Meus micro-contos 2021

MICRO-CONTOS de 2021




   Assisti a um vídeo do canal "Pipoca e Nanquim" sobre o lançamento de livro contendo uma coletânea de contos (Histórias Assustadoras Para Contar à Noite), no qual até o King estava incluído, e no qual ouvi falar - não pela primeira vez, mas me fez recordar - de micro-contos. Aí me deu uma vontade danada de fazer o meus. O porquê disso é muito simples: dei uma olhada na web, buscando alguns contos. Tem muitos por aí, sabe? E ao lê-los percebi que posso fazer melhor que isso. Então me propus, já que não consigo fazer um conto grande, como sempre quis, a fazer alguns.

"O conto mais curto da história: O último homem da terra estava escondido em uma casa, até ouvir alguém batendo à porta."

   Deixo abaixo minhas tentativas.



01 -    COISA DE CRIANÇA

   Marcos Aurélio é um garoto como outro qualquer. Brinca. Estuda. Reclama da vida. Brinca de novo. Reclama dos pais. Reclama da escola. Normal até aí. Mas, como qualquer ser humano, ele tem seu diferencial.

   É sabido demais. O tipo que adora aprontar uma e mente descaradamente para se safar.

  A exemplo disso, certa vez, ele roubou dinheiro de sua mãe ao dizer que comprou carne de boi no mercado local. Mas era mentira. Ele usou o dinheiro que sua mãe havia lhe dado comprar a citada carne para comprar uma entrada no circo que havia chegado à sua cidade.

   - E o que ele entregou a sua mãe dizendo que era carne?

   - Quer mesmo saber?

   - Sim.

   - Tem certeza?

   - Sim.

   - O.K., vou contar então.

   Marcos tinha uma amigo chamado João. Ele era um menino muito bonzinho, ao contrario de seu amigo. Mas que era igual aos demais garotos de sua idade - adora brincar. Sendo assim, seu amigo Marcos o convidou para ir brincarem no riacho ali perto da casa deles. Coisa que sempre faziam. João, então, não titubeou e foi com seu amigo brincar. 

   Foi mas nunca voltou de lá. O que voltou foi um pouco de carne numa sacola velha.

   Mas antes de voltar para casa, Marcos assistiu ao espetáculo circense sem sequer lembrar do amigo João. A sacola de carne ao lado.

   Ao chegar em casa, entregou a carne para sua mãe, que de nada desconfiou. Tendo ela a cozinhado e a servido de almoço e janta para a família.

   - E essa carne?, tá gostosa demais - disse o pai de Marcos - Delícia!

   - Verdade, jamais comi uma tão saborosa - concordou sua mãe.

   Dos três à mesa, apenas joão nada disse. Apenas comeu a carne normalmente.

   Assim ele pensava.

   E assim seria se fosse uma carne de boi normal, como outra qualquer.

   Mas era a carne de uma pobre criança boazinha. Filho amado de uma triste mãe. Inocente.

   Isso não passaria despercebido.

   A noite veio. Todos foram para suas camas. E, dos três daquela casa, apenas Marcos não conseguiu pegar no sono. Algo no escuro o perturbava. Algo o vigiava.

   Ele olhava para o teto quando ouviu uma forte batida à porta.

   A batida se repetiu três vezes. E, como não atenderam, na terceira algo entrou. Ele ouvia a porta ranger quando alguém entrava.

   Com medo, ele cobriu-se dos pés à cabeça. Mas a coisa continuava.

   - Eu sei onde você está, Marcos - disse uma voz arranhada, seca, como se tivesse terra na garganta.

   Ele sabia o que tinha entrado. Ele sabia quem era aquela coisa.

   - "João?" - pensou ele.

   O amigo bonzinho.

   Pelo menos ele era assim quanto estava vivo.

   Mas isso que estava subido agora as escadas não era seu amigo.

   Seu amigo estava morto embaixo de uma goiabeira próximo ao riacho.

    Ele o havia matado, tirado sua carne e o enterrado lá.

   "Mas ele não tinha sofrido", Marcos pensou. Quando ele tirou sua carne, ele já estava morto. Uma paulada certeira pelas costas fez um belo estrago.

   - Estou chegando, velho amigo.

    Marcos tremia, e tentava gritar, mas o medo não deixava. O que saia era um chiado sem nexo.

    - Calma, amigo, logo estarás comigo.

    O silêncio naquele momento era o pior. Marcos podia ouvir cada passo da coisa João vindo.

    Praft, praft e praft. Parou.

   A coisa estava à sua porta.

Toc, toc - fez-se ouvir as batidas na porta.

    - Deixe-me entrar, camarada - solicitou a boa criança quando viva João.

   - Não, vai embora! - conseguiu dizer baixinho Marcos.

   - Bora brincar, bora?

   - Não!

   - ...

   Toc, toc, toc.

   Vindo por cima do lençol, de um escuro quase total e de uma porta aberta com um forte solavanco a coisa entrou. O lençol voou longe. Ela tomou a criança para si. E foi embora.

   Nunca mais Marcos foi visto.

   Não nesta vida.

(Conto popular reescrito por Nodes em 06.07.21 - um dia antes da possível greve do dia 07)


   

02 - LEMBRANÇAS

   Assutada, Maria acordou seu marido e disse que tinha ouvido um barulho vindo da porta dos fundos. Ele se levantou e saiu correndo ver o que era. Mas Jonathan, seu marido, havia morrido cinco anos antes quando foi verificar um barulho à noite. Um assaltante atirou três vezes em seu peito.

   Ela acordou chorando.

(06.07.21 - um dia antes da possível greve do dia 07)



03 - CÃOZINHO BRINCALHÃO

   Toda vez que seu dono jogava um graveto ao longe, o cão ia buscar e o trazia de volta. Certa vez seu dono jogou um graveto num matagal, quando voltou ele trazia em sua boca um dedo humano ainda sangrando.


04 - Por quê?

   - Por que vocês está me matando?

(06.07.21 - um dia antes da possível greve do dia 07)



05 - O conto mais curto da história.

O último homem da terra estava escondido em uma casa, até ouvir alguém batendo à porta.

(Autor desconhecido, achado na web afora)



06 - 











Postagens mais visitadas