltavam”.

Na letra B “Houve por improcedente a reclamação do aluno”, também encontramos o termo “a reclamação do aluno” como sendo um sujeito simples. O verbo haver aí não está no sentido de existir, e sim de acontecer. “Algo” aconteceu, no caso, “a reclamação do aluno” aconteceu (houve).

Na letra C “Sobrou tempo suficiente para as comemorações” o sujeito é o termo “tempo suficiente para as comemorações”, também classificado como sujeito simples.

E na letra E “Roubaram o carro do meu pai”, temos um sujeito indeterminado, marcado pela forma verbal “roubaram” (3ª pessoa do plural). O sujeito não aparece, porém se tem a certeza de que ele existe, mas é desconhecido.

Exercício 6:

(PUC-SP) Identifique a alternativa que contém uma oração sem sujeito:


Ontem fez muito calor.

Vive-se bem em apartamentos.

Existem muitos apartamentos à venda.

O dia de ontem foi muito quente.

Vendem-se apartamentos.


A questão propõe que seja assinalada a alternativa que apresenta uma oração sem sujeito.

A resposta para a questão está na letra A - “Ontem fez muito calor”. Pois o verbo “fazer”, neste caso, indica fenômeno natural, ou seja, não há sujeito responsável por tal ação.

Quanto às demais alternativas, vejamos:

Letra B - “Vive-se bem em apartamentos” - O sujeito desta oração é indeterminado, pois não se sabe quem é o praticante da ação “viver”, porém sabe-se que alguém a pratica.

Letra C - “Existem muitos apartamentos à venda” - Neste caso, o sujeito é simples, sendo exercido pelo termo “muito apartamentos”.

Letra D - “O dia de ontem foi muito quente” - Apesar de se tratar de um fenômeno natural, estamos falando aqui de um sujeito específico “o dia de ontem”, sujeito simples, que não pratica uma ação, mas esteve em um estado, ou seja, esteve quente.

Letra E - “Vendem-se apartamentos” - Esta frase está na voz passiva sintética. Podemos identificar claramente o sujeito ao passarmos a frase para a voz passiva analítica: “Apartamentos são vendidos”. Como a frase está na voz passiva, o sujeito não pratica, e sim sofre a ação. A classificação deste tipo de sujeito é “sujeito simples”.

Exercício 7:

(FMU-SP) Observe a estrofe:

Lembra-me que, em certo dia.
Na rua, ao sol de verão,
Envenenado morria,
Um pobre cão”.

Aparece aí a inversão do:


objeto direto: um pobre cão.

sujeito: um pobre cão.

sujeito: certo dia.

predicado: lembra-me.

predicativo do sujeito: me.


O exercício pede para encontrarmos no trecho do poema o termo em que ocorre inversão. Eis o trecho:

Lembra-me que, em certo dia.
Na rua, ao sol de verão,
Envenenado morria,
Um pobre cão”.

O termo que sofre inversão é o sujeito “um pobre cão”. A ordem direta da frase seria “Um pobre cão morria envenenado”.

A resposta para a questão, portanto, é a letra B - sujeito: um pobre cão.

As demais alternativas, logicamente, estão incorretas. A letra A classifica de maneira errada o termo “um pobre cão”, pois exerce a função de sujeito e não de objeto direto.

A letra C também classifica o termo “certo dia” de maneira equivocada, pois trata-se de um adjunto adverbial e não de um sujeito.

A letra D está incorreta, pois o termo “lembra-me” não está sofrendo inversão.

E a letra E está incorreta pois também classifica erroneamente o termo “me”, que não é predicativo e sim objeto.

Exercício 8:

Considere os seguintes trechos:

I – Vendem-se imóveis
II – Eles haviam deixado a festa mais cedo.
III – Palavras horríveis choveram daquela boca pavorosa.

Assinale a(s) proposição (ões) correta(s):


No trecho I, o sujeito é indeterminado, pois não podemos saber que está vendendo as casas.

No trecho II e III, o sujeito é inexistente, já que os verbos são “haver” e “chover”, respectivamente.

No trecho III, o sujeito é classificado como simples (“Palavras horríveis”), já que o verbo “choveram” encontra-se em seu sentido figurado.

No trecho II, o sujeito é simples (“Eles”), já que o verbo “haver” faz parte de uma locução verbal e, portanto, é um verbo auxiliar.

Nos trechos I, II e III, o sujeito é simples.

No trecho I, o sujeito é paciente (Imóveis são vendidos). Assim, o sujeito da frase é o vocábulo “Imóveis”, já que são eles quem sofrem a ação de “serem vendidos”.


Neste exercício, devem ser marcadas as afirmativas verdadeiras quanto à análise das três frases apresentadas:

I – Vendem-se imóveis - nesta frase o sujeito é simples, pois está na voz passiva sintética. Trata-se do termo “imóveis”, que está sofrendo a ação.

II – Eles haviam deixado a festa mais cedo. - Nesta frase o sujeito é simples “eles”. O verbo haver neste caso não está no sentido de existir e portanto não configura uma oração sem sujeito.

III – Palavras horríveis choveram daquela boca pavorosa. - Nesta última frase o sujeito também é simples, “palavras horríveis”, pois o verbo “chover” está em sentido figurado, e não expressando fenômeno da natureza.

As afirmativas corretas e que devem ser assinaladas são:

4) No trecho III, o sujeito é classificado como simples (“Palavras horríveis”), já que o verbo “choveram” encontra-se em seu sentido figurado.

8) No trecho II, o sujeito é simples (“Eles”), já que o verbo “haver” faz parte de uma locução verbal e, portanto, é um verbo auxiliar.

16) Nos trechos I, II e III, o sujeito é simples.

32) No trecho I, o sujeito é paciente (Imóveis são vendidos). Assim, o sujeito da frase é o vocábulo “Imóveis”, já que são eles quem sofrem a ação de “serem vendidos”.

A afirmativa 1 não está correta pois afirma que no trecho I o sujeito é indeterminado, sendo que na verdade trata-se de um sujeito simples.

A afirmativa 2 também está incorreta pois afirma que as frases II e III possuem sujeitos inexistentes, porém ambas possuem sujeitos simples.



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  1. Sujeito composto



Por Suelen N. Vicente

Graduada em Letras-Português (UFSC, 2013)

O sujeito pode ter apenas um núcleo (sujeito simples) ou mais de um núcleo, conhecido como sujeito composto.

Exs.:

  • Carla e Joana comeram uma pizza.

  • O primeiro e o segundo ganharam medalhas.

  • O gato e o cachorro estão bebendo água.

Bibliografia:
CEGALLA, Domingos Paschoal. Novíssima gramática da língua portuguesa. 41 ed. São Paulo: Editora Nacional, 1998.
SOUZA, Jésus Barbosa de; CAMPEDELLI, Samira Youssef. Minigramática. 2 ed. São Paulo: Editora Saraiva, 2000.

Texto originalmente publicado em https://www.infoescola.com/portugues/sujeito-composto/



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  1. Sujeito oculto



Por Suelen N. Vicente

Graduada em Letras-Português (UFSC, 2013)

O sujeito oculto ou elíptico ocorre quando não está presente na oração, mas pode ser identificado pelo contexto. Também pode ser chamado de sujeito subentendido, desinencial ou implícito.

O sujeito oculto pode ser identificado das seguintes maneiras:

a) através desinência verbal – Como sabemos, o sujeito concorda com o verbo em número e pessoal. Desta forma, podemos deduzir o sujeito não expresso de uma oração pela desinência do verbo, como nos mostram os exemplos abaixo:

Exs.:

Dormiu até tarde. (ele)
Caí
mos de bicicleta. (nós)
Fui na festa ontem à noite. (eu)

Nos exemplos acima, as orações possuem sujeito, porém, eles não são expressos. No entanto, podemos deduzi-los, já que os verbos nos dão “pistas” do sujeito. Na primeira oração, o verbo dormir está conjugado na 3ª pessoa do singular. Assim, o sujeito, que não está expresso é “ele”, ou seja, a 3ª pessoa do singular. O mesmo acontece com a segunda oração. Como podemos perceber, o verbo está conjugado na 1ª pessoa do plural. Deste modo, podemos concluir que o sujeito oculto é o “nós”. Por fim, na terceira oração ocorre a mesma situação, já que o verbo está conjugado na 1ª pessoa do singular e, com isso, podemos deduzir que o sujeito é a 1ª pessoa do singular, ou seja, “eu”.

b) Através da identificação do sujeito em outra oração no mesmo período ou em um período próximo – Muitas vezes o sujeito não é expresso em uma ou mais orações para o texto não ficar repetitivo. Porém, o sujeito provavelmente é expresso em outras orações do mesmo período ou em períodos próximos àqueles sem sujeito expresso.

Exs.:

Neste fim de semana, Carla dançou, foi à praia, cantou, passeou com as amigas e foi ao cinema.

No exemplo acima, o sujeito está expresso apenas na primeira oração. Nas orações seguintes o sujeito (Carla) está oculto, mas podemos deduzi-lo a partir das orações precedentes.

Bibliografia:
CEGALLA, Domingos Paschoal.
Novíssima gramática da língua portuguesa. 41 ed. São Paulo: Editora Nacional, 1998.

SOUZA, Jésus Barbosa de; CAMPEDELLI, Samira Youssef. Minigramática. 2 ed. São Paulo: Editora Saraiva, 2000.

Texto originalmente publicado em https://www.infoescola.com/portugues/sujeito-eliptico/



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  1. Sujeito simples



Por Suelen N. Vicente

Graduada em Letras-Português (UFSC, 2013)

Sujeito simples é quando a oração possui apenas um núcleo do sujeito ou Sintagma Nominal (SN).
Núcleo do sujeito: É a palavra base (principal) do sujeito e pode ser um
substantivo ou um pronome. Em volta do núcleo pode haver outras palavras secundárias relacionadas a ele (artigo, adjetivos, numeral, etc.).

Exs.:

  • O cachorro latiu no quintal.

  • Laura gosta de ler gibis.

  • Eu comprei uma bolsa verde.

  • Duas meninas estão brincando no balanço.

  • Marcos leu o livro que a professora recomendou.

  • A luva preta é de lã.

  • Mariana gosta de comer peixe.

O núcleo do sujeito pode ser um substantivo, um pronome substantivo, uma palavra com valor de substantivo, um número e uma oração, como podemos ver nos exemplos abaixo:

Exs.:

  • O bom aluno nunca chega atrasado na aula.

  • Estes são os meus cadernos.

  • O anoitecer transmite uma sensação de aconchego.

  • Três é demais.

  • É claro que a festa será um sucesso.

Bibliografia:
CEGALLA, Domingos Paschoal. Novíssima gramática da língua portuguesa. 41 ed. São Paulo: Editora Nacional, 1998.

SOUZA, Jésus Barbosa de; CAMPEDELLI, Samira Youssef. Minigramática. 2 ed. São Paulo: Editora Saraiva, 2000.

Texto originalmente publicado em https://www.infoescola.com/portugues/sujeito-simples/



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  1. Sujeito indeterminado



Por Daniele Fernanda Feliz Moreira

Mestre em Ciências Humanas (CEFETRJ, 2014)
Especialista em Linguística, Letras e Artes (CEFETRJ, 2013)
Graduada em Letras - Literatura e Língua Portuguesa (UFRJ, 2011)

Nem sempre a frase apresenta uma estrutura sintática em que se consegue determinar o sujeito, ou seja, aquele elemento a respeito do qual se afirma alguma coisa. Por isso, muitas vezes não conseguimos ou não sabemos determinar com precisão o sujeito da oração. Sabemos que a ação verbal foi praticada por um ser, mas nem por isso podemos apontá-lo. Chamamos de sujeito indeterminado.

Exemplificando:

Estão chamando a professora na secretaria.

Falaram muito de você na confraternização.

Falou-se muito de você na confraternização.

Nessas frases, não é possível determinar o agente da ação verbal, porque:

  • Com o verbo na terceira pessoa do plural – sem qualquer referência anterior ou posterior, ou seja, sem qualquer contexto – não sabemos se foram “eles” ou se foram “elas” que “estão chamando” ou que “falaram muito de você”.

  • Com o verbo na terceira pessoa do singular – acompanhado da palavra se, que contribui para a indeterminação do sujeito –novamente não sabemos se foi uma pessoa ou se foram várias que “estão chamando” ou que “falaram muito de você”.

A indeterminação do sujeito nem sempre quer dizer que não o conhecemos. Pode servir também de estratégia de uso da linguagem quando não interessa ao falante revelar a informação total àquele com quem falamos, como no exemplo a seguir:

Rosângela, disseram-me que você falou mal de mim.

Casos de sujeito indeterminado:

A língua portuguesa indetermina o sujeito de duas maneiras:

  • Empregando o verbo na 3.ª pessoa singular ou plural, sendo este último caso o mais comum, sem referência a pessoas determinadas:
    Estão chamando.

  • Empregando o pronome se junto ao verbo, de modo que a oração passe a equivaler a outra que tem por sujeito alguém, a gente:
    Vive-se bem nas áreas de preservação. (A gente vive bem nas áreas de preservação)

Dizemos, portanto, que neste caso o se é índice de indeterminação do sujeito.

  1. Diferenciando pronome apassivador "se" e índice de indeterminação do sujeito

Observe as frases a seguir:

Conserta-se refrigeradores.

Deu-se o prêmio ao vencedor.

Admitem-se carpinteiros.

O que ocorre nos exemplos anteriores são casos de oração com sujeito determinado paciente, pois todas as frases estão na voz passiva sintética, podendo até serem transformadas em voz passiva analítica:

Refrigeradores são consertados.

O prêmio foi dado ao vencedor.

Carpinteiros são admitidos.

Portanto, podemos perceber que o sujeito das frases anteriores é: “refrigeradores”, “o prêmio” e “carpinteiros”.

Para que seja possível determinar o sujeito paciente, é fundamental não nos esquecermos da predicação verbal, já que voz passiva analítica ou voz passiva sintética só ocorre com verbo transitivo direto ( “consertar”, “admitir”) ou verbo transitivo direto e indireto (“dar”). Assim, foi possível perceber nos exemplos posteriores que a palavra "se" é pronome apassivador e não índice de indeterminação do sujeito, uma vez que conseguimos passar da voz passiva sintética para a voz passiva analítica.

Bibliografia:

DE OLIVEIRA, Ubaldo Luiz. A estrutura sintática da frase. São Paulo, Selinunte editora, 1986.

BECHARA, Evanildo. Moderna gramática portuguesa. São Paulo, Nacional 1966.

Texto originalmente publicado em https://www.infoescola.com/portugues/sujeito-indeterminado/



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  1. Sujeito inexistente



Por Daniele Fernanda Feliz Moreira

Mestre em Ciências Humanas (CEFETRJ, 2014)
Especialista em Linguística, Letras e Artes (CEFETRJ, 2013)
Graduada em Letras - Literatura e Língua Portuguesa (UFRJ, 2011)

Na frase “Lá faz muito frio” não é possível determinar ou imaginar “alguém” praticando a ação de “fazer muito frio lá”. Podemos observar que a maioria das frases apresenta um sujeito, seja ele determinado ou indeterminado. Quando não podemos apontar ou imaginar um elemento a respeito do qual se afirma ou declara alguma coisa, temos uma oração sem sujeito ou sujeito inexistente.

Exemplificando:

Faz cinco meses que ela foi embora.

Chovia no Sul.

Houve muita confusão na fila da padaria.

São quatro horas da manhã.

Basta de reclamações!

Os verbos destacados: fazer, chover, haver, ser e bastar não cabem os pronomes “ele” ou “ela”, “eles” ou “elas” funcionando como sujeito. A esses verbos que não admitem sujeito, chamamos de verbos impessoais.

    1. Principais verbos impessoais

São:

  • Os verbos que denotam fenômenos atmosféricos ou cósmicos: chover, trovejar, anoitecer, nevar, fazer (frio, calor), etc.
    Faz frio.

  • Os verbos haver e ser em orações sinônimas às construídas com existir:
    Era uma vez uma menina loira que levava um cesto de frutas para sua avó.

  • Os verbos haver, fazer e ser nas indicações de tempo:
    Era à hora da sobremesa.

OS VERBOS IMPESSOAIS SEMPRE APARECEM NA FORMA DE 3ª PESSOA DO SINGULAR

Desconhecendo-se a natureza impessoal dos verbos haver e fazer, é comum aparecerem erradamente na 3ª pessoa do plural, quando seguidos de substantivo no plural. Isto acontece porque o falante toma tais plurais como sujeito, quando, na realidade, não são: verbo impessoal não tem sujeito.

Adequado

Inadequado

Houve enganos lamentáveis

Houveram enganos lamentáveis

Haverá prêmios

Haverão prêmios

Faz quinze dias

Fazem quinze dias

Fazia duas semanas

Faziam duas semanas

Também ficará no singular o verbo que, junto a haver e fazer, sirva de auxiliar:

Pode haver enganos entre a gente (e não podem haver).

Deverá fazer cinco meses de namoro (e não deverão fazer).

Observação: Na oração: "Margarida faz hoje quarenta anos", o verbo fazer não é impessoal. Seu sujeito é Margarida. Logo, pode ir ao plural em: Margarida e Antônio fazem quarenta anos.

É importante destacar que, fora de seu sentido normal, muitos verbos impessoais podem ser usados pessoalmente, vale dizer, constroem-se com sujeito.

Neste caso, a concordância se faz obrigatória:

Choveram bênçãos dos céus.

“No dia seguinte amanheci de cama”

Resumindo

  • Nas frases com sujeito há sempre um elemento substituível por “ele” ou “ela, “eles” ou “elas”. Já nas frases sem sujeito os verbos são impessoais;

  • Os verbos impessoais sempre aparecem na forma de 3ª pessoa do singular;

  • É preciso observar o sentido do verbo no contexto em que está inserido. Nos usos não literais eles podem ser utilizados de modo pessoal, ou seja, possuem sujeito;

  • As frases com sujeito podem apresentar-se com sujeito determinado ou indeterminado.

Bibliografia:

DE OLIVEIRA, Ubaldo Luiz. A estrutura sintática da frase. São Paulo, Selinunte editora, 1986.

BECHARA, Evanildo. Moderna gramática portuguesa. São Paulo, Nacional 1966.

Texto originalmente publicado em https://www.infoescola.com/portugues/sujeito-inexistente/



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  1. Sujeito e predicado



Por Daniele Fernanda Feliz Moreira

Mestre em Ciências Humanas (CEFETRJ, 2014)
Especialista em Linguística, Letras e Artes (CEFETRJ, 2013)
Graduada em Letras - Literatura e Língua Portuguesa (UFRJ, 2011)

São termos essenciais da oração o sujeito e o predicado. Sujeito é o termo da oração que indica o tópico da comunicação representado por pessoa ou coisa de que afirmamos ou negamos uma ação ou uma qualidade. O predicado é o comentário da comunicação, é tudo o que se diz na oração sobre o sujeito.

Temos:

Lima Barreto (sujeito) escreveu livros importantes (predicado).

Rio de Janeiro (sujeito) é uma cidade de contrastes (predicado).

As aulas (sujeito) começaram em fevereiro (predicado).

Podemos observar que nome + verbo equivale – enquanto estrutura sintática – ao binômio sujeito + predicado. Vale lembrar que, apontados o nome e o verbo, fica bastante fácil perceber que a frase se organiza em torno deles, não importando a ordem em que as palavras apareçam dentro da frase.

Observe que, as palavras abaixo sublinhadas são nomes e as grafadas em itálico são verbos ou locuções verbais:

Folhas caem.

As folhas caem sobre a calçada.

As folhas secas caem com o vento, sobre a calçada.

Com o vento, sobre a calçada, as folhas caem.

Estrelas estavam brilhando.

Ainda estavam brilhando as últimas estrelas.

Brilhando estavam ainda as últimas estrelas.

Sujeito

Predicado

Folhas

caem.

As folhas

caem sobre a calçada.

As folhas secas

caem, com o vento, sobre a calçada.

as folhas

Com o vento, sobre a calçada, caem.

Estrelas

estavam brilhando.

as últimas estrelas

Ainda estavam brilhando

as últimas estrelas

Brilhando estavam ainda

    1. Ordem direta

Podemos afirmar que as palavras estão numa ordem direta quando na frase aparece primeiro o seu sujeito e depois dele vem o predicado.

As folhas secas caem sobre a calçada.

    1. Ordem indireta

As palavras estão numa ordem indireta quando a primeira palavra da frase não é o seu sujeito. Assim, a frase pode estar iniciada pelo seu verbo ou então por um adjunto adverbial ou até mesmo por um complemento verbal.

Caem (verbo) sobre as calçadas as folhas secas (sujeito).

Ainda (adjunto adverbial) estavam brilhando as últimas estrelas (sujeito).

A estas penas (complemento verbal) nem o esquecimento (sujeito) cura.

É de grande importância ficar atento à ordem em que aparecem as palavras, principalmente quando a ordem é indireta, já que assim possibilita mais facilmente o reconhecimento do sujeito na frase. É importante também prestar atenção no verbo, pois na maioria das vezes ele concorda com o sujeito.

    1. Omissão (elipse) do verbo

O verbo pode não ser repetido na oração seguinte. Observe o exemplo:

Margarida foi ao cinema e Joaquim ao museu.

Ou seja:

Margarida foi ao cinema e Joaquim foi ao museu.

  1. A vírgula indicativa da omissão do verbo

Costuma-se indicar por vírgula a omissão do verbo:

“Dos meninos é próprio o aprender; dos mancebos, o empreender; dos varões, o compreender; dos velhos, o repreender.”

Vemos que no fragmento omitiu-se o verbo “é” e o adjetivo “próprio”.

Bibliografia:

DE OLIVEIRA, Ubaldo Luiz. A estrutura sintática da frase. São Paulo, Selinunte editora, 1986.

BECHARA, Evanildo. Moderna gramática portuguesa. São Paulo, Nacional 1966.

Texto originalmente publicado em https://www.infoescola.com/portugues/sujeito-e-predicado/



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  1. Tipos de sujeito



Por Daniele Fernanda Feliz Moreira

Mestre em Ciências Humanas (CEFETRJ, 2014)
Especialista em Linguística, Letras e Artes (CEFETRJ, 2013)
Graduada em Letras - Literatura e Língua Portuguesa (UFRJ, 2011)

Num enunciado completo, via de regra, nos é dada uma informação a respeito de alguém ou de alguma coisa. O ser de quem se informa algo denomina-se sujeito. A informação propriamente dita recebe o nome de predicado.

Margarida dirigia [a palavra às classes menos abastadas].

Margarida" é o sujeito, “dirigia” é o verbo e a “palavra às classes menos abastadas” é o predicado.

    1. Sujeito simples e composto

Dependendo do núcleo, o sujeito pode ser simples ou composto. É simples quando possui um só núcleo. Como em: “Uma vaca vivia pastando à vista de todos”. Pode ser composto, quando possui mais de um núcleo. Como em: “Bois, vacas e cabritos andavam misturados.” É possível perceber que no sujeito simples “vaca” é o núcleo, já no sujeito composto, os núcleos são: bois, vacas e cabritos.

    1. Sujeito elíptico, oculto, subentendido ou desinencial

Às vezes, por questões estilísticas ou até mesmo por questão de precisão o sujeito simples não aparece expresso na oração, mas pode ser facilmente identificado pela desinência verbal. Como no exemplo: (Eu) estive com você ontem pela manhã. Ou então em: (Nós) comemos muito. Esse tipo de sujeito também é conhecido como oculto, desinencial ou implícito na desinência verbal.

    1. Sujeito determinado e indeterminado

Em relação à possibilidade de ser identificado ou não, o sujeito pode ser determinado ou indeterminado. Assim, o sujeito é determinado quando é possível reconhecer gramaticalmente o sujeito da oração; é o que ocorre com o sujeito simples e o sujeito composto vistos anteriormente. Mesmo o sujeito implícito na desinência verbal é um sujeito determinado. O sujeito é indeterminado quando a informação contida no predicado refere-se a um elemento que não se pode (ou não se quer) identificar. Como por exemplo:

(?) Falaram muito bem de você na reunião de ontem.

(?) Acredita-se na existência de vida fora do planeta de Terra.

É importante destacar que, quando o sujeito é representado por um pronome substantivo indefinido, não devemos classificá-lo como indeterminado, mas como sujeito simples (portanto, determinado):

Alguém pegou meu caderno.

Algo acontece no bairro.

Podemos observar que “Alguém” e “Algo” são pronomes substantivos indefinidos.

O sujeito será indeterminado nas seguintes situações:

Quando o verbo estiver na terceira pessoa do plural e não há sujeito expresso na oração nem é possível identificá-lo pelo contexto. Temos como exemplo: (?) telefonaram para você.

Quando o verbo estiver na terceira pessoa do singular, seguido de índice de indeterminação do sujeito "se". Temos como exemplo:

(?) precisa-se de empacotadores ou anda

(?) acredita-se na existência de vida extraterrestre.

Vale lembrar que a palavra "se" pode desempenhar várias funções na oração. É fundamental perceber que, quando ocorre apassivador "se", não temos caso de sujeito indeterminado, mas de sujeito determinado, expresso na oração, com verbo na voz passiva sintética. Como em:

Quebrou-se a vidraça – A vidraça foi quebrada.

No caso se é um pronome apassivador, já que quem quebra, quebra alguma coisa.

    1. Oração sem sujeito

Temos a oração sem sujeito quando a informação veiculada pelo predicado não se refere a sujeito algum. Ocorre com os verbos impessoais, a saber:

Verbos que exprimem fenômenos naturais (chover, anoitecer, relampejar, nevar, trovejar, amanhecer e etc.).

Choveu muito no Rio de Janeiro.

Anoitece mais tarde hoje.

É importante lembrar que, se o verbo exprimir fenômeno natural em sentido figurado, haverá sujeito. Como no exemplo:

Choveram reclamações contra aquela marca. (Reclamações é o sujeito).

Os verbos fazer, ser, estar na indicação de tempo cronológico ou clima.

Faz dois anos que ele saiu.

É uma hora.

O verbo haver no sentido de existir ou indicando tempo transcorrido.

Havia cinco alunos naquela sala.

dois meses não converso com meus colegas.

O verbo existir não é impessoal. Logo, ele possuirá sujeito expresso na oração, concordando normalmente com ele.

Existiam quatro pessoas interessadas na vaga → “quatro pessoas interessadas na vaga”, é portanto, o sujeito da oração.

  1. Os verbos impessoais e a questão da concordância

Os verbos impessoais (com exceção do verbo ser) devem ficar sempre na terceira pessoa do singular. Logo, na linguagem culta e na norma padrão, devemos sempre dizer:

Havia muitos carros na rua.

Faz cincos anos.

Inclusive, é válido destacar que, quando um verbo auxiliar se junta com um verbo impessoal, esse também deve ficar no modo singular:

Pode haver muitos carros na rua

Vai fazer cinco anos.

Veja também:

  1. Sujeito

  2. Sujeito e Predicado

  3. Predicado

  4. Tipos de Predicado

Bibliografia:

ALMEIDA, Nilson Teixeira de. Gramática de Língua Portuguesa para concursos. São Paulo: Saraiva, 2009.

CUNHA, Celso. Gramática da Língua Portuguesa. Rio de Janeiro: FENAME, 1979.

TERRA, Ernani. Minigramática. São Paulo: Scipione, 2007

Texto originalmente publicado em https://www.infoescola.com/portugues/tipos-de-sujeito/


  1. Tipos de predicado



Por Daniele Fernanda Feliz Moreira

Mestre em Ciências Humanas (CEFETRJ, 2014)
Especialista em Linguística, Letras e Artes (CEFETRJ, 2013)
Graduada em Letras - Literatura e Língua Portuguesa (UFRJ, 2011)

Tradicionalmente, distinguimos o predicado de uma oração em três tipos, a depender de que elemento figura como seu núcleo: predicado verbal, predicado nominal e predicado verbo-nominal. Essa não é somente uma questão de nomenclatura, é uma classificação importante que leva em conta quem é o predicador de uma dada oração.

O predicador é o grande organizador da oração, aquele termo ao qual se subordinam todos os outros elementos no entorno; é o elemento que determina quantas posições sintáticas será necessário ocupar oração, que tipo de elementos podem ocupar essas posições, se nomes, se pronomes, se verbos etc.

    1. Predicado verbal

Dessa forma, temos que no predicado verbal o núcleo é um verbo significativo, isto é, um verbo que seleciona entre uma e quatro outras posições sintáticas na mesma oração a serem ocupadas por complementos seus para que a oração tenha sentido completo.

Como, por exemplo, “transferir” na oração “Maria transferiu o dinheiro da conta dela para a minha”, é um verbo significativo que prevê quatro posições sintáticas na sua predicação básica, o que significa dizer que esse é um verbo que necessita da presença de mais outros quatro elementos que completem o seu sentido na frase. Ao passo que em “morrer” em “A flor morreu” é um verbo significativo que prevê apenas uma posição sintática, a de sujeito, para completar seu significado.

    1. Predicado nominal

Já o predicado nominal é aquele que tem como núcleo um nome capaz de predicar, de prever outras posições sintáticas na mesma oração para completar o seu significado. Há verbo nesse tipo de oração, mas não são verbos significativos, são verbos de ligação que apenas cumprem o papel de ligar o predicador ao seu referente, ou o predicativo ao seu sujeito. É nominal qualquer predicado em qualquer oração com verbo de ligação, como no exemplo “A prova estava difícil”, em que o nome adjetivo “difícil” é o predicador da oração, é ele o elemento que prevê uma posição sintática a ser ocupada um ente que receberá essa característica, precisa existir algo para ser chamado de difícil; essa posição é a de sujeito, ocupada no exemplo pelo elemento “A prova”. O verbo nessa frase apenas liga sujeito e seu predicativo.

    1. Predicado verbo-nominal

O predicado verbo-nominal é aquele que conta, em seu núcleo, com um verbo significativo e, ao mesmo tempo, com um predicador nominal. A predicação, nesses casos, não vem só de um elemento, mas de ambos, os dois elementos preveem posição sintática na mesma oração para terem seu significado completo. É o caso de “A chuva caía fina” ou “O povo votou consciente”, em que o verbo prevê uma posição de sujeito e um nome adjetivo também a prevê e essa posição é ocupada pelo mesmo elemento em função sintática de sujeito; na primeira frase “A chuva” é sujeito de “caía” e é também sujeito que recebe característica descrita pelo predicador nominal “fina”. Na segunda frase, “O povo” é sujeito de “votou” e é também o elemento que recebe característica descrita pelo predicador nominal “consciente”.

Bibliografia:

BECHARA, Evanildo. Moderna gramática portuguesa. Rio de Janeiro : Nova Fronteira,. 2009.

Texto originalmente publicado em https://www.infoescola.com/portugues/tipos-de-predicado/



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  1. Termos integrantes da oração



Por Denyse Lage Fonseca

Especialista em Planejamento, Implementação e Gestão da Educação a Distância (UFF)
Graduação em Letras (Fundação Comunitária de Ensino Superior de Itabira, FUNCESI)

Denominam-se termos integrantes da oração aqueles que, como a própria terminologia sugere, integram as orações, complementando o significado de verbos e nomes. Veja, na sequência, cada um deles:

    1. 1. Complemento nominal

Termo que complementa o significado de um nome [substantivo, adjetivo ou advérbio], por meio da preposição. Ele pode vir representado por:

  1. Substantivo ou Expressão Substantivada:

O gosto pela leitura faz bem.

Complementa-se o nome “gosto”, especificando-o (substantivo “leitura”), por meio da preposição “pela”.

Tinha convicção da necessidade de um olhar atento.

Completa-se o sentido do nome “necessidade”, por meio da palavra substantivada “um olhar”, precedida da preposição “de”. Vale lembrar que a colocação de um artigo, antes de um verbo, forma uma palavra ou expressão substantivada (artigo indefinido “um” + verbo “olhar” = palavra substantivada “um olhar”).

  1. Numeral:

A reforma da casa melhoraria a vida dos dois.

O numeral “dois”, anteposto da preposição aglutinada (dos = de + os), completa o sentido do nome “vida”.

  1. Pronome:

Patrícia desconhecia o passado dele.

O pronome “dele” [ junção da preposição “de” + pronome “ele”] complementa o sentido do nome “passado”.

  1. Oração subordinada completiva nominal:

Ele foi ao encontro a que lhe recomendamos.

Observe que a frase se compõe de duas orações, a principal “Ele foi ao encontro” e a subordinada “a que lhe recomendamos”, que complementa o sentido da primeira por intermédio da conjunção subordinativa “que”, antecedida da preposição “a”.

    1. 2. Complemento verbal

Termo que complementa o sentido de um verbo, com ou sem auxílio de uma preposição. Pode ser formado por:

  1. Objeto direto: termo que complementa o sentido de um verbo transitivo direto, ligando-se a ele sem preposição:

Joana acendeu as luzes quando o viu chegar
  1. Objeto direto preposicionado: termo que complementa um verbo transitivo direto, unindo-se a ele por meio de uma preposição. Ocorre somente em casos bem específicos:

Tomou do vinho.
  1. Objeto direto pleonástico: repete-se o objeto direto:

Meu amado, queria-o loucamente.
  1. Objeto indireto: termo que completa o significado de um verbo transitivo indireto, isto é, conecta-se a ele por meio de uma preposição:

Ele precisa de sua ajuda.
  1. Objeto indireto pleonástico: repete-se o objeto indireto:

A ela, disse-lhe com veemência.
  1. Predicativo do objeto: ocorre somente no predicado verbo-nominal, indicando uma atribuição ao objeto, com ou sem o auxílio de uma preposição:

Ele encontrou a mãe feliz.

Note que “feliz” é uma característica atribuída à “mãe”, objeto direto oriundo do verbo “encontrar”.

  1. Agente da passiva: indica o ser que pratica ou recebe a ação verbal referente ao sujeito:

A conquista do “Mundial de Clubes” pelo Vôlei do “Cruzeiro” foi vibrada pela torcida.

Perceba que a torcida pratica a ação de vibrar (agente), por algo realizado pelo sujeito “a conquista do título mundial pelo time do Cruzeiro”, ou seja, o faz de forma passiva.

Para concluir: Os termos que integram as orações complementam o sentido de verbos e nomes. O conhecimento das regras que regem a construção dos diversificados complementos é fundamental para que a comunicação oral e escrita ocorra de modo eficiente.

Referência:

CUNHA, Celso; CINTRA, Luís F. Lindley. A oração e os seus termos integrantes. In: ___ Nova gramática do português contemporâneo. 5.ed. Rio de Janeiro: Lexikon, 2008, p.152-163.

Texto originalmente publicado em https://www.infoescola.com/portugues/termos-integrantes-da-oracao/


  1. Vocativo



Por Cynthia Cordeiro Chalegre

Graduada em Letras-Português (USP, 2011)

O vocativo é o termo que tem a função de chamar, invocar ou interpelar dentro da oração. Não possui relação sintática com outros termos da oração, não pertencendo, portanto, nem ao sujeito, nem ao predicado; porém, relaciona-se com a segunda pessoa do discurso. Pode ser antecedido ou não por interjeição de apelo (Ei! Olá! etc.).

Vejamos alguns exemplos:

Não diga isso dentro de uma igreja, Amanda!

Na vida, meu querido, não se pode ter tudo.

Oh, Senhor, escutai minhas súplicas!

Ei! Moço! Com licença, pode me dar uma informação?

    1. Distinguindo vocativo de aposto

Como dito anteriormente, o vocativo não mantém relação sintática com os demais termos da oração, enquanto o aposto mantém essa relação. Além disso, os dois têm funções diferentes. Enquanto o vocativo serve para chamar ou interpelar um interlocutor, o aposto explica ou especifica um termo de valor substantivo ou pronominal.

Veja exemplo:

Oh, Senhor, escutai minhas súplicas! Cura Tereza, minha filha querida, dessa doença terrível!

Na frase acima o termo “Oh, Senhor” é o vocativo e “minha filha querida”, o aposto.

    1. Vocativo e vírgula

Separar o vocativo dos demais termos da frase com vírgula é obrigatório, pois não seguir essa regra pode alterar completamente o sentido proposto.

Vejamos exemplos de aplicação de vírgula atrelada ao vocativo:

1) Fernanda me contou uma história pessoal.

2) Fernanda me contou uma história, pessoal.

Na frase 1, a ausência de vírgula indica que o sujeito (Fernanda) contou uma história íntima, quando, na verdade, “pessoal” se refere às pessoas a quem a palavra se dirige.

Confira mais exemplos de como a ausência da vírgula do vocativo interfere no sentido da frase:

3) Ouça Maria.

4) Ouça, Maria!

Aqui o objetivo é pedir que Maria ouça, porém, sem a vírgula, entende-se que é ela quem deve ser ouvida.

5) Você viu a boneca Luísa?

6) Você viu a boneca, Luísa?

Nesse caso, pretende-se perguntar à Luísa se ela viu a boneca, mas, sem a vírgula, infere-se que está sendo perguntado se o interlocutor viu a boneca chamada Luísa.

Referências Bibliográficas:

CUNHA, C.; CINTRA, L. Nova Gramática do Português Contemporâneo. 6ª ed. Rio de Janeiro: Lexikon, 2013. 800 p.

CEGALLA, Domingos Paschoal. Novíssima Gramática da Língua Portuguesa. Companhia Editora Nacional. 695 p.

Texto originalmente publicado em https://www.infoescola.com/portugues/vocativo/




  1. Figuras de Linguagem

As figuras de linguagem são classificadas em:

  1. Figuras de Palavras / Figuras de Pensamento

    1. Figuras de Construção ou Sintáticas

Exercícios - Figuras de linguagem



Lista de questões de vestibulares e concursos sobre as figuras de linguagem.
Ler artigo
Figuras de linguagem.

Exercício 1: (ADVISE 2009)

No enunciado: “Virgílio, traga-me uma coca cola bem gelada!”, registra-se uma figura de linguagem denominada:


anáfora

personificação

antítese

catacrese

metonímia


Neste caso, trata-se de uma METONÍMIA, e portanto a resposta da questão é a letra E. A metonímia é a figura de linguagem que consiste na utilização de um termo em substituição a outro que estabelece com ele algum tipo de afinidade, semelhança ou relação semântica. Neste caso, substitui-se refrigerante de cola pela marca do produto “coca cola”. É o que acontece com outros produtos, com palha de aço, que em alguns lugares é mais conhecida pela marca “Bom Bril”, ou quando, ao invés de falar iogurte, se utiliza a marca “Danone”, etc. Vale ressaltar que este é apenas um dos casos de metonímia, existem muitos outros como o autor pela obra, a parte pelo todo, etc.

Exercício 2:

(FMU) Quando você afirma que enterrou “no dedo um alfinete”, que embarcou “no trem” e que serrou “os pés da mesa”, recorre a um tipo de figura de linguagem denominada:


metonímia

antítese

paródia

alegoria

catacrese


Nestes três casos apresentados no enunciado da questão, temos exemplos de uma figura de linguagem chamada “CATACRESE”: alternativa E. Esta figura de linguagem consiste no uso de uma palavra ou expressão em um sentido que não lhe é próprio, um sentido figurado, ou um sentido que não corresponde de forma apropriada ao real significado de tal palavra ou expressão. Isso acontece, geralmente, porque não se encontra um termo adequado para ser utilizado no contexto, e por alguma aproximação de sentido foi utilizado outro termo, que acabou ficando muito comum e perdeu a característica de metáfora, sendo assim denominado CATACRESE. São exemplos de catacrese: dente de alho, pés da mesa, cabeça de alfinete, e muitos outros, como os três presentes no enunciado “embarcar no trem” (embarcar significa entrar no barco) “enterrar no dedo um alfinete” (enterrar significa colocar debaixo da terra) ou “serrar os pés da mesa” (mesa, na verdade, não tem pés. Este nome é dado aos membros inferiores do ser humano, então, na falta de um termo apropriado, este passou a ser utilizado).

Exercício 3:

(U. Taubaté) No sintagma: “Uma palavra branca e fria”, encontramos a figura denominada:


sinestesia

eufemismo

onomatopéia

antonomásia

catacrese


Quando se atribui as características “branca” e “fria” a uma “palavra” (que é algo sonoro ou visual) está acontecendo uma mistura entre os sentidos do ser humano (visual, táctil, auditivo). Este fenômeno é conhecido como SINESTESIA e considerado uma figura de linguagem quando aplicado ao texto. A resposta da questão, portanto, é a alternativa A.

Exercício 4:

(FAU-Santos) Nos versos: “Bomba atômica que aterra
Pomba atônita da paz
Pomba tonta, bomba atômica...”

A repetição de determinados elemento fônicos é um recurso estilístico denominado:


hiperbibasmo

sinédoque

metonímia

aliteração

metáfora


Nas palavras utilizadas no trecho do poema, presente no enunciado, podemos notar a repetição insistente de algumas consoantes como P, B, T, C, o que sonoramente provoca um efeito no texto. Este recurso estilístico, presente principalmente em textos literários e poéticos, é chamado de ALITERAÇÃO, ou seja, a repetição de sons consonantais em um texto, provocando nele um efeito perbido pela audição. Outro som repetido é o som do “om” ou /õ/, que também seria uma figura de linguagem chamada de assonância (repetição dos sons vocálicos), porém esta não é uma alternativa presente na questão. A resposta correta é a letra D - ALITERAÇÃO.

Exercício 5:

(Maringá) Leia os versos e depois assinale a alternativa correta:

“Amo do nauta o doloroso grito
Em frágil prancha sobre o mar de horrores,
Porque meu seio se tornou pedra,
Porque minh’alma descorou de dores.” (Fagundes Varela)

No primeiro verso, há uma figura que se traduz por:


pleonasmo

hipérbato

gradação

anacoluto

anáfora


No primeiro verso do poema “amo do nauta o doloroso grito”, podemos perceber a alteração brusca da posição normal dos termos, que seria “amo o grito doloroso do nauta”. Esta mudança brusca em termos, palavras ou orações, é chamada de HIPÉRBATO, e geralmente é utilizada em poemas para ajustar a métrica ou a rima, ou como um efeito estilístico. A resposta, portanto, é alternativa B - HIPÉRBATO.

Exercício 6:

(Cesesp – PE) Leia atentamente os períodos:

  1. Vários de nós ficamos surpresos.

  2. Essa gente está furiosa e com medo; por consequência, capazes de tudo.

  3. Tua mãe, não há idade nem desgraça que lhe transforme o sorriso.

  4. Entre elas, alguém estava envergonhada.

Os períodos aça contêm, respectiva e sucessivamente, as seguintes figuras de sintaxe:


Silepse de pessoa, silepse de gênero, anacoluto, silepse de número.

Anacoluto, anacoluto, anacoluto, silepse de número.

Silepse de número, silepse de pessoa, anacoluto, anacoluto.

Silepse de pessoa, silepse de número, anacoluto, silepse de gênero.

Silepse de pessoa, anacoluto, silepse de gênero, anacoluto.


As figuras de sintaxe presentes nas frases apresentadas nesta questão são, respectivamente:

1. “Vários de nós ficamos surpresos.” - SILEPSE DE PESSOA - a concordância ideológica com uma pessoa que não está presente na estrutura sintática da frase, ou seja, na frase há um termo “ficamos” (1ª pessoa) que concorda com a ideia do sujeito da frase “nós” (1ª pessoa) e não com o termo sintático utilizado “Vários de nós” (3ª pessoa). Sintaticamente, a concordância correta seria “Vários de nós ficaram surpresos”.

2. “Essa gente está furiosa e com medo; por consequência, capazes de tudo.” - SILEPSE DE NÚMERO - a concordância ideológica, porém desta vez não relacionada à pessoa do discurso, mas uma concordância de número (singular/plural). Na frase, o sujeito está no singular “esta gente”, porém o verbo está no plural “capazes”, subentendendo-se que “essa gente” se refere a muitas pessoas. Sintaticamente, para haver concordância de número, o verbo deveria estar também no singular.

3. “Tua mãe, não há idade nem desgraça que lhe transforme o sorriso.” - ANACOLUTO - figura que consiste na quebra da estrutura sintática de uma frase. Neste caso, a quebra acontece depois do termo “tua mãe”. Regularmente, deveria haver um verbo e um complemento, mas a estrutura se reinicia, apresentando outro sujeito com seu verbo e complemento.

4. “Entre elas, alguém estava envergonhada” - SILEPSE DE GÊNERO - é o mesmo fenômeno de concordância ideológica, explicado acima, porém desta vez a concordância é quebrada quanto ao gênero das palavras. No exemplo, o adjetivo“envergonhada” (feminino) não concorda com o substantivo ao qual se refere “alguém” (masculino), pois concorda com a ideia que fica subentendida, de que este “alguém” é uma mulher, já que há o termo “entre elas” citado anteriormente.

A alternativa que corresponde às figuras de linguagem encontradas respectivamente, é a letra D - Silepse de pessoa, silepse de número, anacoluto, silepse de gênero.

Exercício 7:

(Inatel) Reconheça e classifique as figuras de palavras, de construção e de pensamento:

( ) “Quando uma lousa cai sobre um cadáver mudo”.
( ) “Terrível hemorragia de sangue”.
( ) “Das idades através”.
( ) “Oxalá tenham razão”.
( ) “Trejeita, e canta, e ri nervosamente”.

A sequência que corresponde à resposta correta é:


4,3,5,2,1

3,4,2,1,5

3,4,2,5,1

3,4,5,2,1

1,3,2,5,4


A sequência correta das figuras de linguagem encontradas é:

3. EPÍTETO - é a utilização de um adjetivo, substantivo ou expressão associado a um outro nome para qualificá-lo ou identificá-lo, dando a ele características que já lhe são próprias. No exemplo “Quando uma lousa cai sobre um cadáver mudo”, a característica “mudo” é atribuída ao cadáver, que obviamente já tem esta característica.

4. PLEONASMO - é quando há uma redundância de ideias na frase, como no exemplo “Terrível hemorragia de sangue”. Trata-se de um pleonasmo, pois a ideia de hemorragia já nos diz que é um sangramento, portanto não seria necessário usar a expressão “de sangue”.

2. HIPÉRBATO - figura que consiste na alteração da ordem lógica na estrutura sintática do termo, da frase, da oração ou do período. Neste caso, a ordem seria “através das ideias”, e foi alterada de forma brusca: “Das ideias através”.

5. ELIPSE - é a figura de linguagem utilizada para suprimir do texto uma palavra que fica facilmente subentendida, sem causar nenhum prejuízo para a compreensão do mesmo. É o caso do exemplo “Oxalá tenham razão”, em que é suprimido o sujeito, porém não há nenhum prejuízo quanto à compreensão da frase.

1. POLISSÍNDETO é o uso repetitivo de uma mesma conjunção para ligar termos, orações ou períodos, como acontece na frase dada como exemplo: “Trejeita, e canta, e ri nervosamente”. A repetição da conjunção “e” causa um efeito estilístico no texto, como se as ações se repetissem interminavelmente uma depois da outra.

A alternativa que corresponde à sequência é a letra C - 3,4,2,5,1.

Exercício 8:

(Cescea) Identifique os recursos estilísticos empregados no texto:

Nem tudo tinham os antigos, nem tudo temos, os modernos”. (Machado de Assis)


anáfora – antítese - silepse

metáfora – antítese – elipse

anástrofe – antítese – zeugma

pleonasmo – antítese – silepse

anástrofe – comparação – parábola


Os recursos estilísticos utilizados na frase “Nem tudo tinham os antigo, nem tudo temos, os modernos” são: SILEPSE - concordância da forma verbal “temos” com a ideia subentendida de “nós”, quando na verdade o sujeito é “os modernos” (3ª pessoa); ANTÍTESE - aproximação de duas ideias opostas, presentes nas palavras “antigos” e “modernos”; ANÁFORA - repetição da palavra “nem” consecutivamente nas duas frases seguidas. A alternativa que corresponde à resposta é a letra A - anáfora - antítese - silepse.

Exercício 9:

(Mack) Nos versos abaixo, uma figura se ergue graças co conflito de duas visões antagônicas:

“Saio do hotel com quatro olhos,
- Dois do presente,
- Dois do passado.”

Esta figura de linguagem recebe o nome de:


metonímia

catacrese

hipérbole

antítese

hipérbato


As ideias opostas presentes no trecho do poema apresentado no enunciado da questão são as ideias de “presente” e “passado”. A figura de linguagem presente graças à oposição destas duas ideias é a ANTÍTESE, assinalada pela alternativa D.

Exercício 10:

(FUVEST) Identifique a figura de linguagem empregada nos versos destacados:

“No tempo de meu Pai, sob estes galhos,
Como uma vela fúnebre de cera,
Chorei bilhões de vezes com a canseira
De inexorabilíssimos trabalhos
!”


antítese

anacoluto

hipérbole

litotes

paragoge


Nos versos em destaque “Chorei bilhões de vezes com a canseira / De inexorabilíssimos trabalhos!” há uma figura de linguagem chamada HIPÉRBOLE, assinalada na letra C. A hipérbole é uma figura de estilo que consiste no emprego de uma ideia de maneira demasiadamente exagerada, chegando ao ponto de não condizer com a realidade dos fatos. No caso do exemplo, ela está presente na afirmação “chorei bilhões de vezes”. É utilizada geralmente para conferir ao texto um certo nível de dramaticidade.

As opções corretas foram marcadas em verde.

Exercício 11:

(FUVEST) A figura de linguagem empregada nos versos em destaque é:

Quando a Indesejada das gentes chegar
(Não sei se dura ou caroável)
Talvez eu tenha medo.
Talvez sorria, ou diga:
- Alô, iniludível!”


clímax

eufemismo

sínquise

catacrese

pleonasmo


No verso em destaque “Quando a indesejada das gentes chegar”, há o emprego de uma figura de linguagem chamada de EUFEMISMO. O eufemismo é o emprego de palavras que suavizam uma ideia no texto, como é o caso da palavra“indesejadas”. É considerada o contrário da hipérbole, que é o exagero. A alternativa que corresponde à resposta é a letra B - EUFEMISMO.

Exercício 12:

Em cada um dos períodos abaixo ocorre uma silepse. Marque a alternativa que classifica corretamente cada uma delas.

  1. Está uma pessoa ouvindo missa, meia-hora o cansa e atormenta e faz romper em murmurações”.

  2. E todos assim nos distraímos nesses preparativos”. (Aníbal Machado)

  3. A multidão vai subindo, subiram, subiram mais”. (Murilo Mendes)


silepse de gênero, silepse de número, silepse de número.

silepse de pessoa, silepse de número, silepse de pessoa.

silepse de gênero, silepse de pessoa, silepse de pessoa.

silepse de gênero, silepse de pessoa, silepse de número.

silepse de número, silepse de pessoa, silepse de gênero.


Nas três frases apresentadas na questão é utilizada um tipo de SILEPSE, ou seja, uma concordância ideológica que pode ser de pessoa, de gênero ou de número.

Na primeira frase: “Está uma pessoa ouvindo missa, meia-hora o cansa e atormenta e faz romper em murmurações” há uma SILEPSE DE GÊNERO, pois o pronome “o” (masculino), presente em “meia-hora o cansa”, não concorda em gênero com o referente“uma pessoa” (feminino) e sim com a ideia de que esta pessoa seria um homem.

Na segunda frase: “E todos assim nos distraímos nesses preparativos” há SILEPSE DE PESSOA, pois a construção “nos distraímos” (1ª pessoa) não concorda com o sujeito “todos” (3ª pessoa) e sim com a ideia de que todos na verdade se refere a “nós”.

Na terceira frase: “A multidão vai subindo, subiram, subiram mais” ocorre SILEPSE DE NÚMERO, já que a forma verbal “subiram” está no plural, enquanto o sujeito “multidão” está no singular. A concordância é permitida ideologicamente, pois se sabe que“multidão” se refere a um grande número de pessoas.

A alternativa que corresponde à resposta desta questão é a letra D - silepse de de gênero, silepse de pessoa, silepse de número.

Exercício 13: (UFSC 2012)

Leia os provérbios (itens A e B) e a citação (item C) abaixo.

  • A. “A palavra é prata, o silêncio é ouro.”

  • B. “Os sábios não dizem o que sabem, os tolos não sabem o que dizem.”

  • C. “Há coisas que melhor se dizem calando.” (Machado de Assis)

Com base na leitura acima, assinale a(s) proposição(ões) CORRETA(S).

Em cada um dos provérbios observa-se um paralelismo sintático, que ajuda a conferir ritmo ao provérbio e favorece sua memorização.

No provérbio (A) ocorrem duas metáforas.

No provérbio (B) as orações “o que sabem” e “o que dizem” funcionam como adjetivos que caracterizam, respectivamente, os sábios e os tolos.

Tanto o item A quanto o item C funcionam como elogios à discrição.

A frase de Machado de Assis contém um pleonasmo, porque é um exagero dizer que se pode falar calado.

No provérbio (B) temos a figura de linguagem paradoxo, porque é absurdo que os sábios tenham que se calar para que os tolos falem.

Exercício 14: (UNICAMP 2017)

Em depoimento, Paulo Freire fala da necessidade de uma tarefa educativa: “trabalhar no sentido de ajudar os homens e as mulheres brasileiras a exercer o direito de poder estar de pé no chão, cavando o chão, fazendo com que o chão produza melhor é um direito e um dever nosso. A educação é uma das chaves para abrir essas portas. Eu nunca me esqueço de uma frase linda que eu ouvi de um educador, camponês de um grupo de Sem Terra: pela força do nosso trabalho, pela nossa luta, cortamos o arame farpado do latifúndio e entramos nele, mas quando nele chegamos, vimos que havia outros arames farpados, como o arame da nossa ignorância. Então eu percebi que quanto mais inocentes, tanto melhor somos para os donos do mundo. (…) Eu acho que essa é uma tarefa que não é só política, mas também pedagógica. Não há Reforma Agrária sem isso.”
(Adaptado de Roseli Salete Galdart, Pedagogia do Movimento Sem Terra: escola é mais que escola. São Paulo: Expressão Popular, 2008, p. 172.)

No excerto adaptado que você leu, há menção a outros arames farpados, como “o arame da nossa ignorância”. Trata-se de uma figura de linguagem para:

a conquista do direito às terras e à educação que são negadas a todos os trabalhadores.

a obtenção da chave que abre as portas da educação a todos os brasileiros que não têm terras.

a promoção de uma conquista da educação que tenha como base a propriedade fundiária.

a descoberta de que a luta pela posse da terra pressupõe também a conquista da educação.

Exercício 15: (UFPR 2015 - C. Gerais)

É correto afirmar que o tom geral que impera no texto pode ser resumido pela palavra

indiferença.

metáfora.

ironia.

paródia.

informação.

Exercício 16: (UECE 2018.1 - 1ª Fase)

A utilização de figuras de linguagem ocorre, de maneira muito particular, na escrita literária. Sobre o uso desse recurso no poema de Manoel de Barros, identifica-se


a metáfora no verso “Mas eu preciso ser Outros” (linhas 126-127) relativa à analogia que se faz entre o poeta ser ele mesmo e ser outro.

o oximoro em “A maior riqueza do homem é sua incompletude” (linhas 110-112), pela contradição de sentidos presente no enunciado.

a hipérbole no trecho “Palavras que me aceitam como sou — eu não aceito” (linhas 115-117), em razão de aí haver o desejo do enunciador em engrandecer a verdade dos fatos.

a prosopopeia no enunciado “Eu penso renovar o homem usando borboletas” (linhas 128-130), em que há uma atribuição da função humana a um ser não humano.




As opções corretas foram marcadas em verde.



  1. Figuras de linguagem

Por Daniele Fernanda Feliz Moreira

Mestre em Ciências Humanas (CEFETRJ, 2014)
Especialista em Linguística, Letras e Artes (CEFETRJ, 2013)
Graduada em Letras - Literatura e Língua Portuguesa (UFRJ, 2011)



As figuras de linguagem são recursos linguísticos a que os autores recorrem para tornar a linguagem mais rica e expressiva. Esses recursos revelam a sensibilidade de quem os utiliza, traduzindo particularidades estilísticas do emissor da linguagem. As figuras de linguagem exprimem também o pensamento de modo original e criativo, exploram o sentido não literal das palavras, realçam sonoridade de vocábulos e frases e até mesmo, organizam orações, afastando-a, de algum modo, de uma estrutura gramatical padrão, a fim de dar destaque a algum de seus elementos. As figuras de linguagem costumam ser classificadas em figuras de som, figuras de construção e figuras de palavras ou semânticas.

Para dominarmos o uso das figuras de linguagem de maneira correta, estudaremos, de modo sintetizado, os conceitos de denotação e conotação.

Denotação

Ocorre denotação quando a palavra é empregada em sua significação usual, literal, referindo-se a uma realidade concreta ou imaginária.

Já é a quinta vez que perco as chaves do meu armário

Aquela sobremesa estava muito azeda, não gostei.

Conotação

Ocorre a conotação quando a palavra é empregada em sentido figurado, associativo, possibilitando várias interpretações. Ou seja, o sentido conotativo tem a propriedade de atribuir às palavras significados diferentes de seu sentido original.

A chave da questão é você ser feliz independente do momento

Margarida é uma mulher azeda, está sempre de péssimo humor.

Podemos perceber que as palavras chave e azeda ganham novos sentidos além dos quais encontramos nos dicionários. O sentido das palavras está de acordo com a ideia que o emissor quis transmitir. Sendo assim, a conotação é um recurso que consiste em atribuir novos significados ao sentido denotativo da palavra.

  1. Figuras de som ou sonoras

As figuras de som ou figuras sonoras são aquelas que se utilizam de efeitos da linguagem para reproduzir os sons presentes nos seres. São as seguintes: aliteração, assonância, paronomásia e onomatopeia.

Aliteração: consiste na repetição ordenada de mesmos sons consonantais.

Boi bem bravo, bate baixo, bota baba, boi berrando...Dança doido, dá de duro, dá de dentro, dá direito”. (Guimarães Rosa)

Assonância: consiste na repetição ordenada de mesmos sons vocálicos.

O que o vago e incógnito desejo/de ser eu mesmo de meu ser me deu”. (Fernando Pessoa)

Paronomásia: consiste na aproximação de palavras de sons parecidos, mas de significados distintos.

Conhecer as manhas e as manhãs/ O sabor das massas e das maçãs”. (Almir Sater e Renato Teixeira)

Onomatopeia: consiste na criação de uma palavra para imitar sons e ruídos. É uma figura que procura imitar os ruídos e não apenas sugeri-los.

Chega de blá-blá-blá-blá!

É importante destacar que a existência de uma figura de linguagem não exclui outras. Em um mesmo texto podemos encontrar aliteração, assonância, paronomásia e onomatopeia.

    1. Figuras de construção ou sintaxe

As figuras de construção ou figuras de sintaxe são desvios que são evidenciados na construção normal do período. Essas figuras de linguagem ocorrem na concordância, na ordem e na construção dos termos da oração. São as seguintes: elipse, zeugma, pleonasmo, assíndeto, polissíndeto, anacoluto, hipérbato, hipálage, anáfora e silepse.

Elipse: consiste na omissão de um termo facilmente identificável pelo contexto.

Na sala, apenas quatro ou cinco convidados. (omissão de havia)

Zeugma: ocorre quando se omite um termo que já apareceu antes. Ou seja, consiste na elipse de um termo que antes fora mencionado.

Nem ele entende a nós, nem nós a ele. (omissão do termo entendemos)

Pleonasmo: é uma redundância cuja finalidade é reforçar a mensagem.

E rir meu riso e derramar meu pranto....” (Vinicius de Moraes)

Assíndeto: é a supressão de um conectivo entre elementos coordenados

Todo coberto de medo, juro, minto, afirmo, assino.” (Cecília Meireles)

Acordei, levantei, comi, saí, trabalhei, voltei.

Polissíndeto: consiste na repetição de conectivos ligando termos da oração ou elementos do período.

...e planta, e colhe, e mata, e vive, e morre...” (Clarice Lispector)

Anacoluto: consiste em deixar um termo solto na frase. Isso ocorre, geralmente, porque se inicia uma determinada construção sintática e depois se opta por outra.

Eu, que me chamava de amor e minha esperança de amor.

Aquela mina de ouro, ela não ia deixar que outras espertas botassem as mãos.” (Camilo Castelo Branco)

Os termos destacados não se ligam sintaticamente à oração. Embora esclareçam a frase, não cumprem nenhuma função sintática nos exemplos.

Hipérbato ou Inversão: consiste no deslocamento dos termos da oração ou das orações no período. Ou seja, é a mudança da ordem natural dos termos na frase.

São como cristais suas lágrimas.

Batia acelerado meu coração.

Na ordem direta, as frases dos exemplos expostos seriam:

Suas lágrimas são como cristais.

Meu coração batia acelerado.

Hipálage: ocorre quando se atribui a uma palavra uma característica que pertence a outra da mesma frase:

Esse sapato não entra no meu pé! (= Eu não entro nesse sapato!)

Essa blusa não cabe em mim. (= Eu não caibo mais nessa blusa.)

Anáfora: é a repetição da mesma palavra ou expressão no início de várias orações, períodos ou versos.

Tudo é silêncio, tudo calma, tudo mudez.” (Olavo Bilac)

Silepse: ocorre quando a concordância se faz com a ideia subentendida, com o que está implícito e não com os termos expressos. A silepse pode ser:

De gênero:

Vossa excelência é pouco conhecido. (concorda com a pessoa representada pelo pronome)

De número:

Corria gente de todos os lados, e gritavam. (gente dá ideia de plural, gritavam concorda com “gente”)

De pessoa

Os brasileiros somos bastante otimistas. (brasileiros dá ideia de nós (1º p. do plural) somos, 1º p. do plural “concorda” com “somos”)

    1. Figuras de palavras ou semânticas

As figuras de palavras ou semânticas são figuras de linguagem que consistem no emprego de uma palavra num sentido não convencional, ou seja, num sentido conotativo. São as seguintes: comparação, metáfora, catacrese, metonímia, antonomásia, sinestesia, antítese, eufemismo, gradação, hipérbole, prosopopeia, paradoxo, perífrase, apóstrofe e ironia.

Comparação ou símile: ocorre comparação quando se estabelece aproximação entre dois elementos que se identificam, ligados por nexos comparativos explícitos, como tal qual, assim como, que nem e etc. A principal diferenciação entre a comparação e a metáfora é a presença dos nexos comparativos.

E flutuou no ar como se fosse um príncipe.” (Chico Buarque)

Metáfora: consiste em empregar um termo com significado diferente do habitual, com base numa relação de similaridade entre o sentido próprio e o sentido figurado. Na metáfora ocorre uma comparação em que o conectivo comparativo fica subentendido.

Meu pensamento é um rio subterrâneo”. (Fernando Pessoa)

Catacrese: ocorre quando, por falta de um termo específico para designar um conceito, toma-se outro por empréstimo.

Ele comprou dois dentes de alho para colocar na comida.

O pé da mesa estava quebrado.

Não sente no braço do sofá.

Metonímia: assim como a metáfora, consiste numa transposição de significado, ou seja, uma palavra que usualmente significa uma coisa passa a ser utilizada com outro sentido. Ou seja, é o emprego de um nome por outro em virtude de haver entre eles algum relacionamento. A metonímia ocorre quando se emprega:

A causa pelo efeito: vivo do meu trabalho (do produto do trabalho = alimento)

O efeito pela causa: aquele poeta bebeu a morte (= veneno)

O instrumento pelo usuário: os microfones corriam no pátio = repórteres).

Antonomásia: É a figura que designa uma pessoa por uma característica, feito ou fato que a tornou notória.

A cidade eterna (em vez de Roma)

Sinestesia: Trata-se de mesclar, numa expressão, sensações percebidas por diferentes órgãos sensoriais.

Um doce abraço ele recebeu da irmã. (sensação gustativa e sensação tátil)

Antítese: é o emprego de palavras ou expressões de significados opostos.

Os jardins têm vida e morte.

Eufemismo: consiste em atenuar um pensamento desagradável ou chocante.

Ele sempre faltava com a verdade (= mentia)

Gradação ou clímax: é uma sequência de palavras que intensificam uma ideia.

Porque gado a gente marca,/ tange, ferra, engorda e mata,/ mas com gente é diferente.

Hipérbole: trata-se de exagerar uma ideia com finalidade enfática.

Estou morrendo de sede!

Não vejo você há séculos!

Prosopopeia ou personificação: consiste em atribuir a seres inanimados características próprias dos seres humanos.

O jardim olhava as crianças sem dizer nada.

Paradoxo: consiste no uso de palavras de sentido oposto que parecem excluir-se mutuamente, mas, no contexto se completam, reforçam uma ideia e/ou expressão.

Estou cego, mas agora consigo ver.

Perífrase: é uma expressão que designa um ser por meio de alguma de suas características ou atributos.

O ouro negro foi o grande assunto do século. (= petróleo)

Apóstrofe: é a interpelação enfática de pessoas ou seres personificados.

Senhor Deus dos desgraçados!/ Dizei-me vós, Senhor Deus!” (Castro Alves)

Ironia: é o recurso linguístico que consiste em afirmar o contrário do que se pensa.

Que pessoa educada! Entrou sem cumprimentar ninguém.

Referências bibliográficas:

TERRA, Ernani. Minigramática.São Paulo: Scipione, 2007.

ALMEIDA, Nílson Teixeira de. Gramática da Língua Portuguesa para concursos. São Paulo: Saraiva, 2009.

Texto originalmente publicado em https://www.infoescola.com/portugues/figuras-de-linguagem/





  1. Figuras de som



Por Leticia Gomes Montenegro

Mestre em Linguística, Letras e Artes (UERJ, 2014)
Graduada em Letras - Literatura e Língua Portuguesa (UFBA, 2007)

De acordo com a Nova Gramática do Português Contemporâneo, dos autores Celso Cunha e Lindley Cintra, compreende-se que toda distinção significativa entre duas palavras, tais como dia / tia, realizada por meio de oposição ou contraste entre dois sons demonstra que cada um desses sons representa uma unidade mental sonora diferente. Essa unidade da qual o som é a realização física recebe o nome de fonema. Dessa forma, os fonemas são sons elementares com traços de distinção que os falantes produzem quando, pela emissão da voz, exprimem seus pensamentos e emoções. Logo, o fonema é um fato acústico, uma realidade registrada pelos ouvidos. Os fonemas são representados pelas letras, que por sua vez são sinais escritos.

Vale lembrar que o ser humano é um ser que atua pela linguagem, e dela faz uso para criar e recriar mundos, assim, muitas vezes os falantes se utilizam de determinados jogos com os fonemas para representar situações, fatos ou emoções. Ou ainda para proporcionar uma sensação específica ao ouvinte. Em determinados momentos, as palavras não dão conta do sentido que os emissores pretendem atribuir, ou ainda podem usar alguns fonemas para causar efeitos de sentido através da sonoridade. É neste uso criativo da linguagem que surgem os vocábulos de sons expressivos, ou a expressividade sonora através da repetição ou alternância de uma ou mais letras. Isto é o que a gramática denomina de figuras de som.

Para a maior parte dos estudos de linguagem, são classificadas como figuras de som: Aliteração, Onomatopeia, assonância e paranomásia.

Veja a seguir alguns exemplos de figuras produzidas pela expressão dos sons no uso cotidiano da linguagem:

Imagine a situação em que uma enfermeira ao passar no corredor de um hospital encontra pessoas conversando em tom de voz alto, prontamente ela emite um som levando o dedo à boca:

- xiiiiiiiiii!

Esse som transmite a mensagem de pedido de silêncio. A onomatopeia é a reprodução do som que representa a coisa, o animal ou a mensagem que se quer transmitir.

Ou ainda quando uma criança muito pequena quer narrar uma história em que presenciou um acidente entre dois carros, geralmente ela emite o som, reproduz o som da batida, dessa forma o adulto é capaz de compreender que houve um impacto. “pow!!!!”

Considera-se, nesse sentido, que as figuras de som possuem uma função linguística comunicativa que vão além da parte poética, na qual (poesias e músicas) se valem da expressividade da língua como recurso estilístico. A figura de som, bem como outros tipos de figuras de linguagem, nos servem em contextos diversos para complementar o sentido da comunicação e torná-la efetiva entre os falantes.

Nas figuras de som classificadas conceitua-se da seguinte maneira:

A aliteração é a repetição de um fonema igual ou parecido que sugere sonoramente um pensamento ou uma emoção.

A onomatopeia é a figura de som que se organiza em uma sequência sonora conferindo o significado do objeto, animal ou fenômeno através da emissão dos fonemas que os representam. Por exemplo, para representar um cachorro é comum a criança fala: Olha o “au au”, papai.

A assonância é considerada uma figura de harmonia. Isto porque ela produz um efeito harmônico na frase elaborada pela repetição intencional dos sons das vogais, idênticos ou semelhantes, dentro do texto.

A paranomásia é um recurso estilístico definida pela relação da sonoridade entre as palavras. Usa-se palavras parônimas para produzir o efeito desejado e enfatizar a ideia expressada pelo emissor. As palavras parônimas caracterizam-se por suas grafias e pronúncias semelhantes, porém com significados diferentes.

Exemplo de palavras parônimas: cavaleiro /cavalheiro; delatar / dilatar; retificar / ratificar.

Bibliografia:

ILARI, Rodolfo. Introdução à Semântica – brincando com a gramática. 3. ed. – São Paulo: Contexto, 2002.

ILARI, Rodolfo. Introdução ao estudo do léxico – brincando com as palavras. – São Paulo: Contexto, 2002.

GARCIA, Maria Cecília. Minimanual compacto de gramática da língua portuguesa: teoria e prática – 1. ed. – São Paulo: Rideel, 2000.

CUNHA, Celso e CINTRA, Luís F. Lindley. Nova gramática do português contemporâneo. – 2. ed. Rio de Janeiro: Nova Fronteira.

BECHARA, Evanildo. Moderna gramática portuguesa. – 37. ed. rev., ampl. e atual. – Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2009.

HILST, Hilda. Cantares. – São Paulo: Globo: 2004. – (Obras reunidas de Hilda Hilst)

CAMARA JR., Joaquim Mattoso. Estrutura da língua portuguesa. Petrópolis: Editora Vozes. 1977.

ADICHIE, Chimamanda Ngozi. Para educar crianças feministas um manifesto. Tradução: Denise Bottmann. – 1ª ed. – São Paulo: Companhia das Letras, 2017.

Texto originalmente publicado em https://www.infoescola.com/portugues/figuras-de-som/

















    1. Acordo Ortográfico

    1. Acordo Ortográfico Descomplicado

    1. Ortografia (exercícios)

    1. Formação de Palavras (exercícios)

    1. Outros Artigos

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